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Rodrigo Coutinho

Os detalhes do dia em que Diego virou deus

Colunista do UOL

26/11/2020 04h00Atualizada em 26/11/2020 12h26

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Era um domingo de junho ensolarado na Cidade do México. As quase 115 mil pessoas presentes no Estádio Azteca, e as bilhões assistindo pela TV, sabiam de quem aguardar algo diferente. Ele atendeu a expectativa. Mais do que um craque, o dono daquela Copa do Mundo de 1986. Diego Armando Maradona ali se transformava em Deus! Um ser mítico! O ''vingador'' do massacre sofrido pelos argentinos diante dos ingleses na Guerra das Malvinas, ocorrida quatro anos antes.

Mais do que a ''Mão de Deus'' e a regência da torcida "albiceleste" com a bola ainda rolando, aquele confronto pela quartas de final do Mundial do México, além de dar aos argentinos a vaga nas semifinais no torneio que venceriam, fez de Maradona um personagem que transcende o esporte para o país sul-americano. Nas linhas abaixo uma singela homenagem do blog. Um detalhamento estatístico, técnico e tático do desempenho de ''El Pibe'' no duelo.

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Os números de Maradona contra a Inglaterra em 1986
Imagem: Rodrigo Coutinho

O gol marcado com a mão foi apenas um dos 189 toques na bola dados pelo camisa 10 naquela partida. Entre eles, muitas conduções em velocidade, com a bola grudada no pé, uma marca de seu futebol, e principal fonte criativa de uma Argentina que foi muito forte no contra-ataque naquele jogo.

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Como a Argentina de 1986 jogou contra a Inglaterra
Imagem: Rodrigo Coutinho

Maradona atuava como um ''segundo atacante''. Era o companheiro de frente de Valdano, um jogador com características mais ''finalizadoras'', mas que acabava voltando mais que o craque quando a Argentina defendia. Tudo em nome da liberdade para Maradona receber a bola assim que a seleção treinada por Carlos Bilardo recuperasse a posse. Ele era o alvo. Recebia, conduzia, driblava, como fez no lendário segundo gol, e tentou repetir várias vezes antes dos nove minutos do 2º tempo.

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Maradona iniciando um contra-ataque para a Argentina. Fazia isso seguidamente com conduções de bola em velocidade
Imagem: Rodrigo Coutinho

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No momento defensivo, Maradona basicamente não participava. Aguardava a roubada de bola como homem mais avançado
Imagem: Rodrigo Coutinho

O potencial criativo da Argentina girava em torno de Maradona. Sempre procurando a região da bola, tinha total liberdade de movimentação. Em fase ofensiva, quase não buscava movimentos de profundidade, voltava alguns metros para articular, e esperava o posicionamento dos companheiros mais a frente para tentar as tabelas e finalizar. Foi caçado! Recebeu nada menos que sete faltas, mas aplicou 13 dribles e perdeu outras sete bolas ao levar o seu individualismo a toda prova.

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Maradona recuava em ataques de fase ofensiva para armar o jogo. Depois buscava tabelas com os companheiros
Imagem: Rodrigo Coutinho

A agressividade de ''El Pibe'' fica nítida pelo número de finalizações tentadas. Foram sete ao todo, mais que a metade de toda a seleção argentina naquela partida. Cobrou faltas, escanteios. Foi, como de praxe, o dono de um time pensado para ele por Bilardo. Burruchaga, Enrique, Brown, Ruggeri, Cuciuffo e Olarticoechea foram ótimos coadjuvantes para o brilho de Diego, mas todos sabiam a quem procurar nos momentos de roubada de bola ou de ataques mais pausados no campo ofensivo.

Rever o jogo contra a Inglaterra pela Copa de 1986 deveria ser o único exercício obrigatório de futebol nesta quarta-feira de luto no esporte. Grato por tanto, Diego!