Topo

Paola Machado

REPORTAGEM

Texto que relata acontecimentos, baseado em fatos e dados observados ou verificados diretamente pelo jornalista ou obtidos pelo acesso a fontes jornalísticas reconhecidas e confiáveis.

A lista é longa! Veja doenças que podem ser causadas pela má alimentação

Colunista de VivaBem

01/12/2022 04h00

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Já estamos cansados de saber que uma má alimentação traz riscos ao nosso corpo. Dessa forma, o consumo excessivo de açúcares refinados, sódio ou gorduras consideradas "ruins" em sua alimentação pode aumentar o risco de certas doenças, entretanto, optando por uma alimentação saudável você pode reduzir o risco de doenças cardíacas, derrame, diabetes e outras condições de saúde.

É considerada uma alimentação saudável, em sua maioria, alimentos in natura, rica em vegetais, frutas, grãos integrais e laticínios sem gordura ou com baixo teor de gordura; além de carnes magras, aves, peixes, feijões, ovos etc.

Além disso, maus hábitos alimentares podem ser um problema de saúde comportamental, porque nutrição e dieta afetam como você se sente, olha, pensa e age. Uma dieta ruim resulta em menor disposição, capacidade de resolução de problemas mais lenta, tempo de resposta muscular e menos estado de alerta.

Um estudo publicado no Journal of the American Medical Association analisando dados da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição do CDC, dos EUA, (NHANES) e dados nacionais de mortalidade específica por doença, teve como objetivo entender melhor como diferentes componentes dietéticos afetam o risco de morte por essas doenças.

Os pesquisadores investigaram as relações de 10 alimentos e nutrientes diferentes com mortes relacionadas a doenças cardíacas, AVC e diabetes tipo 2. Eles também compararam dados sobre idade, sexo, etnia e educação dos participantes. Descobriram que quase metade de todas as mortes nos Estados Unidos em 2012 causadas por doenças cardiometabólicas estavam associadas a hábitos alimentares abaixo do ideal.

  • Das 702.308 mortes de adultos devido a doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2, 318.656 (45%) foram associadas ao consumo inadequado de certos alimentos e nutrientes amplamente considerados vitais para uma vida saudável e ao consumo excessivo de outros alimentos que não são.
  • O maior percentual de morte por doença cardiometabólica (9,5%) foi relacionado ao consumo excessivo de sódio.
  • Não comer nozes e sementes suficientes (8,5%), gorduras ômega-3 de frutos do mar (7,8%), vegetais (7,6%), frutas (7,5%), grãos integrais (5,9%) ou gorduras poli-insaturadas (2,3%) também aumentam o risco de morte em comparação com pessoas que tiveram uma ingestão ideal desses alimentos/nutrientes.
  • Ingerir muita carne processada (8,2%), bebidas açucaradas (7,4%) e carne vermelha não processada (0,4%) também aumentou o risco de doenças cardíacas, derrame e mortes relacionadas ao diabetes tipo 2.

De acordo com o Cleveland Clinic, a batalha contra doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2 —que são as três das principais causas de morte no mundo— pode ser combatida (ou perdida) pelas suas escolhas alimentares e numerosos estudos traçam uma linha clara entre o que está em seu prato e a mortalidade.

  • Mais de dois terços das mortes relacionadas a doenças cardíacas em todo o mundo podem estar ligadas a escolhas alimentares, de acordo com estudos. Os autores estimaram que 6 milhões de mortes poderiam ter sido evitadas por meio de dietas melhores.
  • Escolhas de estilo de vida saudável reduzem o risco de derrame em 80%, concluiu um estudo da Nutrients. A dieta foi identificada como o principal fator, ganhando a designação de "o pior dos problemas de saúde nos Estados Unidos".
  • Maus hábitos alimentares contribuíram para quase metade das mais de 700 mil mortes revisadas como parte de um estudo publicado em 2017. As mortes foram causadas por doenças cardíacas, derrame e diabetes tipo 2.

Doenças associadas a má alimentação

Obesidade. De acordo com uma pesquisa do National Center of Health Statistics de 2003, cerca de 65,2% dos adultos americanos têm sobrepeso ou obesidade como resultado de má nutrição. E aqui no Brasil não fica muito longe, entre 2006 e 2019, dados do sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) mostraram maior prevalência de excesso de peso entre brasileiros (de 42,6% para 55,4%) e de obesidade (de 11,8% para 20,3%). O excesso de gordura corporal coloca as pessoas em risco de desenvolver uma série de distúrbios e condições, algumas delas com risco de vida.

Hipertensão. Os Institutos Nacionais de Saúde relatam que a hipertensão é um dos possíveis resultados da má nutrição. A hipertensão frequentemente não é detectada e, portanto, não é tratada até desencadear um dano ao corpo. A ingestão de junk food, frituras, sal, açúcar e alimentos refinados podem causar hipertensão.

Colesterol alto e doenças cardíacas. A má nutrição pode contribuir para o aumento do colesterol, que é um dos principais contribuintes para doenças cardíacas. Os Institutos Nacionais de Saúde relatam que mais de 500 mil pessoas nos Estados Unidos morrem a cada ano devido a doenças cardíacas, que podem ser causadas por uma dieta rica em gordura; e, em todo o Brasil, cerca de 14 milhões de pessoas apresentam alguma doença cardiovascular e, pelo menos, 400 mil morrem por ano, o que corresponde a cerca de 30% das mortes de brasileiros. Alimentos com alto teor de colesterol contêm uma grande quantidade de gordura saturada; incluindo sorvete, ovos, queijo, manteiga e carne bovina. Em vez de alimentos ricos em gordura, escolha proteínas magras, como frango, peru, peixe e frutos do mar e evite alimentos processados.

Diabetes. O diabetes também pode estar ligado à má nutrição. Algumas formas da doença podem resultar do consumo de uma dieta rica em açúcar e gordura, levando ao ganho de peso. Dados da Federação Internacional de Diabetes revela que o número de pessoas com a doença aumentou em 74 milhões, totalizando 537 milhões de adultos no mundo em 2021. No Brasil, as estimativas mais recentes somam 16,8 milhões de pessoas com a doença, cerca de 7% da população.

Derrame. Um derrame causado por uma placa que se acumula em um vaso sanguíneo e depois se desprende como um coágulo que viaja para o cérebro e cria um bloqueio pode estar relacionado à má nutrição. Os derrames danificam o cérebro e prejudicam o funcionamento, às vezes levando à morte. Alimentos ricos em sal, gordura e colesterol aumentam o risco de derrame.

Gota. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde, a má nutrição pode levar à gota. Com a gota, o acúmulo de ácido úrico resulta na formação de cristais nas articulações e o inchaço doloroso associado à gota pode levar a danos permanentes nas articulações. Uma dieta rica em gordura ou colesterol pode causar gota. Alguns frutos do mar —sardinhas, mexilhões, ostras e vieiras— bem como carne vermelha, aves, porco, manteiga, leite integral e queijo podem aumentar a quantidade de ácido úrico em seu corpo, podendo causar gota.

Câncer. De acordo com os Institutos Nacionais de Saúde, vários tipos de câncer, incluindo câncer de bexiga, cólon e mama, podem ser parcialmente causados por maus hábitos alimentares. Limite a ingestão de alimentos que contenham açúcares refinados, nitratos e óleos hidrogenados, incluindo carnes processadas, bacon, salgadinhos e batatas fritas.

De acordo com o Ministério da Saúde, opte sempre por escolhas saudáveis. Por isso é importante saber que:

  • in natura ou minimamente processados: são aqueles obtidos diretamente de plantas ou de animais e adquiridos para consumo sem que tenham sofrido qualquer alteração após deixarem a natureza. Exemplos: frutas, verduras, legumes, cereais como o arroz, farinhas, raízes e tubérculos como a mandioca, grãos como os feijões, carne resfriados ou congelados, ovos, castanhas, e leite pasteurizado;
  • produtos extraídos de alimentos in natura ou diretamente da natureza: usados pelas pessoas para temperar e cozinhar alimentos e criar preparações culinárias. Exemplos: óleos, gorduras, açúcar e sal;
  • processados: produtos fabricados essencialmente com a adição de sal ou açúcar a um alimento in natura ou minimamente processado. Exemplos: legumes em conserva, frutas em calda, queijos e pães;
  • ultraprocessados: produtos cuja fabricação envolve diversas etapas e técnicas de processamento e vários ingredientes, muitos deles de uso exclusivamente industrial. Com pouca ou nenhuma quantidade de alimento in natura ou minimante processado na composição Exemplos: refrigerantes, biscoitos recheados, salgadinhos de pacote e macarrão instantâneo.

Evite. Os estudos identificam alguns alimentos comuns em dietas pobres que têm sido associadas a influenciar nossa saúde. A ingestão excessiva de sódio/sal está entre as principais preocupações. Embora o sódio seja um nutriente essencial para o seu corpo, o excesso pode levar à pressão alta (hipertensão) e prejudica a circulação, sobrecarregando o coração.

E a hipertensão é um trampolim para doenças cardíacas e potencialmente um ataque cardíaco ou derrame. Além disso, bebidas açucaradas e alimentos processados também ganharam sinais de alerta nos estudos, assim como alimentos ricos em gorduras saturadas.

O que não pode faltar. O caminho para uma alimentação mais saudável começa no corredor de frutas e legumes, incluem alimentos in natura, grãos integrais, nozes e frutos do mar, como salmão e atum, que são ricos em ácidos graxos ômega-3.

*Essas descobertas são baseadas em médias da população e não são específicas para o risco individual de uma pessoa. Muitos outros fatores contribuem para o risco de doenças, incluindo fatores genéticos e níveis de atividade física. Os indivíduos devem consultar um profissional de saúde sobre suas necessidades dietéticas específicas.

Referências:

NIH. How dietary factors influence disease risk. Disponível em: https://www.nih.gov/news-events/nih-research-matters/how-dietary-factors-influence-disease-risk

Cleveland Clinic. A Poor Diet Increases Your Risk of Dying from Heart Disease, Stroke, Diabetes. Disponível em: https://health.clevelandclinic.org/a-poor-diet-increases-your-risk-of-dying-from-heart-disease-stroke-diabetes/

Ministério da Saúde. Alimentação saudável é aliada na prevenção da obesidade e doenças crônicas. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2020/outubro/alimentacao-saudavel-e-aliada-na-prevencao-da-obesidade-e-doencas-cronicas

Micha R, Peñalvo JL, Cudhea F, Imamura F, Rehm CD, Mozaffarian D. Association Between Dietary Factors and Mortality From Heart Disease, Stroke, and Type 2 Diabetes in the United States. JAMA. 2017 Mar 7;317(9):912-924. doi: 10.1001/jama.2017.0947. PMID: 28267855; PMCID: PMC5852674.

Spence JD. Nutrition and Risk of Stroke. Nutrients. 2019 Mar 17;11(3):647. doi: 10.3390/nu11030647. PMID: 30884883; PMCID: PMC6470893.