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Galáxia 'monstruosa' da origem do universo é descoberta por pesquisadores

James Josephides/Christina Williams/Ivo Labbe/Universidade do Arizona
Imagem: James Josephides/Christina Williams/Ivo Labbe/Universidade do Arizona

Do Tilt, em São Paulo

25/10/2019 13h17

A astrônoma Christina Williams, da Universidade do Arizona, conseguiu registrar imagens de evidências de uma galáxia do início dos tempos do universo. Segundo a própria universidade, "comunidade científica geralmente considerava essas galáxias um folclore, dada a falta de evidências de sua existência".

Christina percebeu um borrão de luz em observações feitas pelo Atacama Large Millimeter Array (Alma), uma relação de 66 radiotelescópios localizados em montanhas do Chile. O brilho, segundo a Universidade do Arizona, "parecia estar surgindo do nada, como uma pegada fantasmagórica em um vasto deserto escuro". O registro foi comparado à pegada de um Abominável Homem das Neves, tamanha a importância para a comprovação de fenômenos.

"Foi muito misterioso porque a luz parecia não estar ligada a nenhuma galáxia conhecida", disse a astrônoma. "Quando vi que esta galáxia era invisível em qualquer outro comprimento de onda, fiquei muito empolgada porque significava que provavelmente estava muito longe e escondida por nuvens de poeira", acrescentou.

A estimativa é que o sinal da galáxia tenha percorrido 12,5 bilhões de anos-luz para chegar à Terra. A descoberta é considerada importante não apenas por fornecer informações preciosas sobre a formações de galáxias como também contribuir para estudos sobre as dimensões do universo.

"Descobrimos que a galáxia é realmente uma enorme galáxia monstruosa com tantas estrelas quanto a Via Láctea, mas repleta de atividade, formando novas estrelas a uma média 100 vezes superior à taxa de nossa própria galáxia", afirmou Ivo Labbé, co-autor do estudo, da Universidade de Tecnologia de Swinburne, em Melbourne (Austrália).

Segundo o estudo publicado pelos pesquisadores, a emissão observada é causada pelo brilho de partículas aquecidas pelas estrelas que se formam nas profundezas de uma galáxia jovem. As nuvens de poeira escondem a luz das próprias estrelas, o que torna a galáxia invisível.

Desta forma, seria possível resolver uma questão de longa data na astronomia. Estudos recentes apontam que algumas das maiores galáxias do universo jovem cresceram e atingiram a maioridade em pouco tempo, um resultado que não é completamente compreendido. Galáxias "monstruosas" já foram relatadas antes, mas em registros raros que não oferecem explicações satisfatórias.

Por outro lado, galáxias mais antigas (e maciças) nasceram quando o universo tinha 10% de sua idade atual, embora pareçam ter surgido "do nada" - os astrônomos têm dificuldades para registrar tais formações. As galáxias menores no universo primitivo foram vistas pelo Telescópio Espacial Hubble, mas não crescem rápido o suficiente para decifrar o enigma.

"Nossa galáxia de monstros ocultos tem precisamente os ingredientes certos para ser o elo que falta", explica Williams, "porque provavelmente são muito mais comuns".

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Errata: este conteúdo foi atualizado
Diferentemente do informado no quarto parágrafo, o sinal da galáxia percorreu 12,5 bilhões de anos-luz para chegar à Terra, e não demorou 12,5 bilhões de anos-luz. O texto foi corrigido.