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Dakar entra na reta final. O vencedor? Muitos candidatos, nenhum favorito

A.S.O/H. Cabilla - divulgação
Imagem: A.S.O/H. Cabilla - divulgação

Colunista do UOL

10/01/2022 10h55

O Rali Dakar é disputado sempre em janeiro, atualmente em treze dias, e é composto de doze etapas intercaladas por um dia de descanso, onde ninguém descansa a não ser os pilotos. A dureza do percurso é tanta que se não fosse esta possibilidade de praticamente reconstruir os veículos dada aos mecânicos, seriam poucos os competidores a ver a linha de chagada.

Cada dia, uma agonia: leia-se trecho cronometrado, também chamado de Especial. Vence o rali quem fizer o menor tempo na soma de todos os dias de competição, lembrando que os pilotos recebem a planilha com o roteiro do dia minutos antes de cada largada. Ser rápido é parte do jogo, outra parte é não ser perder.

A tensão na hora da largada é enorme. As motos largam uma a uma, com intervalo de 3 segundos (as dez primeiras), 2 segundos (outras dez), e depois de um em um segundo. A ordem de largada é definida pelo posicionamento no dia anterior, largando em primeiro quem chegou em primeiro e assim por diante. Largar na frente de todos é "osso", pois não há rastros a seguir...

Parece coisa de louco? Não parece, é. Mas certamente é um dos maiores desafios do esporte a motor mundial. Ganhar o rali Dakar é para poucos e gênios. Vencer uma etapa que seja já é coisa para contar para os netos.

Nesta segunda semana de janeiro o Dakar 2022 será decidido, e até agora a marca da edição é o forte equilíbrio. Nada menos que sete pilotos largaram no começo desta semana separados por ínfimos 8 minutos e 33 segundos de diferença. Estes são o grupo preferencial, os que tem mais chances de vencer, mas em se tratando de Dakar a galera que está com até uns 20-30 minutinhos de atraso também pode sonhar com uma reviravolta e a vitória.

Fato: quem conhece este rali sabe que com cinco dias de competição pela frente tudo poderá acontecer. Tudo mesmo. Chutar quem verá a bandeirada de chegada em 1º, que será dada em Riad, capital da Arábia Saudita, na próxima sexta-feira, é temeridade.

Quem liderava a classificação na véspera da etapa de segunda-feira, 10 de janeiro, era o francês Adrien Van Beveren, oficial Yamaha. Um cara rápido, mas que nos últimos quatro rali Dakar abandonou ou por quebra da moto ou por acidente. Na cola dele vinham três perigosíssimos ex-vencedores: o austríaco Matthias Walkner (KTM), vitorioso na edição de 2018, o argentino Kevin Benavides (KTM), campeão no ano passado, e o britânico Sam Sunderland (GasGas), vencedor em 2017.

Completa a turma encaixada nos tais 8 minutos e 33 segundos de diferença para o líder dois "mísseis terra-terra", pilotos que nunca venceram o rali Dakar, mas que estão entre os mais temidos: o espanhol Joan Barreda - maior vencedor de etapas especiais em atividade, nada menos que 28 - e o chileno Pablo Quintanilla, ambos da equipe oficial Honda.

Apostas? Como disse linhas atrás, qualquer opção é chute puro, escolha ditada por simpatia à uma marca ou a um piloto em particular. Se der Van Beveren de Yamaha, será a nona vitória da marca no Dakar depois de um longo vácuo de 24 anos, e também marcará volta de um francês à conquista de um rali inventado pelos franceses, aliás a nacionalidade que mais venceu o Dakar de motos, 22 vezes.

Walkner? É o cara que parece mais em forma, nunca ficou abaixo da 3ª posição na classificação geral deste ano e se vencer trará o título de volta para KTM, marca mais vitoriosa do Dakar com 18 conquistas. Sunderland? É o piloto que mais liderou o rali este ano... Benavides? Emendaria duas vitórias, ano passado de Honda e este ano de KTM.

Querem saber? Qualquer um deles, e dos que vem mais atrás, são merecedores do título, em um ano marcado pela chegada do ET Danilo Petrucci, que da MotoGP aterrissou no Dakar para vencer uma Especial, fazer notícia e entrar para a história. Inusitado e surpreendente. Aliás, a cara do Rali Dakar.