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Indígenas criam rede de apoio e enfrentamento da covid-19 em RO e AM

Indígenas fizeram barreiras sanitárias em Autazes (AM) para diminuir o alastramento da covid-19 - Divulgação
Indígenas fizeram barreiras sanitárias em Autazes (AM) para diminuir o alastramento da covid-19 Imagem: Divulgação

Gabriel Ferreira

Colaboração para o Ecoa, em Manaus

26/05/2021 06h00

Fundada nos anos 2000 como espaço cultural de resistência indígena na cidade de Porto Velho (RO), a Maloca Querida, coordenada por Tanã Mura, tornou-se a base na rede de apoio aos indígenas e enfrentamento à covid-19 em Rondônia e Amazonas.

A iniciativa que envolve a 'Maloca' é liderada pelo Coletivo Mura, coordenado por Márcia Mura, e o Instituto Madeira Vivo, por Iremar Antônio Ferreira e Raimunda Pedraça. Além disso, integram a rede o Conselho Indigena Mura (CIM) de Autazes, Zenilton Mura em Borba, Handech Mura no Território Indígena em Itaparanã, com jurisdição em Humaitá, no Amazonas.

Desde abril de 2020, a rede de apoio coordenada por Márcia Mura vem atendendo os Mura e outras etnias indígenas que vivem em aldeias, comunidades ribeirinhas, reserva extrativista e cidades nos dois estados da região Norte.

Contando com recursos recebidos de doações voluntárias e projetos, o Coletivo Mura, a Maloca Querida e o Instituto Madeira têm executado ações como compra e entrega de cestas básicas, distribuição de EPIS (equipamentos de proteção individual), compra de testes rápidos para covid-19 e compra de material para produção de artes indígenas.

Em abril do ano passado, as ações começaram com duas frentes. A primeira ocorreu com suporte de materiais nas barreiras sanitárias em Autazes, feitas pelos Mura para evitar o alastramento da covid-19 nas aldeias. A segunda ocorreu com compra de EPIs destinados ao polo de saúde Pantaleão na cidade de Autazes.

Maloca Querida - Divulgação - Divulgação
Ação distribuiu kits de higiene e testes de covid, e ajudou a comprar materiais para artesanato
Imagem: Divulgação

A principal força tarefa da rede ocorreu nos meses seguintes em Itaparanã, uma terra indígena não-demarcada onde vivem famílias em extrema vulnerabilidade, no Amazonas. Para mitigar os efeitos do confinamento, foram construídos ao longo da campanha um poço artesiano e instaladas, em fevereiro de 2021, uma miniusina de energia solar e moradias populares.

Além disso, foram arrecadadas mais de mil cestas básicas que continham, além de comida, kits de higiene e proteção contra o novo coronavírus.

No total, mais de 600 famílias, entre Mura e Warao, foram atendidas em áreas indígenas de Autazes, Borba, Humaitá e Manaus no Amazonas. Em Rondônia, a rede de apoio chegou às comunidades Candeias do Jamarí, Nazaré, Calama, e as cidades de Guajará Mirim e a capital rondoniense Porto Velho.

Outra ação desenvolvida pela rede é o apoio a artesãos para a produção de artefatos culturais indígenas para a geração de renda aos artistas do povo Mura e Warao.

De acordo com Marcia Mura, nesse processo de economia solidária é feita a compra do material, que é repassado para os artistas indígenas."E nós compramos uma parte para fazer capital de giro, divulgamos e mediamos vendas repassando o dinheiro a eles, e depois compramos mais materiais".

Diante da luta travada para apoiar seus "parentes" na pandemia da covid-19, Márcia Mura revela que estar à frente da iniciativa dá a "sensação de que estamos numa guerra invisível".

Em desabafo, a coordenadora da rede de apoio diz: "Quando tem uma demanda urgente e estamos sem nenhum recurso fico desesperada, viro a madrugada escrevendo para meus contatos nas redes sociais. Sou muito agradecida pela rede de doadores que acredita no nosso trabalho e na equipe que está no enfrentamento junto todos os dias."

Para ajudar:

Doações

Banco do Brasil
Agência: 2290-0
Conta Corrente: 20541-9
CPF: 422.812.022-91
Titular da conta: Marcia Nunes Maciel

Informações: (69) 99698-0266