Pais sob julgamento: nem tudo tem certo e errado na educação dos filhos
Quem tem filho lida com críticas de amigos, parentes e até desconhecidos. É o jeito que a gente segura, dá banho, veste, o tempo que amamenta... Mas, se isso nos incomoda tanto, por que repetimos esse mesmo comportamento? “Cada família tem seus valores, seu estilo de educar e é preciso respeitar isso”, conta a psicóloga e orientadora educacional Júlia Bittencourt. E se o diferente não é, necessariamente, melhor ou pior, vamos a algumas dicas práticas.
1. Um bom começo: evitar, ao máximo, as comparações
Muitos pais comparam a fim de “medir” o desenvolvimento do filho tendo como referência as outras crianças. É normal. Mas é preciso ter cuidado com esse hábito, porque ele pode, inclusive, prejudicar a sua relação com o seu filho. “Quando comparamos nosso filho com o outro, não estamos olhando para ele com suas potencialidades e particularidades”, lembra Júlia Bittencourt.
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2. Refletir: por que estou dando atenção a isso?
Pense sobre os motivos que estão levando você a julgar uma determinada atitude dos outros pais. Normalmente, quando algo chama a atenção, é porque o tema não está tão bem resolvido assim na nossa própria família, e ainda gera uma certa insegurança. “Essa é uma questão que está relacionada ao autoconhecimento. Quanto mais a pessoa se conhece, menos precisa fazer apontamentos negativos em relação às outras pessoas”, explica a psicóloga Graciele Almeida Reis.
3. Exercer a empatia
Cada pessoa/família está inserida em um contexto completamente particular. Mesmo você e sua melhor amiga não têm a mesma história de vida, não receberam a mesma educação e podem não desfrutar das mesmas condições econômicas e sociais. “Empatia é a palavra-chave! Quando nos colocamos no lugar do outro, conseguimos ser mais justos e amáveis. Em geral, quando julgamos, estamos tendo acesso a apenas um pedacinho de uma situação, então, a visão é parcial”, conta Júlia.
4. Informar-se sobre o assunto
Muitas vezes, emitimos opiniões sobre assuntos que desconhecemos, o que é bastante contraproducente. A fotógrafa Tatiane Carvalho, 28 anos, conta que já foi criticada por pessoas da família porque optou por amamentar a filha por mais tempo que o “convencional”. “Fico perplexa quando falam que amamento demais minha filha, que ela já vai fazer 2 anos e não precisa mais de leite materno. Sempre informo que o Ministério da Saúde recomenda amamentação exclusiva até os 6 meses e até os 2 anos ou mais como complemento”, diz.
5. Aceitar que você não precisa ser melhor do que ninguém
A pedagoga Carolina Adami, 38 anos, é frequentemente julgada por fazer cama compartilhada com o filho de 4 anos e, por outro lado, confessa que já chamou a atenção das amigas com relação ao uso prolongado da chupeta. Ela reconhece que há uma certa competição entre os pais, totalmente improdutiva, que só faz gerar mais conflitos. “A maternidade é, infelizmente, uma competição. As mães querem ser umas melhores que as outras e isso motiva julgamentos desnecessários”, afirma.
6. Aprender com o outro
Já que cada um tem seu próprio jeito de educar e cuidar, uma ideia é transformar o julgamento em algo mais nobre, tentar aprofundar o olhar. “O julgamento é superficial e vazio de sentido. É possível olhar para as diferenças e identificar o que se pode absorver da experiência ou das estratégias desconhecidas até então”, sugere Graciele.
7. Considerar se é hora de falar ou calar
Para trocar experiências e tirar proveito disso, você precisa estar flexível para rever suas próprias ideias, se for o caso. E o outro, também. “Se houver dúvida sobre a disponibilidade do outro em ouvir, não fale nada. Um palpite na hora errada pode prejudicar a relação”, alerta o psicólogo Tiago Yehia de la Barra. É o que faz a farmacêutica e doceira Luciana Colombo, 40 anos, que já foi julgada por deixar a filha na casa dos avós até tarde, por conta de compromissos pessoais -- e que já julgou muito também. “Faz parte do ser humano julgar. O que faço é não expor o que penso para a pessoa, evito emitir minha opinião se eu sei que ela não vai ajudar. Sei que dói ouvir algumas coisas, principalmente quando envolve os filhos”, diz.
FONTES: Graciele Almeida Reis, psicóloga. Gabriela Malzyner, psicóloga, psicanalista e professora do curso de formação em psicanálise da CECP/SP. Tiago Yehia de la Barra, psicólogo e professor de Pós-graduação da Universidade Municipal de São Caetano do Sul (USCS). Julia Bittencourt, psicóloga, orientadora educacional no Colégio Garriga de Menezes (RJ), especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental na Infância e Adolescência e em Psicopedagogia.
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