Carro automático pega no tranco? Entenda por que prática pode acabar mal

O câmbio automático já equipa há um bom tempo versões intermediárias e topo de linha de hatches compactos, e hoje está presente em boa parte dos automóveis novos vendidos no Brasil.

Muitos dos compradores nunca dirigiram antes um automóvel do tipo e precisam se adaptar: são comuns os relatos de motoristas com esse perfil que pisam no pedal do freio como se fosse o da embreagem, apenas por força do hábito de trocar as marchas.

A adaptação costuma ser rápida, mas é natural ter dúvidas quanto ao uso da tecnologia. Uma das mais comuns é relativa a veículos automáticos com bateria arriada: na emergência, dá para fazer o motor "pegar no tranco", como em carros manuais, sem detonar a transmissão?

Sim, é possível usar o método em carros com transmissão automática para fazer o motor ligar. No entanto, a prática traz riscos.

Para "pegar no tranco", se não houver melhor alternativa, a orientação é posicionar o seletor em "N" e colocar em "D" ou "2" quando o veículo atingir uma velocidade de aproximadamente 20 km/h. Com isso, o motor deve ligar.

O mais importante é nunca colocar o câmbio na posição "P" (park) com o veículo em movimento, o que travaria imediatamente as rodas, com alto potencial de causar danos. Ao selecionar "P", é acionado um pino que trava o eixo que conecta o câmbio ao motor, que pode quebrar, além de outros componentes como o sincronizador.

'Tranco' em câmbio automático é arriscado

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Imagem: Getty Images

Embora seja possível fazer o motor de carros automáticos ligar no "tranco", é melhor evitar a prática. Além das ressalvas já mencionadas, as coisas podem ficar complicadas se a correia dentada arrebentar.

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Responsável por sincronizar a abertura e o fechamento das válvulas, essa correia pode se romper na hipótese de já estar desgastada —o risco aumenta se o "tranco" for muito forte.

Quando a correia arrebenta, as válvulas ficam paradas enquanto os pistões ainda estão em movimento. Por isso, o risco de uma ou mais delas ser atingida pelo pistão e entortar é alto, ainda mais considerando a elevada taxa de compressão dos motores atuais.

A possibilidade de estragos cresce se o motor for a diesel, que tem taxa de compressão ainda maior.

Há o risco, ainda, de danificar outras peças, como pistões e bielas, o que obrigaria a fazer uma retífica do motor.

Esses alertas valem tanto para carros manuais quanto para automáticos.

Fonte: Erwin Franieck, mentor em pesquisa, desenvolvimento e inovação da SAE Brasil.

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*Com matéria publicada em 09/10/2022

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