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Como monitorar o que as crianças fazem online? 3 conselhos de quem entende

Lovatto/Arte UOL
Imagem: Lovatto/Arte UOL

Rebecca Vettore

Colaboração para Tilt

11/10/2022 04h00

O Dia das Crianças está chegando e cada vez mais os aparelhos eletrônicos aparecem no topo da lista de pedidos de presentes. É uma geração mais tecnológica e grudada nas telas, mas todo cuidado é pouco na hora de deixá-los usando celular e tablet sozinhos.

Essa necessidade de mexer nos aparelhos eletrônicos tem muita influência do comportamento dos pais. Segundo um estudo recentemente publicado pela Kaspersky, 91% dos brasileiros afirmaram que passam no mínimo três horas por dia utilizando os gadgets. E 86% confirmaram que os filhos também passam esse mesmo tempo conectados.

A diferença é que, obviamente, um adulto é mais consciente do que pode ou não fazer online. Um relatório divulgado pela IWF (Internet Watch Foundation) revela que, nos primeiros seis meses de 2022, foram publicadas na internet mais de 19,7 mil selfies de crianças, com idade entre 7 e 10 anos, com conteúdo de nudez ou sexual. Esse valor representou um aumento de 360%, em comparação ao mesmo período de 2020, que segundo a instituição, mostra uma "emergência social e digital".

Conversamos com especialistas e reunimos três dicas para te ajudar a monitorar o comportamento dos seus filhos com o celular na mão.

Apps e sites para monitorar as atividades

Manu Halfeld, gerente de projetos da Safernet deu duas dicas de ferramentas de mediação parental:

  • O Google Family Link auxilia no gerenciamento das atividades das crianças, mantendo uma abordagem educacional e de estímulo à curiosidade.
  • A ferramenta SafeSearch, também do Google, ajuda a filtrar conteúdos explícitos e violentos dos mecanismos de buscas.

Se você tiver um iPhone, utilize as ferramentas de mediação parental, disponíveis na Configuração. Dentro dela, você encontra como restringir buscas de conteúdos explícitos e gerenciar os aplicativos permitidos. Nesta matéria, você confere um passo-a-passo completo.

Caso o celular da criança não possua mecanismos nativos de controle parental, você tem a opção de baixar. Antes, porém, é importante se informar sobre a reputação da empresa que oferece o serviço. Assim você evitará que baixar malwares, que podem roubar os dados das crianças (como fotos e vídeos) ou ainda infiltrar vírus e falhas de segurança para hackeamento ou vigilância.

Para Yasmin Curzi, pesquisadora do CTS (Centro de Tecnologia e Sociedade) da Fundação Getúlio Vargas do Rio de Janeiro, o controle de tempo de tela é uma das melhores formas de proteger sua criança. Esse mecanismo pode ser ativado em qualquer tipo de aparelho, seja ele Android ou iOS.

Além disso, é preciso tomar cuidado com computadores que são compartilhados por toda a família. "O recomendado é que seja criado um login próprio, com controle parental por padrão, para que a criança possa utilizar. Esse tipo de medida já traz modificações para o acesso de crianças em navegadores, lojas e aplicativos", completa a pesquisadora.

Navegar junto

Navegar junto com seu filho, dar exemplo de boas práticas e proporcionar uma visão crítica da Internet também precisa ser um hábito regular. Assim, você também conhece os serviços online que interessam a ele ou ela e os contatos com quem ela conversa.

"É fundamental prestar atenção no conteúdo compartilhado nas redes sociais e na abordagem de desconhecidos", explica Yasmin. "Em geral, pedófilos se aproximam buscando, primeiro, a confiança das vítimas, até mesmo se passando por pessoas mais novas."

Com a cultura de exposição e postagens frequentes, outro cuidado importante é desativar os mecanismos de localização.

Converse sempre

Para as especialistas ouvidas, a solução não é a proibição, mas sim o diálogo. Afinal, mesmo se a criança não tiver acesso às telas em casa, ainda é possível que ela use com os amigos na escola, na vizinhança, na casa dos primos...

Yasmin conta que é essencial criar um ambiente em que crianças e adolescentes se sintam seguros para compartilhar o que acontece em seu cotidiano, sem terem medo de repressão excessiva ou de julgamentos que podem apenas afastá-los.

"É imprescindível que os pais expliquem os riscos de se ter uma foto íntima vazada perpetuamente na internet, por exemplo", afirma Yasmin. "Contem histórias e casos, tirem dúvidas de seus filhos sobre tais assuntos."

A pesquisadora reforça que escolas também são parceiras nessa prevenção. Elas podem ajudar a identificar comportamentos incomuns. "A comunicação com o espaço escolar também é algo que os pais precisam considerar na proteção de seus filhos", aconselha.

Manu indica ainda outro tópico de conversa: a importância de pedir ajuda em situações desconfortáveis.

"Conversas sobre intimidade são importantes - a sexualidade está presente em todo desenvolvimento do indivíduo, com características diferentes em cada etapa de vida. É importante trazer esse assunto em diversas esferas da vida, desde a infância, sem repressão, mas com esclarecimento e orientação."

Ela ainda explica que o compartilhamento de imagens, pode ser fruto de uma exploração ou curiosidade da criança ou adolescente, que não está tão ciente dos riscos ou da manipulação que pde ter sofrido. Por isso, diálogo é sempre um ótimo caminho.