Do meio quilo de macarrão de Phelps às restrições de judocas e ginastas: a dieta dos atletas
A participação de Michael Phelps na Rio 2016 traz diferenças em relação a campanhas anteriores do nadador. Uma delas é bastante aparente: em vez de tentar algo hercúleo como buscar as oito medalhas de ouro que ele conquistou em Pequim, o nadador americano se inscreveu em apenas três provas individuais, por exemplo.
Outra coisa que mudou foi a quantidade de comida no prato: diferentemente de 2008, quando foi revelado para o mundo o impressionante regime alimentício de 12 mil calorias por dia que regia os treinamentos de Phelps, o maior medalhista olímpico de todos os tempos moderou seu apetite para a competição no Brasil, em que promete encerrar a carreira: não há mais a dieta à base de sanduíches de ovos fritos, 1kg de macarrão e uma pizza inteira, mas sim um consumo maior de carnes brancas.
Por quê? O principal motivo é que Phelps reduziu bastante a quantidade de treinos. Segundo o próprio americano, ele hoje já não passa mais a média de cinco horas por dia na água, seis vezes por semana do auge da carreira. E, aos 31 anos, ele tampouco tem o mesmo metabolismo de oito primaveras atrás.
Ainda assim, após vencer o revezamento 4x100m na noite de domingo, no Centro Aquático, Phelps precisou fez um "lanchinho" de meio quilo de macarrão cozido antes de ir para a cama.
Balança, a adversária
Caso alguém nunca tenha visto Phelps, ele mede 1,93 e pesa 88kg, algo quase tão impressionante quanto a quantidade industrial de comida que ingere. O segredo? Assim como outros atletas de elite, o nadador é incomum até na maneira como queima energia. Um "mero mortal" gasta uma média de 400 a 600 calorias por hora nadando, dependendo da intensidade do exercício. Em nadadores olímpicos, isso chega às milhares.
Mas assim como há 28 modalidades no programa olímpico, há também variadas dietas de esportistas de elite. Na natação, por exemplo, atletas até precisam se preocupar com a cintura, mas não são classificados pelo peso, como é o caso de esportes como judô e boxe, em que a balança também pode ser um adversário.
"Não existe judoca que não acorde e não olhe para a balança", explica a técnica da equipe brasileira olímpica de judô, Rosicléia Campos, referindo-se às regras do esporte: atletas são pesados na véspera das lutas e podem ser sorteados para uma pesagem-surpresa 45 minutos antes de entrarem no tatame. Há um limite de tolerância de peso de apenas 5% do limite da categoria.
Sacrifícios também estão na pauta da ginástica olímpica, em que a necessidade de controle de peso se alia às exigências estéticas tradicionais do esporte.
A dieta de uma ginasta pode girar em torno de 1400 calorias por dia, menos do que a média necessária para mulheres (2 mil). O consumo de doces é estritamente controlado durante a preparação para competições – ao contrário de Phelps, que costumava se empanturrar de panquecas com açúcar nos treinos para os Jogos de Pequim.
De olho no metabolismo
Mas como explica a nutricionista do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), Renata Fraga, restrições alimentares incidem sobrem quem menos se espera. Atletas de esportes de precisão, como o tiro e o arco e flecha, precisam se preocupar com alimentos termogênicos – aqueles que aceleram o metabolismo, como o café.
"Eles não podem ficar acelerados quando estiverem diante do alvo e tampouco podem ser atrapalhados por um estômago cheio. Precisam calcular bem quando vão comer também para não ficarem com fome durante as disputas", explica Fraga.
Esse desafio envolvendo porções e "timing" é ainda mais importante na vela, em que além do gasto energético os atletas precisam se preocupar com as surpresas do vento - uma sessão de regatas pode fazer com que passem até seis horas na água.
As necessidades de diferentes esportes fazem da organização de cardápios de grandes competições um desafio, ainda mais quando levadas em conta questões religiosas, como a necessidade de servir carne halal para muçulmanos, caracterizadas por regras rígidas de abate dos animais, e opções como o vegetarianismo e o veganismo.
Não é por acaso que o restaurante da Vila Olímpica da Rio 2016 tem o tamanho de dois campos de futebol. Se bem que, na Zona Internacional, diversos atletas foram vistos "invadindo" a filial de uma famosa rede americana de lanchonetes.
"A gente só pode recomendar. Se os atletas vão seguir ou não, é outra história", diz Fraga.
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