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'Cometa verde' é registrado por satélite da missão Artemis; veja vídeo

Cometa C/2022 E3 (ZTF) registrado na Áustria - Michael Jäger
Cometa C/2022 E3 (ZTF) registrado na Áustria Imagem: Michael Jäger

Marcella Duarte

De Tilt, em São Paulo

21/02/2023 19h36

O C/2022 E3 (ZTF), que ficou conhecido como "cometa verde", devido à cor de sua cauda, deu um show nos céus do hemisfério norte em janeiro. Mas ele também foi registrado do espaço, por um satélite que pegou carona da missão Artemis, da Nasa.

O cubesat japonês Equuleus está orbitando a Lua há três meses, fazendo estudos científicos e registros de sua superfície. E aproveitou para dar uma espiadinha no cometa, no dia 12 de fevereiro — duas semanas depois de ele fazer sua aproximação máxima da Terra —, quando ele estava a quase 70 milhões de quilômetros de distância.

No vídeo, feito usando diversas fotos registradas em intervalos de 10 minutos durante seis horas, ele aparece como um ponto branco atravessando uma cena cheia de estrelas (os pontos brilhantes fixos).

O satélite

O Equuleus (EQUilibriUm Lunar-Earth point 6U Spacecraft) é um dos dez cubesats 6U (pequenos satélites, do tamanho de uma caixa de sapatos) que pegaram carona no lançamento da missão Artemis, que enviou a cápsula Orion até a órbita da Lua, em novembro do ano passado.

Desenvolvido pela Jaxa, agência espacial japonesa, em parceria com a Universidade de Tóquio, foi projetado para explorar a distribuição do plasma que circunda a Terra (plasmosfera) e pode nos ajudar a compreender a radiação entre a Terra e a Lua. Os dados serão importantes para proteger seres humanos e eletrônicos dos danos causados pela radiação, durante viagens espaciais mais longas.

Também tem como objetivo estudar impactos de meteoros e o ambiente de poeira ao redor da Lua. Ele usa inovadoras técnicas de controle de trajetória de baixa energia, incluindo um sistema de propulsão de água, que usa muito pouco fluido para posicionar a nave em órbita.

O cometa

O C/2022 E3 (ZTF) é um pequeno corpo rochoso e gelado, de apenas 1 km de diâmetro, vindo das profundezas do Sistema Solar. Ele havia passadp perto da Terra pela última vez no final da Era do Gelo; as testemunhas foram nossos antepassados neandertais e os primeiros Homo sapiens.

O objeto errante foi descoberto em março de 2022, por um telescópio do Zwicky Transient Facility (ZTF — por isso seu nome), na Califórnia, Estados Unidos. Inicialmente, se acreditou tratar-se de um asteroide. Mas o aumento de seu brilho, ao ultrapassar a órbita de Júpiter, revelou que o C/2022 E3 (ZTF) tinha origem cometária.

No dia 1º de fevereiro, ele passou "apenas" 42 milhões de quilômetros da Terra — o ponto mais próximo de nosso planeta, chamado perigeu —, o que equivale a 28% da distância entre nosso planeta e o Sol.

Agora, ele está retornando para as profundezas geladas do Sistema Solar. Astrônomos não sabem se ele algum dia retornará — as forças gravitacionais podem ter empurrado sua órbita para fora do Sistema Solar. Mas, mesmo se isso ocorrer, deve levar mais uns 50 mil anos.

Cometa C/2022 E3 (ZTF)  - Miguel Claro - Miguel Claro
Portugal
Imagem: Miguel Claro

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Por que é verde?

Nas imagens registradas por telescópios, chama a atenção seu brilho verde e a cauda longa e azulada.

Um cometa só "acende" assim quando se aproxima do Sol (longe dele, é apenas uma bola de gelo sujo, com pedaços de rochas), e substâncias de seu núcleo passam diretamente do estado sólido para o gasoso, liberando gases e poeira, que criam uma nuvem ao seu redor — chamada de coma ou 'cabeleira'.

A do C/2022 E3 (ZTF) é bem esverdeada, devido à sua composição diferente dos cometas esbranquiçados. A cor se deve à presença de carbono diatômico.

Quanto mais perto do Sol, estas partículas espalham-se por milhares de quilômetros, "sopradas" pelos ventos solares. Aí se forma a cauda — que desaparece quando o cometa distancia-se da nossa estrela. A do C/2022 E3 (ZTF) é azulada e tem aparência tripla.

Mas estes detalhes são vistos apenas com auxílio de telescópios e câmeras profissionais (astrofotografias).