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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Tite não merece execração, mas sai menor do que entrou na Seleção

Colunista do UOL

12/12/2022 04h00

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Em junho de 2016 não havia muitas dúvidas. De forma basicamente unânime, a contratação de Tite para treinar o Brasil teve grande aceitação da opinião pública. Era o melhor técnico nacional. Fazia um trabalho muito bom no Corinthians e mostrava evolução na forma de jogar de suas equipes. Seis anos depois e duas eliminações traumáticas, porém, mudaram o status do profissional perante o mercado.

Tite não fez um trabalho ruim na seleção brasileira. Pelo contrário. Cometeu erros nas duas Copas, mas o balanço geral de formação de time, renovação de elenco e variações táticas, por mais que esta última não tivesse sido utilizada no jogo derradeiro da Copa de 2022, não é negativo.

A relação com Neymar é algo que também merece nota. Evitou entrar em rota de colisão com o principal jogador do time em episódios que poderia ter tido uma voz mais firme e ativa. Sempre optou por criar um ambiente totalmente confortável para o camisa 10, algo que não está errado na teoria, mas mostrou-se exagerado e às vezes prejudicial para a hierarquia na prática.

O principal pecado do treinador na seleção foi a hesitação na hora de tomar decisões que poderiam ter mudado o rumo do time nos dois Mundiais. Em 2018 demorou a trocar titulares que não faziam uma boa Copa por reservas que pediam passagem. Em 2022 não agiu para neutralizar a superioridade croata no setor de meio-campo.

01 - Alex Pantling/Getty Images - Alex Pantling/Getty Images
Tite cumprimenta Neymar após substituí-lo na vitória do Brasil sobre a Coreia do Sul
Imagem: Alex Pantling/Getty Images

Não se trata aqui de indicar o agora ex-técnico da seleção brasileira como o principal culpado pelas duas eliminações. Decisões erradas dos jogadores dentro de campo também precisam ser colocadas na conta. Mas a ''fraquejada'' dada nas duas Copas do Mundo não o eleva ao patamar que se imaginava pós-saída do Brasil.

Ele nunca escondeu que gostaria de seguir a carreira fora do país. Em algum clube de importante liga europeia. Não é impossível conseguir. Tem mais potencial do que vários treinadores que estão nesse contexto hoje, mas certamente não receberá o tipo de oportunidade que surgiria caso a seleção tivesse jogado melhor as duas últimas Copas.

Ser campeão ou não é impossível de controlar, e um trabalho não pode ser julgado só por isso, mas é inegável que o Brasil esteve abaixo das expectativas criadas pelas boas ações dentro de cada ciclo. E isso pesa na hora de avaliar o treinador. Também é necessário saber como reagirá nos próximos meses a mais uma decepção.

Provavelmente Tite segue sendo o técnico brasileiro mais bem preparado do momento, o que nos traz reflexões profundas e necessárias sobre o nível geral dos profissionais daqui em relação a outros centros. Mas não dará o salto que imaginava na carreira.

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