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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Romero mudou. Entenda como pode ser útil ao Corinthians

Colunista do UOL

21/12/2022 04h00

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Um dos jogadores mais citados pela Fiel Torcida nos últimos anos está de volta ao Timão. O paraguaio Ángel Romero assinou contrato por duas temporadas após uma passagem apagada pelo futebol mexicano. Com 30 anos, ele transformou algumas características de seu jogo desde que deixou o Corinthians em 2018. É necessário compreender.

Antes de mais nada é preciso frisar algo que prejudicou a passagem do jogador pelo Cruz Azul. Ficou em litígio com o San Lorenzo no final de 2021 e passou três meses sem entrar em campo antes de rumar para o México. Isso certamente atrasou sua adaptação e desenvolvimento na América do Norte, mas a última temporada no time argentino já havia sido de muitas oscilações.

Ao contrário de 2019/2020, quando foi bem no San Lorenzo, o 2021 foi marcado por altos e baixos de desempenho. A melhor fase foi vivida entre abril e maio, quando teve uma sequência de sete jogos como titular, fez quatro gols e deu uma assistência. Depois disso caiu junto com o time. Jogou muitas vezes pelo lado esquerdo, o seu preferido, mas também formou uma dupla de ataque e atuou pela direita.

No clube mexicano, nunca chegou a se firmar e não teve sequência em nenhuma posição específica. Jogou de meia, atacante pelos dois lados, e numa dupla de frente. Foi titular em basicamente metade dos jogos em que foi utilizado. A exemplo do 2021 no San Lorenzo, marcou cinco gols e deu quatro assistências, mas desta vez em 39 partidas disputadas. Discreto, apesar de ter chegado nas quartas de final da liga local.

01 - Fonte: Instat - Fonte: Instat
Os número de Romero nas últimas duas temporadas e o mapa de calor em 2022. Muito mais trânsito por outras faixas do campo
Imagem: Fonte: Instat

Dois traços marcantes da personalidade de Romero seguem com ele. O oportunismo e a personalidade. O primeiro ponto já havia aparecido na reta final dele de Corinthians. Chegou a ser utilizado algumas vezes como o ''9'' do time, algo que pode funcionar em situações pontuais, mas que não é exatamente a melhor função neste momento.

O segundo é inerente ao seu estilo. Sempre ''chama o jogo'' e tenta as jogadas. Por isso chegou a irritar tanto durante um período no Brasil. Como não é um jogador tão refinado tecnicamente, acabava cometendo muitos erros por precipitação e imprecisão. Isso mudou. Hoje escolhe melhor as jogadas e evoluiu no controle de bola, na qualidade dos passes e das finalizações.

Em resumo, a intensidade empregada nas ações com e sem a bola caiu. Algo que o impede ser aquele ''ponta trabalhador'' que marcou época no título brasileiro de 2017. Não faz mais a recomposição com tanto afinco, e não tem a mesma potência em contragolpes. Cresceu o poder de articulação, de jogo ''curto''. Por isso a forma de utilizá-lo terá que ser diferente.

Fernando Lázaro obviamente sabe disso. Não se contrata mais jogador hoje sem entender o momento dele. Não que seja impossível Romero como ponta, mas ele está muito mais próximo do que Róger Guedes contribui defensivamente. Pouco. Pode se mobilizar em determinados jogos, mas não manterá uma regularidade defensiva de alto nível em partidas de maior exigência.

Entrega menos do que Yuri Alberto e Róger ofensivamente, por isso é muito provável que seja uma opção no banco de reservas para o centro do ataque ou até para a meia-central, a depender do esquema tático utilizado pelo Corinthians.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL