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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Diferença de nível entre os goleiros definiu o clássico em Brasília

Colunista do UOL

08/05/2022 13h13

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Não se trata de cravar definitivamente. Hugo é um goleiro de 23 anos, vive sua terceira temporada como profissional e pode evoluir a ponto de ser o arqueiro do Flamengo. Ficou claro, porém, maais uma vez, que esse momento ainda não chegou. A exemplo de outras partidas importantes, deixou a desejar ao sofreu o gol que decidiu o jogo em lance totalmente defensável. O rubro-negro teve outros problemas, mas foi superior ao Botafogo, que contou com pelo menos quatro grandes defesas de Gatito para vencer o maior rival depois de mais de três anos.

Sem Santos, Paulo Sousa escalou Hugo novamente na meta rubro-negra. Matheuzinho também seguiu fora e Isla permaneceu na direita. Pablo e Rodrigo Caio, ainda longe da forma ideal, começaram no banco. Willian Arão mais uma vez foi zagueiro ao lado de David Luiz. Andreas Pereira e Thiago Maia foi a dupla de volantes escolhida. João Gomes ficou no banco. No Botafogo, Luís Castro promoveu a entrada de Tchê Tchê. Kanu voltou ao time, fez dupla de zaga com Cuesta. Carli, Barreto e Philipe Sampaio foram desfalques.

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Como Flamengo e Botafogo iniciaram a partida válida pela 5ª rodada do Brasileirão no Mané Garrincha
Imagem: Rodrigo Coutinho

Mesmo sem tantas chances reais de gol, Flamengo e Botafogo fizeram um 1º tempo agradável e movimentado na ensolarada manhã de Brasília. As duas equipes buscaram o domínio das ações a partir da posse de bola e foram intensas no momento defensivo. O Flamengo saiu-se melhor. Chegou a ter um gol bem anulado e Luís Castro precisou fazer uma mexida para dar mais competitividade aos seus comandados.

O Glorioso conseguiu equilibrar as ações nos 15 minutos iniciais. Diante da boa e intensa marcação do Mais Querido no campo de ataque, insistia em saídas com passes curtos e aproximações, principalmente pela esquerda com Daniel Borges e Victor Sá. Não conseguia, porém, chegar ao terço final com volume, e Erison acabava sendo dominado por Willian Arão e David Luiz.

Já o Flamengo pecava apenas nas transições defensivas. No restante era dominante. Ocupou muito bem os espaços com Isla e Bruno Henrique abertos e espetados, ''alargava'' a linha de defesa do Botafogo, e liberava alguns espaços por dentro, entre as linhas, com as aproximações de Gabigol, Arrascaeta, Everton Ribeiro, Andreas e Thiago Maia. Faltou um pouco mais de precisão nos passes finais para criar com frequência.

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Bruno Henrique foi o melhor em campo no 1º tempo
Imagem: Mateus Bonomi/AGIF

A dupla de zaga alvinegra também esteve bem. Cuesta chegou a salvar uma finalização de Gabigol quase em cima da linha. Kanu fez intervenções precisas em lances capitais. Gatito foi outro a garantir o empate parcial. Fez boas defesas em finalizações de Willian Arão, que ainda tocaria na trave, e de Bruno Henrique. O camisa 27 rubro-negro foi o ponto de desequilíbrio. ''Bagunçou'' Saravia, que recebeu cartão amarelo e por pouco não foi expulso.

O jogo voltou a ficar mais aberto nos últimos dez minutos antes do intervalo. Com os times mais cansados em virtude do calor, o Botafogo encontrou espaço para um contra-ataque perigoso com Erison. Hugo botou para escanteio. Victor Sá, que passou a atuar pelo lado direito com a entrada de Diego Gonçalves no lugar do pouco competitivo Gustavo Sauer, também fez duas boas jogadas pelo setor.

O Flamengo perdeu mais um jogador por lesão ao longo da 1ª etapa. Filipe Luís saiu e deu lugar a Ayrton Lucas. A entrada do ex-lateral do Fluminense alterou um pouco a dinâmica de movimentação e ocupação de espaços do time. Não havia mais a ''saída de três'' com o lateral alinhado aos zagueiros. Ayrton é agressivo pelos flancos, e teve mais liberdade do que Filipe por ali.

Os espaços seguiram na 2ª etapa e o placar se movimentou logo no início. Arrascaeta bateu uma falta perigosa aos cinco minutos, mas logo na sequência o Botafogo abriu o placar. Cuesta fez um lançamento para Diego Gonçalves pela esquerda, superando uma ''pressão alta'' do Flamengo, ele tentou o passe para Erison, Arão cortou mal e o centroavante limpou a marcação de David Luiz para bater forte. Hugo estava na bola, mas espalmou para dentro da meta.

O gol desestabilizou o rubro-negro por alguns instantes e Tchê Tchê quase marcou o segundo em assistência de Victor Sá. O Flamengo aos poucos foi retomando o domínio e produziu novas chances. Bruno Henrique recebeu em ataque pela esquerda e chutou forte para a boa defesa de Gatito. Arrascaeta, Gabigol, Everton Ribeiro e Rodinei também assustaram com finalizações da entrada da área e os contra-ataques do Botafogo se tornaram menos frequentes.

Lázaro, que entrara um pouco antes, foi mais um a esbarrar em Gatito. Aos 34' e aos 42' fez belas jogadas da esquerda em direção a área e finalizou buscando os cantos. Gatito caiu e espalmou. A dobradinha Cuesta-Diego Gonçalves aproveitou mais uma brecha dada pelo rubro-negro em sua defesa para entrar em ação de novo na reta final da partida. O zagueiro serviu o atacante dentro da área, ele limpou a marcação e bateu forte no canto esquerdo. Hugo, desta vez sim, fez grande defesa.

Arrascaeta e David Luiz, duas vezes, ainda perderam ótimas oportunidades. Mais duas defesas de Gatito! O Flamengo terminará a rodada perto da zona de rebaixamento. Novamente teve problemas defensivos, mas fez um jogo melhor que os dois últimos. O problema é a irregularidade que inutiliza qualquer possibilidade de superar o cenário de pressão externa pelo retorno de Jorge Jesus e a demissão de Paulo Sousa. O Botafogo mostrou que está em franca evolução.