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Tricampeão, ídolo de Medina e ataque de tubarão; Mick Fanning volta à WSL

Gabriel Medina e Mick Fanning - Kelly Cestari/World Surf League via Getty Images
Gabriel Medina e Mick Fanning Imagem: Kelly Cestari/World Surf League via Getty Images

Colunista do UOL

30/03/2022 00h17

Wayne 'Rabbit' Bartholomew, Mark Richards, Tom Carroll, Damien Hardman, Gary Elkerton, Barton Lynch. Nomes que dominavam a cena nas décadas de 1970 e 1980.

Na 'Era Pré-Kelly Salter', quando a Austrália tomava conta e faturava a maioria das competições.

Quando o então cabeludo da Flórida surgiu, no começo dos 90, o circuito mundial tomou um outro rumo.

E poucos foram capazes de rivalizar e vencer o maior surfista de todos os tempos.

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Mick Fanning (Austrália)
Imagem: WSL

Mick Fanning foi um deles. O principal responsável por manter a Austrália entre os tops.

Não por acaso sempre foi um dos ídolos de Gabriel Medina... que anos depois virou amigo e companheiro de patrocinador.

Michael Eugene Fanning nasceu em Penrith, em New South Wales, estado onde a maior parte das famílias vivem lado a lado com o surfe.

Com ele não foi diferente. Rapidamente se conectou com as ondas... e se destacou.

Cresceu e fez parte de uma geração que marcou época, ao lado de caras como Joel Parkinson e Dean Morrison.

O sucesso no tour veio rápido.

Estreou na elite em 1999. Mas foi em 2001, com as manobras rápidas e precisas, que ele arregalou os olhos de especialistas e adversários, ao vencer a etapa de Bells Beach, em um dos palcos mais tradicionais do mundo.

Nascia uma conexão perfeita, uma longa história de amor, da qual escrevo logo mais.

O fato é que o time 'aussie', encontrava o cara ideal para liderar o país.

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Mick Fanning, tricampeão mundial
Imagem: WSL

Nos anos seguintes, Mick passou a frequentar os pódios.

Colocando a bandeira australiana no meio da havaiana de Anfy Irons, e a americana, sempre liderada por Kelly Slater.

2007 e 2009 foram de Fanning. Um bicampeonato merecido e muito celebrado.

Só que viria muito mais.

###Atenção: Alerta de grandes histórias!!!!

Hora de voltar à deliciosa direita de Bells.

Depois daquela vitória histórica de 2001, Fanning teve que esperar um pouco, mas badalou o sino mais famoso do esporte outras 3 vezes.

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Mick Fanning comemora uma de suas 4 vitórias em Bells Beach
Imagem: WSL

Em 2012, a decisão foi épica contra Kelly Slater, que havia acabado de conquistar o 11º mundial.

Nem uma nota 10 fez KS segurar o White Lightning. Com apenas 3 ondas surfadas, Mick derrubou o cara que já estava careca de levantar troféus.

Em 2013 ele não venceu o Rip Curl Pro Bells, mas a regularidade que marcou toda a carreira lhe garantiu o tri mundial.

E o sino nunca saiu do radar.

2014: lá estava o cara de novo na final. Desta vez, em um duelo 100% local... Taj Burrow não foi páreo.

Em 2015 veio o tetra. A vítima foi o brasileiro Adriano de Souza, que tentava o bi por lá. Só que Mineirinho não perdeu... acredite. Houve empate na soma das duas notas (15,27) e o caneco foi para o australiano no critério de desempate.

Tudo bem. O troco verde e amarelo veio logo... em mais um capítulo especial na história Fanning/Bells.

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Mick Fanning ao lado de Italo Ferreira após a decisão de 2018 em Bells Beach
Imagem: WSL

Depois de quase duas décadas, o mestre resolveu "pendurar as pranchas".

E não foi surpresa quando anunciou que a despedida das competições seria em uma de suas ondas favoritas.

Ou seja... em 2018... estava tudo pronto para Mick Fanning deixar o tour da World Surf League com festa, tocando o sino de Bells para se tornar o único pentacampeão da etapa.

Mas... pouca gente contava com o backside preciso e agressivo de Italo Ferreira.

O potiguar foi derrubando um a um... Michael Rodrigues, Filipe Toledo, Ezekiel Lau e Gabriel Medina... para encontrar justamente Mick Fanning... numa decisão... digamos preparada.

Era a 1ª final de Italo na elite. E ele não estava nem aí. Com uma atuação de gala triturou o que apareceu pela frente.

E só desligou o motor para soltar a emoção e o choro ainda dentro da água, nos ombros do craque que já não era mais adversário e voltava para o posto de ídolo.

Momentos que talvez você não conhecesse.

Só que outro capítulo da vitoriosa jornada de MF, com certeza... vai lembrar.

Esse aí da foto abaixo.

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Mick Fanning escapa de tubarão durante etapa da África do Sul
Imagem: Divulgação / WSL

Foi a cena mais assustadora de um evento do campeonato mundial.

Para quem estava na praia... ou vendo ao vivo a distância.

Durante a final do J-Bay Open, na gelada e clássica Jeffreys Bay, Mick foi atacado por um tubarão branco.

Rápido e guerreiro, o australiano conseguiu lutar contra o 'dono do pico'... e nadou para se livrar da morte.

Com todos em choque e quase sem ar... principalmente ele... a competição foi encerrada.

O título e a premiação foram divididos com o amigo e compatriota Julian Wilson.

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Mick Fanning, tricampeão mundial
Imagem: WSL

Por tudo isso, Mick Fanning não fez a história... é a história... que teima em não acabar.

Sempre por perto, não é raro rolar convite para vestir a lycra de atleta. Ainda mais quando a turma desembarca na casa dele.

Ano passado, ele curtiu um brilhareco em North Narrabeen. Mas agora, a oportunidade é bem mais legal

"Bells é o convite que eu realmente queria. Estou muito animado. Eu realmente gosto da onda em Bells. A velocidade, a parede aberta e o fato de ser um point break de direita. Eu amo tudo que vem com Bells, a história, os penhascos, a reunião de todos no estacionamento. É tão incrível. É algo que vive no meu coração."

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Mick Fanning, sempre com o olhar no lugar certo
Imagem: WSL

Pois é. Em 2022, Bells Beach terá o prazer de recebê-lo novamente.

E a gente, o privilégio de curtir as perfeitas linhas desenhadas caprichosamente por ele.

No retorno, Mick vai estrear diante de dois brasileiros, Filipe Toledo (vice mundial em 2021 e atual nº 4 do ranking) e Samuel Pupo.

Confira todos os confrontos da 1ª fase da etapa australiana:
heat 1: Seth Moniz (HAW), Callum Robson (AUS), Ryan Callinan (AUS)
heat 2: Italo Ferreira, Ezekiel Lau (HAW), Imaikalani deVault (HAW)
heat 3: Kelly Slater (EUA), Nat Young (EUA), Owen Wright (AUS)
heat 4: Griffin Colapinto (EUA), Leonardo Fioravanti (ITA), Mikey Wright (AUS)
heat 5: Filipe Toledo, Samuel Pupo, Mick Fanning (AUS)
heat 6: Kanoa Igarashi (JPN), Lucca Mesinas (PER), TBD
heat 7: Jordy Smith (ZAF), Frederico Morais (PRT), Matthew McGillivray (ZAF)
heat 8: John Florence (HAW), Connor O'Leary (AUS), Jackson Baker (AUS)
heat 9: Conner Coffin (EUA), Caio Ibelli, João 'Chumbinho' Chianca
heat 10: Kolohe Andino (EUA), Jack Robinson (AUS), Jadson André
heat 11: Miguel Pupo, Jake Marshall (EUA), Deivid Silva
heat 12: Barron Mamiya (HAW), Ethan Ewing (AUS), Morgan Cibilic (AUS)

A janela do Rip Curl Pro vai de 10 a 20 de abril

por @thiago_blum / @surf360_