Mulheres que trabalham com tecnologia são punidas por denunciarem assédio

A discussão sobre a misoginia e o assédio na indústria da tecnologia parece estar longe do fim. Depois do manifesto "antifeminista" publicado por um funcionário do Google e dos relatos de violência psicológica contra a mulher na Uber, a ONG "Women Who Tech" decidiu fazer um levantamento para entender até que ponto as denúncias têm resultado em avanços para a mulher na área.
O resultado? Essas mulheres são, frequentemente, mais punidas por falarem de suas experiências do que os seus agressores pelos atos que cometeram.
A pesquisa ouviu 950 trabalhadores da indústria de tecnologia, 750 mulheres e 200 homens. Ao perguntar aos dois grupos sobre assédio, a diferença com a experiência foi alarmante: 53% das mulheres já havia passado por uma situação semelhante (e 60% destas, mais de uma vez), enquanto apenas 16% sofreu algum tipo de agressão do gênero — moral, sexual, etc.
Entre as mulheres que já passaram pela violência, 63% responderam que o agressor foi um colega de trabalho, enquanto 41% responsabilizaram um supervisor. 72% disseram que o assédio foi de cunho sexual, 57% foram vítimas de algum tipo de toque indesejado e 13% receberam ofertas de promoção em troca de uma relação sexual.
No entanto, a violência de gênero não é o único problema da indústria de tecnologia. 15% das mulheres e 23 dos homens já passou por alguma agressão racial, 7% das mulheres e 17% dos homens foi vítima de homofobia e 7% de cada grupo enfrentou discriminação em relação a sua identidade de gênero.
As mulheres, no entanto, ainda relataram tolerar comentários sexistas com frequência. 34% afirmaram que já ouviram de um colega a sugestão de que deveriam se demitir para ter filhos e 71% delas contou que um colega dirigiu a um homem perguntas que elas eram mais preparadas do que eles para responder. Apenas 16% dos homens passaram pela mesma situação.
O relatório da "Women in Tech" ainda conclui que apenas 16% das mulheres denuncia esse tipo de agressão aos departamentos de recursos humanos e 23% para um gestor. Por quê? Só 46% disseram que suas denúncias foram levadas a sério pelas empresas e 12% ficaram satisfeitas com as soluções oferecidas. E enquanto 35% enfrentaram consequências por terem se manifestado, apenas 9% dos seus agressores também foram repreendidos ou punidos.
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