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Clodoaldo Silva

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Prefeito erra ao criticar Bolsonaro chamando o presidente de autista

Getty Images
Imagem: Getty Images

11/02/2021 17h55

Apesar de não ser especialista, eu resolvi escrever um pouco sobre o autismo tema para responder ao absurdo que o prefeito de Alfenas, em Minas Gerais, disse sobre o tema. Em 23 de janeiro, em entrevista à rádio Pinheirinho FM, Luiz Antônio da Silva, do PT, ao responder uma pergunta sobre a vacinação contra covid-19 disse que o presidente Jair Bolsonaro é "psicopata" e o comparou a pessoas autistas.

"Ele é psicopata, não tem sentimento para com o outro. O autista tem um auto-mundo. Ele pode ver o outro sofrer que não sente nada. Então ele tem sinais claros de autismo, claros. O autismo tem um espectro grande. Ele está no meio ali, no espectro autismo. O autismo é aquele que não tem sentimento para com o outro", disse o prefeito.

A declaração gerou reações da comunidade autista e de entidades que trabalham com a defesa de direitos das pessoas com deficiência. Não é para menos! A afirmação é cheia de preconceito e é uma desinformação para a sociedade. Um representante político jamais deveria incorrer nesse erro e/ou discriminação.

Fui pesquisar sobre o assunto e encontrei algumas coisas bem interessantes. Estudos apontam que, na realidade, os autistas só têm um jeito diferente de perceber e demonstrar sentimento.

Os pesquisadores suíços Henry Markram e Camila Markram publicaram um estudo que tem muita relação com essa discussão. Conhecida como a "Teoria do Mundo Intenso", a pesquisa diz que o autista não tem falta de empatia ou pouca empatia, na verdade, ele apresenta muito mais empatia do que pessoas típicas.

Victor Mendonça, autor do livro "Neurodivergentes: autismo na contemporaneidade", também aborda o assunto na sua obra. Segundo o autor, o autista pode até não perceber questões sociais mais sutis, mas quando ele percebe a situação, ele sente exacerbadamente. E por sentir muito, o autista se fecha. É como se fosse uma proteção do cérebro desses indivíduos.

Podemos concluir que os autistas, não só por causa dessas pesquisas e de outras, têm sentimento e empatia, mas a forma de sentir é diferente. E às vezes não expressam as emoções do jeito que as pessoas ditas normais "expressam". Por isso, algumas pessoas leigas disseminam que os autistas não têm sentimentos.

Temos que prestar muita atenção em como falamos de determinados temas. Quando a gente não conhece o assunto ou nunca conviveu com nenhum autista o melhor é ficar calado. Ainda mais quando se trata de um assunto complexo como esse.

Para quem não sabe, o autista apresenta perturbações do desenvolvimento neurológico e têm três características principais que podem manifestar em conjunto ou isoladamente. As dificuldades de comunicação por causa da deficiência com a linguagem e de socialização e o padrão de comportamento restritivo e repetitivo. Vale conferir abaixo o vídeo para entender melhor como são as alterações cerebrais de um autista:

10 coisas importantes sobre o autista que você precisa saber:

1 - Cada pessoa autista é diferente;

2 - Autistas podem se irritar com ambientes barulhentos;

3 - Eles podem ter dificuldade para saber quando falar com outra pessoa;

4 - Eles não expressam suas emoções de maneira que os outros esperam;

5 - Eles são sinceros e interpretam tudo literalmente;

6 - Eles têm dificuldade de socialização;

7 - Possuem vocabulário limitado;

8 - Eles podem ser super dotados em determinadas áreas do conhecimento;

9 - Eles se orientam muito pela visão;

10 - São ansiosos.

Abraços aquáticos para todos e bom fim de quinta-feira!

Fontes de pesquisa: Transtorno do Espectro Autista (TEA) | Drauzio Varella - Drauzio Varella (uol.com.br) e Mundo do Autista : https://omundoautista.com.br/autismo-empatia-sally-e-anne-e-a-teoria-do-mundo-intenso/