Acabou a folia: o que quem vive de Carnaval faz no resto do ano
A folia acabou, já é hora de guardar as fantasias, tirar os glitters que restaram e voltar à rotina. Se para o folião médio o fim da folia já é difícil, o processo pode ser mais complicado para quem, além de amar, ainda tem uma relação profissional com o carnaval. É preciso criatividade e senso de oportunidade para manter o equilíbrio financeiro quando a folia acaba.
É o caso da empresária Tatiana Baumworcel, de 23 anos, dona da marca de glitter Purpurine. No início, a paixão da publicitária pelo glitter era só uma brincadeira, mas acabou virando negócio para muito além do carnaval.
"Eu achava que nos blocos tinha pouco brilho e eu sempre adorei. Aí, em 2015, eu comecei a levar glitter e oferecer makes por R$ 5, uma cerveja ou qualquer coisa, era bem de brincadeira. No ano seguinte, comecei a vender os glitters", lembra ela.
Quatro anos depois, o negócio cresceu e já tem loja física e e-commerce para vender glitters exclusivos que Tatiana produz. A marca oferece, também, serviços de make gliterinada. O carnaval é, por motivos óbvios, o momento do ano em que a Purpurine mais fatura.
"Entre dezembro e março se concentra 90% da receita da marca", conta Tatiana. Mas quando o carnaval acaba, o trabalho continua para a publicitária, que tem a Purpurine como única fonte de renda.
Glitter em casamento, festa da firma, 15 anos...
"Eu penso no glitter não como o produto, mas como a ferramenta para entregar alguma coisa. Tem várias facetas: a autoestima, o mundo lúdico. Ele entrega experiências diferentes", explica.
Com essa ideia, a Purpurine já foi contratada para levar brilho a muitos eventos. "Numa festa de 15 anos, a gente faz maquiagem de purpurina nos convidados, que é uma forma de costumizar e trazer uma nova experiência para uma festa que é bem tradicional. Também já fizemos eventos de multinacionais grandes. A galera adora. Em casamento, faz muito sucesso, todo mundo quer passar.", conta ela.
O mercado da moda também é uma oportunidade grande de negócios. "Trabalhamos com uma uma marca infantil que tinha uma coleção de fadas e a purpurina era o pó da fada, brincava com o universo lúdico da coleção", explica.
Redes sociais afiadas
Os serviços variam entre R$ 360 e R$ 2.500 reais por evento, de acordo com o número de pessoas, e a Purpurine conta com uma equipe de 75 freelancers. Além do olhar apurado para oportunidades de negócios, outro ingrediente do sucesso é um bom marketing em redes sociais.
"Amo Instagram e uso muito para a Purpurine. No começo, a venda era toda feita por lá. Foi lá também que algumas digital influencers notaram a marca, o que foi importante no começo. Gosto de ir anunciando e fazendo o lançamento de novos glitters ao longo de todo o ano, o que mantém uma parcela fiel dos clientes aguçadas, comprando o ano inteiro", conta.
A blogueira Amanda Britto, de 32 anos, do blog Starving, dedicado majoritariamente a Carnaval, é outro caso de profissional que faz o pé de meia enquanto todo mundo cai na farra.
Ela tem o blog desde 2010, mas começou a bombar mesmo em 2017, quando, de volta de uma temporada morando fora, Amanda se jogou em uma antiga paixão: o carnaval. A blogueira, que sempre foi prendada, sabia costurar e amava atividades manuais, arrasava nas fantasias e acabou chamando a atenção.
"Em 2017, comecei a focar muito o conteúdo do blog no carnaval, a publicar tutoriais fazendo makes, fantasias e acessórios", lembra. Assim, apareceram os primeiros convites de marcas, a maior parte delas relacionada ao mundo da beleza.
Dois anos depois, em 2019, Amanda fez a publicidade de muitas marcas durante o carnaval, de canal de TV à rede de cafeterias, passando por uma coleção de carnaval que assinou junto a uma marca de moda carioca.
Carnaval sempre que dá
Mas, agora que a folia acabou, ela tira as fantasias e, à paisana, volta a dar aulas de marketing digital, disciplina que vive na prática por conta de seu blog e redes sociais, seguidas por milhares de foliões e folionas atrás de inspiração carnavalesca. Além disso, ela não deixa de aproveitar outras oportunidades para carnavalizar.
"Ano passado, por exemplo, que teve Copa do Mundo, fiz muita make de glitter e tutorial com a temática e fui procurada por marcas para fazer ações para a Copa. Acho que todos os eventos de rua, que têm bastante a ver com a nossa cultura, podem ser oportunidades para as pessoas se montarem, não só no carnaval. Festa junina rola trabalho também, além de festivais, como o Rock In Rio, o Lolapallooza, halloween, são todos momentos em que é possível criar conteúdo e as marcas acabam me chamando para falar de beleza", explica.
Mesmo atuando em outros eventos, o carnaval segue sendo a temática principal do Starving. "Acaba sendo o único blog que fala de carnaval o ano inteiro, de uma forma ou de outra", diz.
As meninas já fazem contagem regressiva: faltam 352 dias para o carnaval 2020.
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