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2022, o ano dos brasileiros na motovelocidade internacional?

Red Bull Content Pool
Imagem: Red Bull Content Pool

Colunista do UOL

21/12/2021 15h59

Diogo Moreira, 17 anos, chegou lá. Desde 2017 radicado na Espanha, o piloto de São Paulo estreará no Mundial da Moto3 em 2022, competindo com uma KTM pela equipe MT Helmets-MSI. Diogo chega na hora certa, nos últimos anos andou constantemente entre os ponteiros nas categorias de acesso, atraindo a atenção dos caça-talentos.

Se daqui para a frente fará bonito é uma outra história: chegar ele chegou, mas o nível do Mundial é tremendo. Talento não lhe falta, mas para se destacar vai ser preciso ter aquela sempre essencial dose de sorte. Sua equipe, estreante no campeonato mundial, é uma incógnita.

Pelas minhas contas Moreira é o oitavo brasileiro que chega para uma temporada completa no mais importante campeonato do motociclismo internacional da motovelocidade: Adu Celso Santos foi o pioneiro nos anos 1970, seguido por Edmar Ferreira. Antônio Jorge Neto e Marco Greco frequentaram o ambiente nos anos 1980, quando apareceu Alex Barros, o mais longevo entre os nossos. César Barros, seu irmão, também fez uma temporada em 2001, e o último a chegar foi Eric Granado, atualmente protagonista na MotoE depois de temporadas abaixo do tom no mundial de Moto2 e Moto3.

Motoesporte - Red Bull Content Pool - Red Bull Content Pool
Imagem: Red Bull Content Pool

Em 2022 além de Moreira e Granado teremos outros brasileiros na motovelocidade internacional. Ton e Meikon Kawakami, há anos competindo no exterior, disputarão o Espanhol da Supersport 600 e o Mundial de Superbike na classe 300, respectivamente. Também no Mundial de Superbike 300 estará Humberto "Turquinho" Maier Júnior. Eduardo Burr, Gustavo Manso, Kevin Fontainha, Enzo Valentin e Fábio Florian, que estarão na Yamaha R3 European Cup, completam o mais numeroso time de brasileiros no exterior - dez no total! - desde sempre.

Tamanha fertilidade espelha o cenário virtuoso da motovelocidade nacional, onde torneios apoiados por marcas como Honda, Kawasaki e Yamaha criaram condições favoráveis para o surgimento de jovens pilotos, dispostos a encarar uma carreira cujo desafio inicial - depois de fazer bonito nas pistas brasileiras -, é ir competir no exterior.

É bem possível que além dos citados outros nomes cruzem nossas fronteiras em 2022, como fez no ano passado e retrasado o experiente (29 anos) Danilo Lewis, que encarou temporadas na categoria principal do MotoAmerica, principal campeonato da motovelocidade dos EUA. Começar cedo é a regra do motociclismo, mas nada impede que nomes que já se sedimentaram no cenário brasileiro, como o Lewis, apostem em uma experiência internacional.

Diferentemente do automobilismo, onde o Brasil teve protagonistas na categoria principal desde os anos 1970 - Fittipaldi, Piquet e Senna foram supercampeões na F1 - no motociclismo internacional nunca fizemos um campeão mundial. Esta é uma realidade que pode mudar com esta "brazilian storm" dos motores. Se vão conseguir, o futuro dirá...