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'Crianças Tamagotchi': filhos virtuais que custam menos são o futuro?

Criar filhos apenas no metaverso será comum em 50 anos, aposta especilalista em inteligência artificial - HQuality Video/iStock
Criar filhos apenas no metaverso será comum em 50 anos, aposta especilalista em inteligência artificial Imagem: HQuality Video/iStock

Aurélio Araújo

Colaboração para Tilt, em São Paulo

02/06/2022 13h20

Criar "crianças virtuais" no metaverso será uma alternativa para pessoas que querem ter filhos, afirma a especialista britânica em inteligência artificial Catriona Campbell.

Em seu novo livro "AI by Design: A Plan For Living With Artificial Intelligence" ("IA por Design: um Plano para Conviver com a Inteligência Artificial", ainda sem previsão de lançamento no Brasil), ela compara essas crianças com o Tamagotchi, famoso bichinho de estimação virtual japonês que foi mania nos anos 90.

Em entrevista ao jornal britânico The Telegraph, ela explica que filhos no metaverso vão ajudar a "resolver alguns dos maiores problemas atuais, como a superpopulação".

"Crianças virtuais podem parecer um grande salto partindo de onde estamos agora, mas dentro de 50 anos, a tecnologia vai ter avançado tanto que bebês que existem no metaverso serão indiferenciáveis daqueles do mundo real", afirma.

No livro, ela reforça: "À medida que o metaverso evolui, acredito que crianças virtuais se tornarão uma parte aceita e totalmente bem-vinda da sociedade em muitos dos países desenvolvidos."

Sujam menos, custam menos

Para sustentar sua tese, a escritora argumenta que o crescimento da população está tendo impactos "devastadores" no meio ambiente. Segundo estudo da empresa de pesquisa de mercado YouGov em 2020, cerca de 10% dos casais sem filhos escolhem não tê-los por medo de problemas decorrentes da superpopulação da Terra.

Segundo o mesmo estudo, outros 10% não têm filhos devido ao custo de criá-los. Campbell afirma que criar um filho virtual não será "grátis", mas garante: "Crianças de inteligência virtual se tornarão amplamente disponíveis por uma taxa mensal relativamente baixa".

Forever young

A escritora diz que, por meio de computação gráfica e de tecnologia avançada de machine learning, crianças digitais terão rostos e corpos fotorrealísticos, além da capacidade de reconhecer e responder os pais devido ao reconhecimento facial e à análise de voz.

Ela prevê ainda que pais poderão controlar a velocidade do seu crescimento, escolhendo até se elas serão crianças para sempre ou não.

Mas e toda a parte afetiva, de contato, de carinho? Luvas digitais de alta tecnologia garantirão sensações físicas similares às reais quando os pais abraçarem, alimentarem e brincarem com a "criança Tamagotchi".