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'Não faço ideia de como surgiu essa história', diz ex-mulher de Bolsonaro

A ex-mulher do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, durante ato pró-Bolsonaro nas ruas de Resende, interior do estado do Rio de Janeiro - Eduardo Anizelli/Folhapress
A ex-mulher do candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, Ana Cristina Valle, durante ato pró-Bolsonaro nas ruas de Resende, interior do estado do Rio de Janeiro
Imagem: Eduardo Anizelli/Folhapress

Fabio Grellet, enviado especial

do Estadão Conteúdo, em Resende

27/09/2018 08h54

A advogada Ana Cristina Valle, de 51 anos, ex-mulher do candidato do PSL à Presidência da República, Jair Bolsonaro, negou nesta quarta-feira, 26, ter acusado o ex-marido de ameaçá-la de morte, como consta de um documento interno do Itamaraty.

"Numa separação sempre há tensões, mas jamais falei aquilo, nem meu (atual) marido falou. Não faço ideia de como surgiu essa história", disse ela em sua casa, em Resende, no sul fluminense.

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Mãe de dois filhos, um deles com Bolsonaro, avó de uma menina e atuante nos bastidores da política há 26 anos, Ana Cristina disputa agora sua primeira eleição - tenta se eleger deputada federal pelo Podemos. Um dia após a divulgação do documento do Itamaraty que menciona a suposta ameaça, a advogada disse estar "indignada".

"Nunca falei com ninguém da embaixada brasileira na Noruega. O telegrama do Itamaraty diz que eu cogitei pedir visto, mas isso não faz nenhum sentido. Naquela época (2011) eu já morava na Noruega havia dois anos, e tinha autorização para morar lá, com situação absolutamente regular. Não precisaria pedir asilo."

Segundo o documento do Itamaraty, que é um telegrama, ela mencionou a hipótese de pedir asilo na Noruega por causa da ameaça feita por Bolsonaro.

Ana Cristina trabalha como chefe de gabinete do vereador Renan Marassi (PPS), que está no primeiro mandato em Resende. Ela, no entanto, está afastada para fazer campanha. Como candidata, adota o sobrenome do ex-marido, que conheceu quando trabalhava como assessora parlamentar em Brasília.

"Sou de Resende mas fui para Brasília trabalhar com o deputado federal (por Alagoas) Mendonça Neto (1945-2010). Conheci o Jair quando participei de um 'panelaço' por melhores salários para militares", conta a advogada.

Seguiu-se o romance e Ana Cristina foi trabalhar com Bolsonaro. O filho do casal nasceu em 1998. O casamento continuou por mais aproximadamente nove anos. Em 2009, mudou-se para a Noruega. O filho ficou com o pai. Embora admita desavenças logo após a separação, Ana disse que jamais houve ameaça ou qualquer outro problema dessa gravidade.

Retorno

Ana Cristina afirmou que permaneceu na Noruega até 2014, ano em que voltou ao Brasil acompanhada do marido. Eles foram morar em Resende, e em 2015 o filho dela passou a morar com eles.

Na Câmara, Ana é discreta, segundo funcionários. A discrição caracteriza também a campanha para deputada. Por falta de dinheiro, segundo ela, é feita exclusivamente pelas redes sociais - não foram feitos santinhos, por exemplo. Além do sobrenome do ex-marido, Ana Cristina adota ideais semelhantes aos de Bolsonaro.

"Sou veementemente contra o aborto, contra a cartilha que vinha sendo disponibilizada nas escolas infantis contendo material sexual e totalmente a favor da redução da maioridade penal, inclusive minha monografia de conclusão de curso tratou da imputabilidade penal e a idade cronológica, baseando-me no projeto de lei do Jair."

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.