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Influencer adota nome social e é criticado por grupo de trans e travestis

O influenciador Cassio Blanco segura o documento com o novo nome - Reprodução/Twitter
O influenciador Cassio Blanco segura o documento com o novo nome Imagem: Reprodução/Twitter

Camila Brandalise

De Universa

03/12/2021 15h21

O influenciador digital Cassio Blanco mostrou nas redes sociais uma "homenagem" feita à influenciadora e comediante Gessica Kayane: trocou de nome e passou a usar o dela em seu novo documento. A intenção, segundo Blanco, era chamar a atenção de Gessica e assim ser convidado para uma festa que ela dará em breve.

Mas para mudar o nome, o influencer usou de uma política pública criada para cidadãos transexuais e travestis, o direito ao uso do nome social. Por causa disso, Blanco foi criticado nas redes sociais por diversos seguidores, inclusive pela Antra (Associação Nacional de Travestis e Transexuais). Procurado pela reportagem, não respondeu até a publicação deste texto. Mas disse em seus stories que "não tinha a intenção de ofender ninguém".

"Quero pedir desculpas a quem possa ter se sentido ofendido pela minha atitude. A única coisa que eu queria mesmo era mudar meu nome para ser chamado de Gessica, para chamar a atenção da GKAY", disse, referindo-se ao apelido da influenciadora.

Por que o nome social não deve ser usado por quem não é trans?

Como explica Bruna Benevides, secretária de articulação política da Antra, a política de nome social é específica para pessoas travestis e transexuais, que até hoje lutam para conseguir acessar esse direito mesmo sendo garantido por lei desde 2016.

"Aí vem uma pessoa, de forma irresponsável, e se utiliza disso, de alguma forma zombando das pessoas trans no Brasil. Enquanto muitas de nós continuam lutando e tendo esse direito violado, ele foi lá e, facilmente, conseguiu mudar o nome", diz Benevides.

"Ele fez isso para gerar engajamento, ganhar likes. Tem 350 mil seguidores e poderia usar esse espaço para conscientizar seus seguidores sobre o tema. Não para se utilizar de um aparato do Estado e emitir um documento que, em primeiro lugar, nem deveria ter sido permitido."

Para a ativista, o lado bom do que aconteceu foi trazer a discussão a público. "Nossa forma de reagir é chamar para reflexão, não é para achincalhar nem ameaçar, mas conscientizar que o que ele fez é algo errado de diversas formas", afirma Benevides, ressaltando que o episódio ainda traz o risco de outras pessoas fazerem o mesmo que o influenciador.