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Sérgio Luciano

Três dicas importantes para materialização de sonhos que parecem distantes

19/08/2020 11h05

Desde 2013 eu me envolvo mais ativamente com o tema da colaboração. Estudo sobre o assunto, escrevo minhas reflexões e o experimento tudo isso na prática. Tenho sido cada vez mais adepto do "viver na pele aquilo que falo, e falar a partir daquilo que vivo", na medida do possível. E, a partir desse viver, quero te contar uma breve história e três aprendizados presentes nestes últimos tempos.

Um dos trabalhos que desenvolvo é com facilitação de grupos. E por ser aficionado por jogos desde pequeno, gosto muito de utilizar jogos de cartas ou tabuleiro como estratégia para promover conexão entre participantes e aprendizados a partir da experiência.

Há mais ou menos um ano, comecei a rascunhar a ideia de uma plataforma digital que permitisse levar jogos de cartas e tabuleiro para o universo da facilitação online, almejando entregar experiências tão significativas quanto nos encontros presenciais. Sim, facilitação online não é nada recente viu. Porém, veio a pandemia e passou a ser um imperativo, dadas as questões de distanciamento social. E com esse cenário, o que era um rascunho e sonho distante, acabou por se tornar prioridade.

Por me envolver com a área de tecnologia faz tempo, como entusiasta e curioso, bem sei que desenvolver um software do zero não é coisa barata não. Quando digo isso, estou falando de algumas centenas de milhares de reais, pra começar. Dinheiro esse que, na real, é para custear tempo de trabalho de pessoas que entendem do assunto. Programadoras e designers, por exemplo.

Como não sou programador nem designer gráfico, e não encontrei pessoas dispostas a entrar de cabeça nesse projeto investindo seu tempo agora e com expectativa de retorno financeiro só em médio/longo prazo, a solução foi terceirizar o desenvolvimento. Coisa normal de acontecer, diga-se de passagem.

Agora, como fazer se a gente não tem esses dinheiros todos em caixa para dar vida a esse sonho? O desafio que assumi de fazer esse projeto acontecer a partir da colaboração tem sido fonte dos aprendizados que quero compartilhar com você.

Aprendizado 1: Entender a diferença entre feito e perfeito

Saber que, para chegar no sonho, é preciso começar de algum lugar. E não ter medo de começar de forma enxuta, mais simples. Ou começar, apesar do medo.

Percebo que esse medo muitas vezes vem da comparação. Eu sei que pessoas pagam por um negócio todo bonito e já construído, mas será que elas pagariam para fazer parte de sua construção? Estaria eu abusando da vontade de outras pessoas?

Pelas devolutivas que tenho recebido, ser transparente sobre o projeto e ter acordos claros diante de expectativas de ambas as partes, tem sido fundamental.

Aprendizado 2: Aprender a falar sobre o sonho

A gente precisa aprender a falar. A contar história. A expressar o sonho. Darmos voz ao sonho ao invés de deixá-lo guardado na caixinha dos desejos. Dizer para as pessoas como vemos esse sonho se materializar. Falar com o coração e com paixão, ser transparente e verdadeiro.

Ao fazer isso, comecei a perceber que tem gente que não vai dar a mínima para esse sonho. Outras pessoas, vão até tentar nos desencorajar de sonhar. E vai ter outras que dirão: — Num é que tenho esse sonho aí também? Não tão assim igual o teu, mas tem muito em comum. E como eu queria vê-lo nascer e usufruir dele.

Esse semear do sonho rendeu uma experiência incrível dias atrás, que chamamos de Conferência do Futuro. Você pode conferir como foi nesse vídeo aqui.

Percebo que agora a semente começa a apontar as primeiras folhinhas acima da terra, visível ainda apenas aos olhos mais atentos. A semente segue sonhando ser árvore, sonhando seus frutos mais saborosos. Lembrando que, para chegar lá, é preciso enraizar. Cultivar. Cuidar.

Aprendizado 3: Cultivar

Ao mesmo tempo que sabemos que essa semente tá apontando suas primeiras folhinhas, precisamos ter muito claro qual o plano de cultivo. Planos de cultivo não direcionam o resultado, mas criam as condições para que se cresça no tempo que for necessário, respeitando o tempo da natureza.

Nesse caso, a natureza da vida, das interações, das trocas. Escutando as pessoas que chegam, compreendendo como seus sonhos se conectam com a proposta que criamos, fazendo adaptações possíveis, mantendo proximidade.

Sem a pressa de se tornar árvore amanhã, mas sabendo que para ser árvore é preciso cuidar não só da terra, mas estar atento ao ambiente. E se adaptar, sempre que necessário. Inclusive, perceber quando e onde podar.

Nesse momento, um sonho que outrora parecia impossível de se realizar, está cada vez mais próximo de virar realidade. Como falei no texto: feito, não perfeito. Um primeiro passo, de tantos outros que esperamos dar. Construindo essa plataforma com o que chamamos de usuárias-investidoras.

Pessoas que vão se dispor a pagar antecipadamente pelo acesso à plataforma, confiando em nossa capacidade de materialização e que nos acompanharão não apenas com aporte financeiro de algumas centenas de reais, mas com espaço nos dizer o que seria importante existir para também chamarem o sonho de seu.

Para quais sonhos seus, esses três aprendizados que contei, podem ser uma ajuda, com um passo que seja, na busca por eles materializar?