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Silvero Pereira diz que tinha medo de ser julgado pela sexualidade na TV

Silvero Pereira como o Lunga de Bacurau - Reprodução
Silvero Pereira como o Lunga de Bacurau Imagem: Reprodução

De Universa,

25/06/2020 09h42

Silvero Pereira, de 38 anos, afirmou que sentia medo de ser julgado pela sua sexualidade. Gay assumido, o ator confessou em entrevista à Quem que sentia a necessidade de mostrar um algo a mais por conta de sua orientação sexual.

"Tinha medo de ser julgado pela sexualidade. Ao entrar no set, sentia que tinha que provar algo mais por ser gay. De que eu não era 'apenas gay'. De que se, alguma coisa desse errado, era porque a 'bichinha' que estava fazendo, porque essa 'bichinha' não tinha formação suficiente e o que ela tinha a oferecer era o fato de ser gay", contou.

O astro do filme "Bacurau" admitiu que sempre se sentiu pressionado a entregar mais resultados por conta de todo o preconceito que sofre. "Em todas as oportunidades que tentei construir, precisei ser superior à imagem da 'bichinha' que tentavam me colocar", disse. "É óbvio que eu levo isso ainda comigo de uma maneira não resolvida, de fato, porque passei por isso a vida inteira", assumiu.

Para Silvero, esse tipo de fenômeno acontece apenas com a parcela da população LGBT que está em frente às câmeras. "Nossa comunidade passa por isso o tempo inteiro, não só no meio artístico", explicou ele, que estreou na televisão na novela "A Força do Querer", a convite da autora Glória Perez.

"É o fato de que tem que provar muito mais do que o heterossexual só por conta da sua sexualidade. Se você vai ser médico, maquiador, qualquer coisa, a primeira coisa que as pessoas tendem a dizer é 'a bichinha'."

Então, o maior desafio de Silvero é ser enxergado como artista. "Quero que as pessoas enxerguem que a minha identidade sexual e a minha identidade pessoal não tem nada a ver com a minha identidade artística", afirmou.

"Se eu uso a arte hoje para falar sobre isso é porque tenho responsabilidade para que os outros não precisem passar pelo que passei. O meu grande desafio hoje é tentar construir gerações futuras que não precisam passar pelo que a gente passa hoje", disse.