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Manifestantes chilenos derrubam drone de vigilância com lasers; veja

Lasers têm sido usados por manifestantes para combater repressão policial no Chile - Ivan Alvarado/Reuters
Lasers têm sido usados por manifestantes para combater repressão policial no Chile Imagem: Ivan Alvarado/Reuters

Rodrigo Trindade

De Tilt, em São Paulo

15/11/2019 13h25

Sem tempo, irmão

  • Vídeo de manifestantes apontando lasers e derrubando drone viralizou na semana
  • Equipamento era usado pela polícia para vigiar a identificar manifestantes chilenos
  • Luzes desorientaram equipamento, que perdeu altitude até ser capturado

Suprimir bombas de gás lacrimogêneo colocando cones sobre elas não é mais novidade, afinal nenhuma das tecnologias envolvidas no processo é nova. Atordoar drones policiais com lasers, sim. Essa foi uma cena registrada nesta semana no Chile, onde a população local tem ido às ruas há semanas em protestos massivos contra o governo — motivados, inicialmente, pelo aumento do preço de passagens do transporte público.

O caso viralizou na internet graças a um vídeo impressionante, que mostrou o efeito coordenado dos manifestantes para derrubar o equipamento policial de vigilância. Na imagem noturna, centenas de pessoas estão na rua sob a supervisão de um drone — o ponto luminoso flutuante no céu.

O dispositivo vira alvo de diversos feixes de luz verde, lasers que não têm nenhuma propriedade especial. Manifestantes das mais diversas posições apontaram os raios luminosos na direção do drone, formando uma espécie de pirâmide luminosa.

Depois de uma primeira oscilação no ar, o equipamento policial consegue voar mais alto e se distanciar das luzes, mas perde o controle na sequência e é capturado pelos manifestantes. O sucesso da operação é celebrado com gritos e aplausos.

Mas como lasers derrubaram um drone? No Reddit, onde o vídeo foi postado na quarta-feira (e visualizado pelo menos 30 mil vezes), um usuário trouxe o exemplo dos drones da marca DJI, que contam com várias câmeras e sensores infravermelho para determinar a proximidade de uma colisão. Com a sobrecarga de luzes, o aparelho teria ficado desorientado, perdido altitude e caído nas mãos da população.

Outra alternativa cogitada é o superaquecimento do drone, que causaria uma falha na bateria. Ainda há a chance do operador do aparelho, se controlado remotamente, ter perdido a visão das câmeras e, consequentemente, a noção espacial de onde ele estava.

Os chilenos não são os pioneiros nesta técnica, pois manifestantes de Hong Kong já haviam adotado lasers para dificultar a repressão policial. Só que, em vez da derrubada de drones, os chineses utilizaram as luzes para "cegar" as avançadas câmeras de reconhecimento facial das forças de segurança locais.

E se você acha que laser é brincadeira, está completamente enganado. O uso dos manifestantes é contra câmeras e equipamentos eletrônicos, então não afeta a saúde de ninguém. No entanto, armas cegantes a laser são um dos cinco tipos de armamentos proibidos pela Convenção de Armas Convencionais da ONU (Organização das Nações Unidas) — o tratado, hoje assinado por 109 países, está em vigor desde 1998.

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