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Rodrigo Coutinho

REPORTAGEM

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Coordenador da Chape: ''Teremos a menor folha salarial da Série A''

Colunista do UOL

08/03/2021 10h19

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Com ótima campanha na Série B 2020, a Chapecoense garantiu o título e voltou a elite do futebol brasileiro. Falei sobre a organização e o modelo de jogo aqui no blog no final do ano passado. Nesta temporada, o desafio do clube, que terá a menor folha salarial da competição, é se manter na Série A, mas ao mesmo tempo sonha com uma vaga na Copa Sul-Americana de 2022, como afirma o coordenador de futebol André Martins.

Ele assumiu o cargo há um ano traz a expertise de anos trabalhando como scout e analista de mercado. Antes da Chape, passou por Lille, Athletico Paranaense e Avaí. Foi peça importante na montagem do elenco da última temporada e tem um desafio ainda maior agora.

1 - No que tange a receita para pagamentos de salários e contratações, o acesso para a Série A impactou em quantos por cento o aumento do potencial de investimento para 2021? Há uma grande diferença em relação a temporada passada?

AM: Mesmo com o acesso e o aumento da receita, eu diria que teremos a menor folha salarial da Série A. Herdamos uma grande dívida de gestões passadas e estamos botando as finanças em ordem, tentando montar uma equipe competitiva como foi na temporada 2020

2 - O planejamento do clube para a Série A 2021 é prioritariamente se manter na elite ou há margem para buscar coisas maiores, como a Copa Sul-Americana, por exemplo?

AM: Pretendemos fazer uma Série A equilibrada, correndo o menor risco possível e consequentemente buscar de novo uma vaga na Sul-Americana, que é uma competição muito importante na história do clube.

3 - O time perdeu três titulares do time-base do ótimo 2020, como está sendo a estratégia de reposição? A prioridade é trazer atletas de características próximas aos que saíram ou jogadores com rodagem na Série A?

AM: Num primeiro momento, em virtude da extensão da Série A 2020 em comparação com a Série B, buscamos no mercado jovens formados em grandes clubes e que já jogaram a primeira divisão. O mercado está muito movimentado e a concorrência é gigante. Clubes, atletas e empresários esperam o máximo para tomar uma decisão aguardando a melhor proposta. Não podemos errar nas reposições. Corremos contra o tempo, mas não vamos fazer loucuras em relação a parte financeira. Temos uma responsabilidade orçamentária e não vamos fugir disso. O atleta tem que querer jogar na Chapecoense, atuar em mais de uma função, ter boa técnica, ser resiliente e competitivo, que é o que a competição exige.

4 - Você fez um bom trabalho de montagem do plantel na temporada passada, quando estava no Lille conseguiu levar muitos atletas que foram bem-sucedidos lá. Como trabalha na captação de novos jogadores para a Chapecoense em 2021? Buscar atletas com pouco espaço em grandes clubes é a melhor opção?

AM: Nos outros clubes que eu trabalhei, exercia uma função diferente. No Lille, era scout e analista de mercado. Na Chape, sou coordenador de futebol. Nós não temos a figura do executivo. É um departamento enxuto. São três pessoas, mas o presidente, devido ao banco de dados, o bom relacionamento com scouts e dirigentes de outros clubes brasileiros e do exterior, eu, juntamente com o Mano dal Piva, vice-presidente de futebol, e o Neto, superintendente, que também têm boa entrada com os clubes, identificamos junto com a comissão técnica e nossos analistas, os atletas que se encaixam no modelo de jogo e saímos para o mercado.

01 - Mario Cunha / ACF - Mario Cunha / ACF
André Martins é coordenador de futebol da Chapecoense desde março de 2020
Imagem: Mario Cunha / ACF

5 - O desastre de novembro de 2016 ainda causa efeitos financeiros no clube? Se sim, qual é o real impacto até hoje?

AM: O clube fez acordo com as famílias. Esse foi um compromisso que o nosso falecido presidente Paulo Magro assumiu e que o atual presidente continuará honrado. A diretoria executiva sempre foi muito transparente e deixou muito claro para nós, do departamento de futebol, que parte da receita do clube seria destinada para esse fim. Tudo fica bem nítido no portal da transparência, no site do clube, que o torcedor pode acessar diretamente.

6 - Como será o planejamento junto a comissão técnica para superar o desgaste físico da temporada apertada que se inicia agora?

AM: Desde que garantimos o acesso, começamos a planejar o ano de 2021. Sabíamos que alguns atletas sairiam e que no início teríamos uma equipe alternativa, com jogadores oriundos da base e outros que tiveram menos minutos em campo na Série B. Teríamos que poupar aqueles que necessitam de um período maior de preparação devido ao tempo curto de descanso. Foram apenas 10 dias de folga.

7 - Recentemente o técnico Umberto Louzer reclamou publicamente sobre a saída de alguns atletas e o planejamento para o início do Estadual. Como você trabalha para aparar internamente essas arestas e o ambiente não ser afetado?

AM: Todos nós queremos o melhor para o clube. Atletas, estratégia e resultado. Somos competitivos, queremos ganhar, e o mercado nos exige isso. Quando o Umberto externou a insatisfação, houve uma reunião de todo o departamento de futebol com ele para que pudéssemos resolver internamente, como aconteceu. Foi uma conversa de olho no olho e transparência. O fato de sermos só três no departamento de futebol facilita a tomada de decisão pensando no melhor para o clube

8 - Em 2020 a Chapecoense teve muita organização defensiva, mas também sabia propor o jogo, encontrar espaços contra defesas fechadas. Esse modelo será repetido na Série A ou a opção por um estilo mais reativo é a realidade mais indicada? Isso é definido em conjunto com a comissão técnica ou o treinador tem total autonomia para decidir?

AM: Como disse anteriormente, o departamento de futebol define com a comissão os atletas que queremos trazer para o clube. Agora... O modelo, a escalação e a estratégia utilizada, a comissão técnica tem total autonomia para decidir durante a semana.