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Rodrigo Coutinho

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coutinho: Em noite de recorde de Abel, Palmeiras confirma superioridade

Colunista do UOL

02/03/2022 23h20

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Prestes a completar 16 meses no comando do Palmeiras, Abel Ferreira chegou a uma marca histórica na noite desta quarta-feira. Ao ver sua equipe bater o Athlético por 2x0 e levantar a Recopa Sul-Americana, o português se tornou o técnico com mais conquistas internacionais na trajetória palestrina. Com duas Libertadores e uma Recopa, ultrapassou Luiz Felipe Scolari, que ganhou uma Libertadores e uma Copa Mercosul nos anos 90. O alviverde foi superior. Confira de que forma isso aconteceu.

Gabriel Veron foi a novidade na escalação do Palmeiras. Raphael Veiga voltou a jogar no meio-campo. Veron entrou pela esquerda, Dudu atuou pela direita, e Rony foi o centroavante. Jaílson deixou a equipe. No Furacão, Alberto Valentim repetiu a escalação do 1º jogo, com exceção de Marcinho, que foi dispensado pelo clube. Khellven entrou bem na lateral-direita.

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Como as equipes iniciaram o jogo
Imagem: Rodrigo Coutinho

A ótima dupla de zaga do Furacão foi a principal responsável pelo placar em branco na etapa inicial. Thiago Heleno é um dos principais defensores do país na arte de proteger a área, e Pedro Henrique cresceu bastante nesse aspecto. Eles neutralizaram diversos cruzamentos rasteiros, principalmente oriundos dos pés de Gabriel Veron e Dudu, que conseguiram boas jogadas pelos flancos. Faltava mais precisão no passe final ou um jogador de maior imposição na área. Rony era anulado.

Com Marcos Rocha mais preso em relação a Piquerez, Dudu sempre recebia bem aberto pela direita, e contava com ultrapassagens ou aproximações de Raphael Veiga. O próprio Rocha chegou ao ataque em alguns momentos, e o camisa 7 tinha companhia para tabelar, ou alguém para puxar a ''dobra'' de marcação, e liberar espaço para suas jogadas individuais.

No lado esquerdo, Piquerez foi mais agudo, por vezes fazia com que Veron entrasse em diagonal na direção da área, mas o camisa 27 também recebeu algumas bolas aberto pelo flanco, e conseguiu boas jogadas. O alviverde foi muito pautado em gerar essas situações aos pontas. Circulou a bola rapidamente e se mexeu com intensidade, mas terminou as jogadas de maneira imprecisa.

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Rony no chão após perder mais um duelo para Thiago Heleno
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Outro mérito do Palmeiras em grande parte do 1º tempo foi fazer boas transições defensivas. Até os 30 minutos o Furacão não havia encaixado nenhum ataque rápido de perigo. Conseguiu na reta final da etapa inicial com Khellven e Hugo Moura, mas passou muitos minutos sem causar danos à defesa alviverde.

Quando entrava em fase ofensiva, buscava desacelerar. Arrefecer a pressão palestrina com a bola no pé. Repetiu a estratégia de aglomerar jogadores na faixa central, formando linhas de passe entre Hugo Moura, Cittadini, Terans, Matheus Fernandes e Erick, deixando os lados do campo para que os laterais ocupassem, mas foi pouco agressivo assim.

O Palmeiras iniciou o 2º tempo da mesma forma que começou o jogo. Ímpeto ofensivo muito forte e a busca das jogadas pelos flancos com os pontas. Desta vez com Wesley no lado esquerdo. Numa jogada que começou com o camisa 11, conseguiu uma falta na entrada da área. Se estava difícil dentro dela, nada melhor que uma excelente cobrança de Zé Rafael para abrir o placar aos quatro minutos.

Atrás no placar, restou ao Furacão ser mais incisivo com a bola em busca do empate, mas a equipe não conseguiu ter tanta contundência. Marlos, que entrou no lugar de Cittadini, arriscou um bom chute da entrada da área aos 29', mas por cima da meta de Weverton. Quatro minutos depois o goleiro precisou trabalhar em cabeçada de Erick e Marcos Rocha afastou na sequência.

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Abel Ferreira e Zé Rafael comemoram gol do Palmeiras contra o Athletico-PR na Recopa
Imagem: ANDERSON LIRA/FRAMEPHOTO/FRAMEPHOTO/ESTADÃO CONTEÚDO

Da forma que se sente mais a vontade, o Verdão marcou com eficiência e explorou os espaços deixados pelo rubro-negro. Teve algumas situações de superioridade, mas pecou na escolha dos passes finais ou nos arremates. No fim, Atuesta roubou uma bola na saída do Athlético e rolou para Danilo marcar. Grande atuação do camisa 28 palmeirense.

Abel Ferreira certamente não é o treinador dos sonhos da ala romântica da imprensa brasileira. Merece ser questionado por sua equipe não ter uma variação maior de jogadas diante de adversários mais fechados, como foi o Furacão.

Uma coisa, porém, não lhe falta: o chamado repertório. O Palmeiras superou rivais mais fortes ou mais frágeis tecnicamente em diferentes cenários desde novembro de 2020. Passou por frustrações, mas alcançou os principais objetivos. O técnico português é um dos maiores da história do clube!