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Os olhos da Honda em Marc Márquez e em seu eventual sucessor

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Imagem: Divulgação

Colunista do UOL

26/01/2022 10h02Atualizada em 26/01/2022 10h04

No fatídico dia 19 de julho de 2020 Marc Márquez caiu no Grande Prêmio da Espanha. Quebrou o úmero do braço direito e iniciou um calvário de cirurgias, que o manteve afastado das pistas aquela temporada inteirinha.

Em 2021 Márquez, razoavelmente recuperado, começou a temporada de mansinho. Nem mesmo fenômenos do guidão como ele ficam tanto tempo longe das pistas sem perder o ritmo, e mesmo vencendo o GP da Alemanha, em junho, Marc avisou: ainda não estava 100%.

Em outubro, emendou duas vitórias seguidas, nos Grande Prêmios disputados no Texas e na Itália. Aí sim mostrou estar não 100%, mas 110% recuperado. Porém, quis o (mau) destino que logo depois destas vitórias, um tombo besta treinando em pista de motocross abreviasse sua temporada. Mais uma vez um ponto de interrogação foi colocado na continuidade de sua carreira. O segundo em dois anos...

A cabeçada no motocross afetou a visão de Márquez, e o deixou distante do guidão até a semana passada, quando deu 65 voltas na pista portuguesa de Portimão pilotando uma Honda RC 213V-S, a réplica da máquina oficial da equipe Honda de normal venda ao público. Mesmo com esta moto mais fraca, o teste mostrou que Márquez está aparentemente recuperado, e que há chance de ele estar presente no primeiro teste coletivo da temporada, marcado para os dias 5 e 6 de fevereiro na pista de Sepang, na Malásia.

Diante desta realidade Honda respirou fundo, aliviada. Maior fabricante de motocicletas do planeta, os azares de Marc Márquez a preocupam. Do braço quebrado em Jerez até a vitória na Alemanha, em junho do ano passado, 21 Grande Prêmios se passaram sem nenhuma Honda no topo do pódio da MotoGP. Uma longa seca de vitórias que não acontecia desde quando a marca voltou ao Mundial de Motovelocidade em 1982.

A escancarada dependência da Honda por Marc Márquez colocou em evidência dois aspectos. Um, óbvio, - o evidente talento do espanhol -, e outro nem tanto: as características técnicas da RC 213V, moto difícil, e que segundo alguns só Márquez sabe levar ao limite.

Marc Márquez estar nos treinos de Sepang é fundamental pois a moto da Honda para a temporada 2022 será totalmente nova. Pretensamente mais "democrática", capaz de dar a outros pilotos e não apenas Marc Márquez a possibilidade de vitória. Mesmo assim a Honda não quer e não deve abrir mão do fenomenal Marc Márquez na fase de desenvolvimento da novidade, que tem como missão reduzir o 'gap' técnico entre ela a a Ducati Desmosedici, considerada a melhor máquina da MotoGP dos últimos anos.

A evolução técnica das máquinas de MotoGP foi congelada durante as últimas temporadas, marcadas pelas dificuldades ditadas pela pandemia da Covid-19, inclusive (ou talvez, principalmente), econômicas. 2022 representa a volta a uma normalização/liberalização no desenvolvimento de motores e chassis, algo muito esperado por todos os fabricantes, mas mais ainda pela Honda, maior vencedora da motovelocidade, e decidida a retomar seu lugar de marca protagonista.

Todavia, para além da corrida rumo à necessária - e agora permitida - evolução técnica, com evolução dos motores, chassi, suspensões, freios e da cada vez mais importante parte eletrônica, há outra corrida em pleno curso: a dos contratos dos pilotos para a temporada de 2023.

Gente como Fábio Quartararo, campeão de 2021, e Joan Mir, campeão de 2020, homens que sem desmerecimento souberam aproveitar dos azares do dominador Marc Márquez, terão a validade de seus respectivos contratos com a Yamaha e Suzuki encerrada ao fim desta temporada. É certo que os olhos da Honda estão mirando não apenas em fazer a melhor moto possível, mas também em qual dos jovens leões pode ser o novo Márquez. A caça ao sucessor do rei Márquez está aberta...