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Projeto perde integrantes para a covid e transforma a dor em solidariedade

Cabeleireiro Cláudio Vidal continuou com a ação em homenagem aos colegas - Arquivo pessoal
Cabeleireiro Cláudio Vidal continuou com a ação em homenagem aos colegas Imagem: Arquivo pessoal

Ed Rodrigues

Colaboração para Ecoa, em Recife

28/01/2022 06h00

Cinco amigos se reuniram para levar alimentação para pessoas em situação de rua em Fortaleza (CE). Eles perceberam que, com o isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus, essa população ficou ainda mais desassistida. No esforço para manter a rotina semanal e a entrega de alimentos, dois deles se infectaram com a covid-19 e acabaram morrendo.

A tragédia poderia ter cancelado o projeto, mas serviu para dar mais força ainda aos amigos que resistiram. São cerca de mil pessoas auxiliadas semanalmente. Além da comida, o projeto faz ações específicas em datas comemorativas, arrecadando brinquedos para as crianças, por exemplo.

O grupo organizado pelo cabeleireiro Cláudio Vidal enfrentou os riscos de contágio da pandemia para poder levar um pouco de alento a essa população vulnerável de Fortaleza por meio do projeto "Rua Sem Fome".

Professor e motorista não resistiram

O professor Marcelo Almeida chegou a ser internado em um hospital com diagnóstico positivo para covid-19, mas não resistiu. "É uma dor irreparável para todos, mas ele me pediu para seguirmos com o projeto e assim está sendo feito", conta Vidal.

Já o motorista de aplicativo Sandoval Silva conheceu o "Rua Sem Fome" quando pegou uma corrida com Cláudio Vidal. Durante a viagem, os dois trocaram ideias sobre as ações solidárias e o motorista pediu para participar. Ficaram amigos, mas Sandoval também se contaminou pela covid-19 e morreu.

"Todos nós ficamos muito abalados com as mortes de Marcelo e de Sandoval, mas resolvi seguir o projeto com muita luta e chamando outros voluntários para ir comigo nessa missão", destacou o cabeleireiro.

Captar recurso é maior desafio

Vidal contou a Ecoa que a ideia de levar atenção a moradores de rua surgiu em um grupo de amigos. As primeiras conversas ocorreram assim que o Estado anunciou as medidas de isolamento social. "Começamos a nos mobilizar e na mesma semana que fechou tudo já estávamos na rua fazendo doação", disse.

O início do "Rua Sem Fome" foi difícil porque foi preciso ajustar os horários dos integrantes para que todos pudessem participar. Eles se reúnem semanalmente para fazer a comida e depois organizam as saídas.

Hoje, a maior dificuldade é a captação de recursos para colocar o projeto na rua. Todas as ações só podem ocorrer graças às doações recebidas. "Doamos para as pessoas em situação de rua e para instituições. Não é fácil, mas Deus abençoa e com garra pedimos, fazemos a comida, entregamos", afirmou.

Entidade parceira

O projeto sempre procura instituições que precisem de ajuda. Uma delas é a Casa Sol Nascente. O espaço acolhe crianças portadoras do vírus HIV.

Livya Souza, coordenadora da entidade, disse que já recebeu frangos, brinquedos e leite do projeto. "Eles realizam um trabalho muito bonito e necessário. Estou à frente da gestão da casa há seis meses apenas, mas nesse período já fomos ajudados com 100 quilos de frango, leite líquido, biscoitos, sucos em caixas, bombons e brinquedos. Somo muito gratos pelo apoio", disse.

Para conhecer mais sobre o projeto Rua Sem Fome, basta acessar o perfil no Instagram. Doações em dinheiro podem ser feitas via PIX: 85988997031 (chave-celular) - Cláudio Vidal.