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Brasil acreditou em título mundial duas vezes após vencer a Espanha

Conta João Máximo, brilhante e querido companheiro jornalista esportivo, que o Maracanã cantou em coro a marchinha "Touradas em Madri", de João de Barro, o Braguinha, durante a goleada por 6 x 1 sobre a Espanha, penúltimo jogo da seleção na Copa do Mundo de 1950. A goleada por 6 x 1, dois gols de Ademir, dois de Chico, um de Zizinho e outro de Jair, fez nascerem os versos nas arquibancadas: "Eu fui às touradas em Madrid, parará-tibum-bum-bum...E quase não volto mais aqui, para ver Peri beijar Ceci... parará-tibum-bum-bum... parará-tibum-bum-bum..."

O último jogo da Copa de 1950, como se sabe, foi o Maracanazo, derrota por 2 x 1 para o Uruguai. Golear a Espanha deu noção de que se podia tudo, o mundo já era nosso.

Em 2013, o mesmo brilhante João Máximo estava na reinauguração do Maracanã, empate por 2 x 2 com a Inglaterra. Perguntado se tinha gostado do novo estádio, respondeu que sim. "Ganhei um novo irmão. Eu tinha um estádio antigo, agora tenho um novo."

Estava lá também em Brasil 3 x 0 Espanha, 30 de junho de 2013, final da Copa das Confederações, a segunda ilusão contra os espanhóis. Da mesma maneira, como em 1950, o Maracanã inteiro cantou, lindamente, mas foi "O Campeão", samba consagrado na voz de Neguinho da Beija-Flor: "Domingo, eu vou no Maracanã, vou torcer para o time que sou fã, Vou levar foguetes e bandeiras, não vai ser de brincadeira, ele vai ser campeão..."

Cada jogo é um jogo — perdão pelo chavão.

Desta vez, a seleção vive outra vez entre a euforia e a depressão. Ganhar da Inglaterra ajuda a recuperar a auto estima. Toda pessoa de bom senso sabe que isto não significa nada e que o trabalho será longo, árduo. Ganhar da Espanha não mudará esta realidade. Nem perder.

Populistas digitais falarão sobre o luxo ou sobre o lixo, no final do dia. Todo mundo sabe disso.

A razão está no meio. O Brasil tem bons jogadores e precisa montar um grande time, com eles. Não tem, depois de 15 meses com dois técnicos interinos. Dorival Júnior é ótimo ou Fabrício Bruno não pode jogar na seleção, tudo isto está abaixo do trabalho que será necessário realizar.

Em apenas nove jogos contra a Espanha, o Brasil venceu cinco, empatou dois e perdeu duas vezes.

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Nunca jogou em Madri, nunca fez gol em território espanhol.

E foi mesmo. Naquela tarde de domingo, o Brasil trucidou a Espanha. Na eterna ponte-aérea entre a depressão e euforia que vive quem gosta da seleção brasileira, houve quem dissesse que estava pronta para ser campeã mundial e quem afirmasse que a Espanha estava aqui a passeio. Se estava a turismo, não se sabe, mas no ano seguinte, a sério, foi eliminada na fase de grupos da Copa do Mundo, por Holanda e Chile. Na tarde de 30 de junho de 2013, era a campeã mundial e da Europa.

Opinião

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

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