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Foi gol ou não? Entenda erro da tecnologia no jogo Sheffield x Aston Villa

Lance duvidoso na partida entre Sheffield United e Aston Villa, pelo Campeonato Inglês, teve erros da GLT e VAR ignorado - Reprodução
Lance duvidoso na partida entre Sheffield United e Aston Villa, pelo Campeonato Inglês, teve erros da GLT e VAR ignorado Imagem: Reprodução

Rodrigo Lara

Colaboração para Tilt

19/06/2020 10h55

Uma partida entre Sheffield United e Aston Villa, pelo Campeonato Inglês, na última quarta-feira (17), foi até agora um dos maiores testes ao GLT, uma das tecnologias que surgiram há alguns anos para resolver erros de arbitragem no futebol.

Ao defender uma cobrança de falta, o goleiro do Aston Villa, Orjan Nyland, se desequilibrou e, enroscado com a rede da lateral do gol, acabou entrando com bola e tudo.

O jogo contava com a GLT (Goal-Line Technology, ou "tecnologia de linha do gol", em tradução livre), que serve para detectar quando a bola cruza a linha do gol. Estreou no Mundial de Clubes da FIFA de 2012, mas a sua primeira intervenção oficial ocorreu no Campeonato Inglês, em 2013.

Para a GLT determinar se uma bola entrou ou não, cada gol é monitorado por sete câmeras e chips instalados nas traves. Além disso, ele é configurado para ser eficiente em situações nas quais o campo de visão é obstruído por jogadores.

Caso a tecnologia "perceba" o gol, o árbitro é avisado em seu relógio, o que não aconteceu neste caso. Por isso, o juiz sinalizou que não havia sido gol. A partida seguiu e terminou em 0 a 0.

O problema é que durante a sua concepção, a tecnologia foi testada com obstáculos que representavam os jogadores tinham 1,65 m de altura e 1,40 m de largura. Em uma situação improvável na qual a visão das câmeras seja impedida por jogadores mais altos e mais "largos", o sistema, de fato, pode não funcionar.

Olhando o lance, é possível notar que além do goleiro "abraçar" a bola, um jogador do Aston Villa acaba fazendo uma parede. Essa combinação funcionou como um "casulo" para a bola, impedindo que ela fosse detectada pela GLT. Esta foi a justificativa dada pela Hawk-Eye, empresa responsável por implantar o recurso no Campeonato Inglês.

"As sete câmeras localizadas nas arquibancadas ao redor do gol foram bloqueadas de forma significativa pelo goleiro, pelo defensor e pela trave. Esse nível de oclusão nunca foi experimentado nas mais de 9 mil partidas que a tecnologia esteve em funcionamento", disse em comunicado.

E o VAR?

Mas boa parte da indignação não foi causada pela falha da GLT, mas sim pelo fato de que a partida contava com o VAR (sigla em inglês para "Video Assistant Referee"), tecnologia que combina câmeras em diferentes ângulos e árbitros em uma central de telas.

Uma simples análise do lance seria mais do que suficiente para concluir que a bola havia entrado. O problema, aqui, parece ter sido um excesso de confiança: uma vez que a GLT não acusou o gol, os responsáveis por fazer a checagem do lance em vídeo ignoraram a ocorrência.

Por mais que a tecnologia tenha jogado contra e causado o problema, é improvável que isso coloque em xeque seu uso no esporte. O mais provável é que haja uma mudança de protocolo e nos lembre que, por mais eficiente que seja, não há tecnologia 100% à prova de erros.