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Conversa de Portão #45: Por que criança negra não é vista como criança?

Do Ecoa, em São Paulo

29/08/2021 06h00

Em agosto de 2020, uma análise do Ministério Público do Trabalho em parceria com a Unicef concluiu que houve intensificação do trabalho infantil durante o período da pandemia na cidade de São Paulo. Comparando famílias entrevistadas entre maio e julho de 2020, essa condição aumentou em 26%. Também voltou a ser frequente encontrarmos crianças pedindo ou vendendo coisas nos semáforos das grandes cidades. E a maioria delas é negra.

Neste episódio de Conversa de Portão, a jornalista Semayat Oliveira conversa com Elisiane Santos, procuradora do Ministério Público do Trabalho, sobre o impacto do trabalho infantil principalmente para as crianças pobres e negras no Brasil.

Elisiane é autora do livro ?Crianças Invisíveis?. Ela conta que existe uma ideologia que foi incorporada no dia a dia das pessoas de que é normal ver uma crianças trabalhando, de que o trabalho é aprendizado.

"Por trás dessas falas existe discriminação em relação principalmente às crianças negras e pobres, pois só ouvimos esse discurso, defendendo o trabalho de criança e adolescentes, para essas famílias que estão em condição de vulnerabilidade", diz. "É um pensamento que nega às crianças e aos adolescentes mais vulneráveis esses direitos tão fundamentais à infância e à educação de qualidade, e o de se inserir no trabalho de forma protegida e na idade adequada para isso" (a partir de 4:30 do arquivo acima).

A procuradora diz que durante muito tempo ouvimos o discurso de que o trabalho infantil é cultural e que as famílias querem que as crianças trabalhem. "Isso é uma meia verdade, temos que entender por que as famílias defendem isso" (a partir de 9:34 do arquivo acima).

As origens são históricas e remontam à abolição da escravidão sem a garantia de direitos para essa população e uma sucessão de leis que em vez de protegerem, puniram as crianças desamparadas (a partir de 11:43 do arquivo acima).

O Conversa de Portão é um podcast produzido pelo Nós, Mulheres da Periferia em parceria com UOL Plural, um projeto colaborativo do UOL com coletivos e veículos independentes. Novos episódios são publicados toda terça-feira.

Os podcasts do UOL estão disponíveis em uol.com.br/podcasts e em todas as plataformas de distribuição. Você pode ouvir Conversa de Portão, por exemplo, no Youtube, no Spotify e no Google Podcasts.