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Motorola Edge+ faz bonito na disputa dos tops, mas 5G não é diferencial

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

23/07/2020 04h00

O brasileiro que quiser um celular compatível com a tecnologia 5G tem duas opções: o Motorola Edge e o Motorola Edge+. O segundo, tema deste review, marca o retorno da marca ao segmento dos smartphones top de linha, pois vem equipado com o processador Snapdragon 865 — o melhor da Qualcomm — e preenche todos os requisitos de especificações técnicas avançadas.

O preço também indica que o Motorola Edge+ veio competir com os campeões do mercado. Ele foi lançado por R$ 7.999 no lançamento, custando R$ 500 a menos que o Galaxy S20 Ultra e R$ 400 a mais do que o modelo de entrada do iPhone 11 Pro Max quando estes começaram a ser vendidos no Brasil —atualmente já saem mais barato.

Para justificar o investimento, um celular teria que ter um diferencial em relação aos concorrentes. A compatibilidade com o 5G seria isso, se o Motorola Edge+ funcionasse no espectro do 5G DSS lançado primeiro pela Claro, e depois pela Vivo. Mas não funciona: só o Edge comum é compatível com o novo tipo de conexão. O Edge+ até aceita 5G, mas só nas frequências que serão leiloadas ano que vem.

O Motorola Edge+ é um celular excelente que não fica devendo para concorrência. Mas, o preço elevado e seu acesso ao 5G restrito (por enquanto) indicam que esse aparelho não é uma boa decisão para julho de 2020. Talvez venha a ser no ano que vem, quando espera-se que as outras bandas de 5G cheguem de vez.

Motorola Edge+

Preço

R$ 7.999 R$ 7.199 à vista (Shopping UOL - 22/07/2020)
TILT
4,3 /5
ENTENDA AS NOTAS DA REDAÇÃO

5,0

É grande e tem tecnologia de ponta, com destaque para a taxa de atualização de 90 Hz

5,0

5,0

Som estéreo e poderoso nos alto-falantes do smartphone

4,0

5,0

5,0

5,0

Melhor resultado até julho de 2020 no Geekbench 5

3,0

5,0

Mesmo com taxa de atualização de 90 Hz ligada direto, bateria durou um dia e meio

3,0

Controles nas bordas ajudam (e às vezes atrapalham), mas tamanho do celular dificulta uso

4,0

2,0

Outros top de linha recém-lançados estão mais baratos e ainda é possível encontrar celulares com recursos equivalentes por bem menos

Pontos Positivos

  • Tela grande e com tecnologia de ponta, ótima para assistir, jogar ou navegar
  • Câmeras versáteis e capazes de tirar ótimas fotografias e vídeos
  • Atingiu a melhor marca do ano em testes de desempenho

Pontos Negativos

  • Preço é maior do que o de outros celulares com especificações equivalentes
  • É compatível com 5G, mas não com o 5G DSS já lançado no Brasil
  • Tamanho torna o uso pouco confortável

Veredito

A Motorola voltou ao segmento top de linha com um smartphone excelente, com o tamanho enorme como um problema. O preço e a incompatibilidade com o 5G DSS também dificultam uma recomendação.

O sistema de câmeras na traseira é um dos pontos fortes do Motorola Edge+. O celular tem cinco sensores na parte de trás, mas só três deles tiram as fotos. Os outros dois são o foco a laser e um sensor Time of Flight, que capta a profundidade das imagens.

O sensor principal é o que usa uma lente enorme para tirar fotos de até 108 MP, resolução que virou o padrão de smartphones top de linha desde que a Xiaomi lançou o Mi Note 10 no final do ano passado. As circunstâncias da pandemia não criaram tanto incentivo para sair por aí fotografando, mas as fotos que fiz agradaram pelas cores vivas e definição da imagem.

A traseira tem um sensor híbrido grande angular (para fotos panoramas) e macro (para detalhes) de 16 MP. Do trio de sensores, este foi o que menos me agradou, ainda mais quando a iluminação não ajudava. No modo grande angular ou macro, as fotos ficaram granuladas, sem a mesma "vida" que os outros sensores captaram. Isso não significa, entretanto, que ele é ruim — apenas não se destacou.

Por outro lado, a teleobjetiva de 8 MP fez bem seu trabalho. Trabalhando com o sensor principal, ela permite um zoom ótico de 3x, resultando em fotos excelentes com um novo enquadramento sem que você precise dar passos para frente. Não é um zoom de 6x como o Galaxy S20 Ultra, mas supera o de 2x do iPhone 11 Pro.

A câmera frontal não impressiona com os 25 MP de suas especificações —há modelos intermediários com números maiores—, mas é ótima. As selfies tinham boa qualidade e se destacaram pelas cores vivas. Um detalhe relevante em tempos de quarentena é que o modo retrato não identificou meu rosto com máscara. Nada problemático, mas talvez isso precise mudar em breve nos softwares de fotografia de celulares.

Fotos tiradas com o Motorola Edge+

Se eu não usei tanto a câmera do Motorola Edge+, eu posso dizer o contrário da tela. Com 6,7 polegadas (17 cm), ela é enorme e excelente para consumir conteúdo em vídeo. E não é só tamanho: o display usa tecnologia Oled e HDR10+, com resolução Full HD+ e taxa de atualização de 90 Hz —quanto mais alta esta taxa, mais fluida ficará a imagem.

Esses recursos tornam as imagens exibidas na tela do celular mais vivas, com mais cores e contraste, do que as televisões de casa. Então, se você é o usuário de smartphone que assiste a muita Netflix e YouTube no celular, o Motorola Edge+ vai agradar. No meu caso, aproveitei para acompanhar diversos jogos de campeonatos europeus de futebol e fiquei satisfeito.

A tela também é a principal marca do design do Edge+, que tem um furo para câmera frontal no canto superior esquerdo e bordas curvas, um estilo parecido com o que a Samsung adota faz um tempo na linha Galaxy S.

As bordas não são apenas estéticas; elas acendem para avisar quando chegou uma notificação, mas seu celular está virado com a tela virada pra baixo, e são sensíveis ao toque, permitindo que você interaja com o conteúdo do aparelho por meio delas.

São funcionalidades úteis, mas que às vezes atrapalham um pouco na usabilidade. Aconteceu de, ao arrastar do dedo sem querer na borda do smartphone, o sistema interpretar que eu queria voltar uma página — esse comando é lido nas duas laterais.

Quando funcionam bem, os controles a partir das bordas são bem práticos, assim como a possibilidade de atualizar o feed das redes sociais ou visualizar a central de controle e notificações arrastando o dedão na lateral do celular. Isso ajuda a contornar, mas não resolve, o problema que é usar um celular gigante como o Motorola Edge. Com apenas uma mão, seu manuseio não é nada confortável.

Outro fator que ameniza essa reclamação é a interface do Android 10, que permite a troca rápida e intuitiva de aplicativos com toques na parte inferior da tela.

A navegação a partir de toques do Android 10 foi completamente fluida durante as semanas em que testei o Motorola Edge+, um sinal do processador Snapdragon 865 em funcionamento. Aqui vale repetir: o uso neste período não foi normal, então não joguei jogos como faria em deslocamentos pela cidade.

Ainda assim, não sofri com qualquer tipo de lentidão ou travada, e dá para afirmar que o Edge+ está entre os celulares mais poderosos do mercado. Afinal, ele registrou o melhor desempenho nos testes feitos com o Geekbench 5 realizados por Tilt neste ano.

A bateria de 5.000 mAh também não foi forçada como seria em circunstâncias normais, mas causou ótima impressão. Com a taxa de atualização ligada o tempo todo em 90 Hz — 50% a mais do que o normal —, o Motorola Edge+ foi bem consistente na autonomia.

Em média, o celular aguentou um dia e meio longe da tomada, num uso que incluiu o uso de navegador, aplicativos de vídeo e redes sociais. Não cheguei a ficar dois dias com o smartphone ligado, como a Motorola diz que ele aguenta, mas isso me pareceu palpável se a taxa de atualização for reduzida para 60 Hz.

Ao contrário de Apple e Samsung, a Motorola não aboliu a tradicional entrada para fones. Logo, se você quer um celular top de linha que não dependa de Bluetooth ou do conector do carregador para ouvir música, o Edge+ atende a essa demanda.

Outro recurso, cada vez mais comum em smartphones, é o sensor de digital sob a tela. Já me incomodei com isso em outros aparelhos, como o Galaxy A70, mas o do Edge+ funcionou sem nenhum problema.

Com o Edge+, a Motorola não fica devendo na comparação com os melhores celulares do mercado, mas justifica pagar tanto por um celular desses?

Nesse momento não, porque você consegue encontrar smartphones com ótimas câmeras, tela, bateria e poder de processamento comparável por um preço menor. Mesmo os iPhones 11 Pro (R$ 5.779*) e 11 Pro Max (R$ 6.323*) saem mais barato, assim como todos os Galaxies S20 lançados nesse ano — o Galaxy S20 Ultra é encontrado por R$ 6.499*.

Como dito no começo desse texto, a compatibilidade do 5G não é uma vantagem neste momento, pois o Edge+ não funciona com a rede que já está em funcionamento no Brasil. Se seu objetivo é se conectar ao 5G agora, a escolha é o Motorola Edge comum.

* Preços encontrados no Shopping UOL em 22 de julho de 2020

Com e sem o modo Night Vision

Com
Sem
Imagem: UOL | UOL

Selfie com e sem modo retrato

Com
Sem
Imagem: UOL | UOL

Teleobjetiva x Câmera principal

Teleobjetiva
Câmera principal
Imagem: UOL | UOL

Câmera principal x Grande angular

Câmera principal
Grande angular
Imagem: UOL | UOL
Especificações técnicas
  • Sistema Operacional

  • Android 10

  • Dimensões

  • 161,1 x 71,4 x 9,6 mm e 203 g

  • Resistência à água

  • Sim

  • Cor

  • Azul

  • Preço

  • R$ 7.999 no lançamento

Tela
  • Tipo

  • Oled

  • Tamanho

  • 6,7 polegadas (17 cm)

  • Resolução

  • 1080 x 2340 pixels

Câmera
  • Câmera Frontal

  • Tripla de 108 MP (principal), 16 MP (grande angular/macro) e 8 MP(teleobjetiva)

  • Câmera Traseira

  • 25 MP

Dados técnicos
  • Processador

  • Snapdragon 865

  • Armazenamento

  • 256 GB

  • Memória

  • 12 GB

  • Bateria

  • 5.000 mAh

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