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Marluci Martins

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Renato Gaúcho sobre Grêmio: 'Seria hipócrita se dissesse que é jogo normal'

Renato Gaúcho acompanha treino do Flamengo no Ninho do Urubu - Alexandre Vidal / Flamengo
Renato Gaúcho acompanha treino do Flamengo no Ninho do Urubu Imagem: Alexandre Vidal / Flamengo

22/08/2021 10h19

O domingo já viveu seus tempos de Piquet, Senna, Luciano do Valle, aglomeração na geral e abraço em desconhecido na arquibancada. Ainda que nada mais disso seja possível, este 22 de agosto tem seu valor: o fantástico Flamengo enfrenta o Ceará, na Arena Castelão, pelo Campeonato Brasileiro. É pouco? Então, os mais ansiosos como eu já podem apontar o nariz para a contagem regressiva: faltam só três dias para o primeiro confronto das quartas de final da Copa do Brasil com o Grêmio, em Porto Alegre, onde Renato Gaúcho tem estátua, fãs e história.

Os cabelos brancos de Renato revelam mais do que a semelhança com o ator americano Richard Gere. O treinador do Flamengo, que completa 59 anos no dia 9 de setembro, é cascudo o suficiente para falar sem medo e com sinceridade sobre a partida do meio da semana, quando por força do destino será protagonista da infidelidade à beira do campo da Arena. Um filme já passa na cabeça.

"Eu seria muito hipócrita se dissesse que se trata de um jogo normal", diz Renato à coluna. "Passei quase cinco anos no Grêmio, e fizemos um grande trabalho. Ganhamos títulos, e o relacionamento com o grupo e com a diretoria era muito bom. Claro que vai ser estranho. Todos sabem da minha ligação com o Grêmio, mas sou um profissional do futebol e quero ganhar. Sempre. Agora não vai ser diferente", admite, assumindo a expectativa pela partida que vai mexer com o coração calejado.

Expectativa é a palavra que define. Define este Flamengo de Renato, uma máquina de fazer gols que infla a empolgação dos apostadores endinheirados, dos bolões dos cervejeiros, dos flapaixonados e dos que nem rubro-negros são. Quem não gosta de ver jogo do Flamengo? Quem, mesmo sem ser torcedor do clube, não espera a bola do seu time sair pela linha de fundo pra dar uma discreta zapeada e fuçar a quantas andam a pontaria do Gabigol e a elegância do Arrasca? Nem que seja pra secar...

É um Flamengo de limite tão desconhecido quanto o do seu treinador. Aonde é capaz de chegar esse técnico que já provou ser bem maior do que apenas um rapaz latino-americano com dialeto boleiro? "A seleção é mais um sonho que tenho e espero conseguir realizar", afirma Renato. "Mas, hoje, está muito bem servida com o Tite", acrescenta, nesta fase de humildade grisalha da vida que o impede de vislumbrar na nova casa uma estátua parecida com a conquistada no Grêmio. "O Flamengo já tem a sua estátua e ela está muito bem posicionada lá. Deixa assim que está bom demais".

O tamanho de Zico qualquer um conhece. O que Renato ainda não sabe é qual parte cabe a si próprio nesse latifúndio rubro-negro. "Pelo Flamengo, como técnico, ainda não ganhei nenhum título. Então, falta muita coisa ainda".

Tem razão.

BOLO ESTRAGADO

Deu pena ver o volante Andrey usar o microfone da transmissão para se desculpar no último sábado (21/08) com os torcedores do Vasco após a derrota (2 a 0) para o Operário, a terceira consecutiva na Série B. Os jogadores não são culpados pelas limitações do time ruim. Quem montou o elenco frágil, muito abaixo da grandeza do clube, é que deveria ter vergonha na cara e soluções, pois já sabemos que lamúrias em coletivas e notas oficiais não vão aliviar o cofre. A derrota para o Operário foi a cereja do bolo estragado preparado por essa gente. O recheio: a amarga execução de R$ 93,5 milhões em dívidas trabalhistas. No seu aniversário de 123 anos - e em muitos outros que se passaram -, o Vasco é maltratado dentro e fora de campo.

LENGA-LENGA

O Botafogo é outro que não pode fingir surpresa e revolta quando as dívidas trabalhistas inviabilizarem a sua rotina. Todo mundo ali sabe que a exclusão do clube do Ato Trabalhista por atraso de parcelas acertadas com o poder público representava o risco de penhoras. A conta demora, mas chega. Duvidem de dirigentes que possam vir a público repudiar execuções de dívidas pela Justiça, pois eles sempre souberam qual seria o desfecho. Se não sabiam, são ainda mais incompetentes. Não caiam nessa.

O ALCIR DO FLUMINENSE

Por várias razões, o Fluminense precisa definir se Marcão é ou não é. Algumas delas: 1) Por respeito a um profissional que está sempre disposto a ajudar mesmo nas maiores roubadas; 2) para que Marcão sinta-se seguro na função, mesmo que os resultados nem sempre venham; 3) para que os jogadores vejam o treinador como um comandante e não um tapa-buraco mais barato; 4) para que empresários não encham o WhatsApp da diretoria com ofertas de técnicos desempregados; 5) para que torcedores e imprensa não façam especulações de contratações impossíveis. A situação atual lembra a do saudoso Alcir Portella no Vasco: um funcionário apaixonado pelo clube que ficava pra lá e pra cá entre o sonho de ser treinador do time e a realidade de auxiliar que sua subserviência lhe impôs.

ESTREIA

Os últimos dois anos interromperam a sequência de 30 bem vividos de jornalismo esportivo. E cá estou de volta, estimulada por um convite do UOL que desde já enche o currículo de orgulho e relevância. Se o treinador convoca, a gente aquece rapidinho e vai pegando o ritmo ao longo do desafio. Neste início de relação, a ideia não poderia ser outra: honrar a camisa. Estou no jogo, obrigada aos envolvidos.

Agora, como faz pra subir isso tudo no portal? Rs...