Rei Charles 3º fará cirurgia na próstata; o que é hiperplasia próstática?

Na próxima semana, rei Charles 3º, 75, passará por uma cirurgia para tratar um aumento na próstata. A doença, chamada de hiperplasia benigna da próstata, afeta 30 milhões de homens em todo o mundo, de acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde).

Dados da Sociedade Brasileira de Urologia, apontam que a doença afeta mais 50% dos homens acima de 50 anos e é ainda mais comum com o avanço da idade, chegando a 80% da população com mais de 90 anos.

Mas a doença tem tratamento e, com o avanço da tecnologia, até mesmo os casos de intervenções cirúrgicas têm sido menos invasivos e com menor comprometimento no dia a dia dos pacientes.

O que é a hiperplasia prostática?

Como próprio nome diz, a doença se dá pelo aumento da próstata, mais propriamente do seu tecido interno.

Isso acontece ao longo do tempo na vida dos homens, e pode incomodar e atrapalhar a saúde em alguns casos, pois causa o estreitamento da uretra, dificultando na hora de urinar.

Quais os principais sintomas

Os sinais surgem aos poucos e vão ficando mais frequentes com o passar do tempo, mas por uma questão cultural, alguns pacientes acabam naturalizando essa condição, pois acreditam que é normal e que faz parte do envelhecimento.

Os principais sintomas são:

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redução da pressão ou interrupções do jato urinário;

dificuldade de iniciar a micção;

aumento do número de micções noturnas;

dificuldade de esvaziar totalmente a bexiga;

incontinência urinária.

A qualquer sinal, os homens devem procurar um médico urologista para fazer uma avaliação e iniciar o tratamento mais adequado para o seu caso.

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Mesmo não tendo nenhuma relação com o câncer de próstata, a hiperplasia pode evoluir para quadros mais graves, se não for tratada. Entre as complicações mais comuns, estão a infecção urinária, a formação de pedras na bexiga e pode levar à insuficiência renal.

Como tratar o problema

O problema é tratado de acordo com o estágio e indicação médica. Podem ser indicados:

Alfa-bloqueadores, que relaxam a próstata;

Inibidores da 5-alfa-redutase;

Cirurgia de raspagem de próstata, que pode ser robótica ou feita com laser.

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Entre os possíveis efeitos adversos, podem estar a queda na libido dos homens que usam os inibidores da 5-alfa-redutase. Isso atinge cerca de 15% dos usuários do medicamento. Já a queda na pressão arterial pode aparecer nos que usam os alfa-bloqueadores.

Cirurgia de raspagem pode deixar homem impotente?

Os possíveis efeitos indesejados da cirurgia podem estar associados à ejaculação retrógrada, ou seca, que faz com que no momento do orgasmo o sêmen seja lançado para dentro do corpo, na direção do colo da bexiga, que pode se dilatar com a cirurgia.

As técnicas cirúrgicas não costumam ocasionar disfunção erétil ou incontinência urinária.

Existem procedimentos que não comprometem a ejaculação?

A resposta é sim! Uma inovadora cirurgia faz o uso de vapor de água destilada a uma temperatura escaldante de 100ºC para induzir a retração da glândula, resultando em uma redução de até 48% em seu volume.

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Com a vaporização, o risco de ocorrência de ejaculação retrógrada é mínimo, sendo observado em apenas um em cada dez homens.

Denominada Rezum, essa técnica já está sendo realizada nos Estados Unidos. No entanto, mesmo lá, os estudos mais antigos têm acompanhado os pacientes por apenas cerca de cinco anos, revelando que a maioria permanece em excelente estado de saúde. Durante esse período, a hiperplasia benigna ressurgiu em apenas 4,4% dos casos.

No Brasil, a técnica foi aprovada pela Anvisa no início de 2023. O procedimento foi realizado pela primeira vez em junho do ano passado, no Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em São Paulo. Carlo Passerotti, coordenador do Centro Especializado em Urologia da instituição, relata: "Operamos em três homens, e todos estão em ótimo estado".

Outra técnica, aprovada em 2016 pelo CFM (Conselho Federal de Medicina), é a embolização prostática, que visa bloquear o fluxo sanguíneo nas áreas afetadas da próstata.

Esse procedimento tem o objetivo de reduzir a compressão da uretra, aliviando ou eliminando as dificuldades urinárias.
Sua vantagem também está associada à possibilidade de liberação do paciente no mesmo dia. Além disso, ao contrário de muitos tratamentos para hiperplasia benigna da próstata, a embolização permite a manutenção da ejaculação, enquanto outros métodos frequentemente levam à interrupção desse processo, embora a ereção e o orgasmo sejam preservados.

*Com informações de reportagem publicada na coluna de Lúcia Helena em 29/06/2023 e de reportagem publicada em 05/09/5019.

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