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Rodolfo Rodrigues

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Punir gritos homofóbicos não significa que o futebol está chato

Torcida do Corinthians lota a Neo Química Arena para o clássico contra o São Paulo - Marcello Zambrana/AGIF
Torcida do Corinthians lota a Neo Química Arena para o clássico contra o São Paulo Imagem: Marcello Zambrana/AGIF

Colunista do UOL

23/05/2022 18h22

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Nesse último final de semana, torcedores do Corinthians voltaram a entoar cantos homofóbicos contra o São Paulo e seus torcedores, pejorativamente chamados de homossexuais por termos como bichas, bicharadas, bambis e outros mais. "Vai pra cima delas Timão, da bicharada" e "Vamos! Vamos, Corinthians! Que dessas bichas, teremos que ganhar", foram dois dos gritos, que sempre foram comuns nos estádios.

Nesta segunda-feira (23), o STJD denunciou o Cruzeiro por cânticos discriminatórios na partida contra o Grêmio. Mas o tricolor gaúcho também corre o risco de ser punido pelo mesmo motivo. Do lado cruzeirense, o grito era ""Arerê, Gaúcho dá o c* e fala tchê". Já os gremistas entoaram "Maria joga vôlei".

Ao mesmo tempo em que vários clubes brasileiros tentam combater o racismo contra jogadores e torcedores aqui no país e na América do Sul, o luta contra a homofobia deveria seguir o mesmo caminho. Na última semana, no dia 17 de maio, os clubes chegaram a postar em suas redes sociais mensagens de apoio no Dia Internacional do Combate à Homofobia. Porém, alguns clubes, como Corinthians e Palmeiras, chamaram mais a atenção por não usarem algumas as cores da bandeira (arco-íris) nas mensagens, deixando de lado o propósito maior.

Em grupos de whatsapp, em conversas de bar, muitos torcedores que se consideram "raiz", ainda acham que esse combate à homofobia nos estádios está estragando o futebol. "O futebol está chato", "estão tirando a graça dos estádios", "o politicamente correto não faz parte do futebol", e por aí vai.

Mas o desrespeito vai além do racismo e da homofobia. Chamar corintiano de bandido, ladrão, pobre é algo comum dos torcedores rivais. Fazer piada chamando são-paulino de bicha é também algo já "tradicional". Mas isso já não cabe mais nos dias de hoje e o combate nos estádios é uma iniciativa válida. O futebol pode dar o exemplo e não contrário. Quanto menos ódio, melhor para todos. Melhor para quem vai ao estádio, para quem acompanha de longe, para que não tenhamos casos de agressões como já vimos nesse ano com os ônibus dos clubes.

Limar os gritos homofóbicos dos estádios é um avanço dentro da nossa sociedade. Os torcedores precisam entender que o rival não é um inimigo mortal. Não é porque ele veste a camisa de um outro time que merece ser desrespeitado com racismo ou homofobia. O futebol evoluiu, assim como nossa sociedade. Não tem nada chato nisso.

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