Comunidade brasileira LGBT+ comemora aprovação do casamento entre pessoas do mesmo sexo na Suíça
"A esperança que o futuro vai ser melhor" ou o "reconhecimento de que todos nós somos iguais, temos os mesmos direitos, independente da orientação sexual". É o que dizem os brasileiros da comunidade LGBT+ que moram na Suíça e foram entrevistados pela RFI.
Eles comemoraram a aprovação, em referendo, do casamento entre pessoas do mesmo sexo: 64% dos que votaram no último 26 de setembro disseram "sim" para o casamento para todos. Entre eles, a estudante brasileira Bianca, de 25 anos, há 11 na Suíça, que já tem o direito de votar no país.
"Eu fiquei muito feliz com os resultados, que foram bem altos. Todos os cantões da Suíça votaram a favor. Fiquei muito feliz em saber que a gente não está sozinho nessa luta. De saber que a maioria da população do país apoia a gente e acha que a gente tem que ter os mesmos direitos de qualquer outro casal, que nosso amor vale a pena, assim como de todo mundo."
De acordo com ela, o fato de a Suíça ter sido um dos últimos países em aceitar o casamento entre pessoas do mesmo sexo na Europa Ocidental dava a impressão de que esse direito não era bem visto entre a população. "Agora a gente consegue ver pelo resultado que o povo já estava pronto para essa mudança, estava pronto para esse avanço", avalia.
"Um casal normal"
Para a estudante, o resultado da votação também mostra que dias melhores estão por vir. "Para mim, a aprovação representa o futuro. Um futuro mais aberto, mais pronto para mudança, pronto para avanço, para aceitar qualquer tipo de pessoa. Representa esperança que o futuro vai ser melhor", afirma.
Ela lembra que o resultado pode afetar diretamente a vida e os sonhos de muita gente. "Graças a essa mudança, eu posso casar, ter filhos. Eu tenho os mesmos direitos que um casal heterossexual sempre teve. Eu tenho a esperança que isso tudo que está acontecendo agora leve as pessoas a ver no futuro a homossexualidade como uma coisa mais normal, porque tem ainda muita discriminação", conta Bianca.
A estudante diz que gostaria de que as coisas mudassem, o preconceito diminuísse e que os casais formados por pessoas do mesmo sexo fossem visto como "um casal normal".
Desejo de igualdade
O engenheiro Sérgio Conte, de 36 anos, disse o que representa para ele a aprovação do casamento para todos. "Todos nós somos iguais perante a lei. Claro que tem o ponto simbólico, da vitória da comunidade LGBT, mas para mim, isso é o mais importante".
O médico Camilo Moulin, de 44 anos, que está há nove na Suíça, tem a mesma opinião: "Aqui na Suíça, somos bem respeitados como pessoas, eu sempre senti isso vivendo aqui, mas acho que com essa votação recente foi uma aprovação mais afirmativa para dizer que o povo suíço, realmente, corrobora com esse conceito de as pessoas terem direitos iguais", comenta. "Eu posso viver na sociedade como qualquer outra pessoa independente da minha orientação sexual", completa.
O brasileiro Sérgio conta à RFI como o resultado do referendo pode afetar a sua vida. "Parte do princípio de que eu tenho a opção de querer fazer o que qualquer pessoa pode fazer. Saber que eu posso. Que, se eu quiser, eu posso".
Um dia que demorou para chegar
Para Bianca, a decisão de alterar o código civil do país para incluir o casamento entre pessoas do mesmo sexo demorou para chegar. "O povo está nessa luta aqui na Suíça há muitos e muitos anos", ressalta. "Principalmente se a gente comparar com nossos países vizinhos aqui da Europa, que já tinham liberado isso há muitos anos. Mas agora, a gente viu que o povo já estava pronto para a mudança. E agora é só pra frente".
Camilo reconhece o atraso, mas comemora o resultado: "Aqui na Suíça, a sociedade evoluiu muito, talvez essa parte do casamento de pessoas do mesmo sexo demorou mais um pouco, mas foi bem-vinda. Também acho que as coisas já estavam caminhando muito bem até essa votação".
Segundo ele, na área da saúde há questões a serem melhoradas, "principalmente em relação aos homens homossexuais, de atenção primária e secundária à saúde". Ele se refere, por exemplo, ao seguro de saúde e à cobertura para os casais do mesmo sexo, por exemplo.
Sérgio, por sua vez, diz que "talvez faltem fundos e mais projetos contra o preconceito"."Hoje, muitos projetos no mundo inteiro funcionam por doações ou por ONGs. Acho que falta mais apoio do governo para projetos contra homofobia e que protejam a comunidade", comenta.
Bianca diz que ainda há muita coisa pra mudar no mundo todo, não só em relação a direitos, mas em termos de mentalidade."Tem país que aceita o casamento, mas o povo não aceita os homossexuais, então, o que adianta poder se casar e não poder viver tranquilamente?", pergunta.
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