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Alessandra Montini

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Você expõe dados o tempo todo, mas sabe o quanto eles estão protegidos?

Olia Danilevich/ Pexels
Imagem: Olia Danilevich/ Pexels

12/09/2021 04h00

Provavelmente você já deve ter enviado mensagem via WhatsApp para alguém, trocou alguns e-mails, fez um orçamento pela internet ou até mesmo uma compra hoje. Só nessas transações você já expôs seus dados pessoais a várias pessoas e empresas.

É comum tudo isso em nosso dia a dia e já fazemos há muito tempo. A questão é entender o quanto eles estão protegidos e como podem ser usados por criminosos. É aí que precisamos nos atentar.

Outro ponto importante é que, muitas vezes, achamos que os dados são fornecidos apenas no ambiente online quando, na verdade, ele também está no mundo offline. Quando você vai fazer um exame de sangue, por exemplo, você fornece uma série de informações que são computadas e salvas.

É claro que recentemente a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que promete fiscalizar e proteger os dados, entrou em vigor e pode ser uma grande aliada para que não aconteçam vazamentos e ataques cibernéticos. No entanto, quando falamos de nós e de nossas informações, precisamos caminhar com cautela e fazer a nossa parte.

Por isso, se informar e entender, principalmente, da LGPD, deveria ser uma prática de qualquer cidadão brasileiro que queira se proteger. Mas não é bem assim.

Uma pesquisa realizada pelo Procon-SP constata que a maioria desconhece a legislação de proteção de dados. Das mais de sete mil pessoas que responderam ao levantamento, apenas 35% conhecem a lei; 65% disseram não saber do que se trata.

Esses números só mostram o quão nossos dados ficam vulneráveis na rede sem qualquer preocupação da nossa parte. É aqui que o "jogo precisa virar".

A partir do momento que tivermos conhecimento onde ficam armazenadas as nossas informações pessoais e como a lei pode estar do nosso lado, poderemos ter mais segurança.

Além disso, precisamos estar atentos aos vazamentos que acontecem a todo tempo por criminosos que invadem algumas empresas.

Em janeiro de 2021, houve um dos maiores vazamentos da história brasileira, do qual 223 milhões de CPF de brasileiros, acompanhado de informações como nome, sexo e data de nascimento, além de uma tabela com dados de veículos e uma lista com CNPJs (Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas) ficaram expostos.

Essas informações ficaram circulando pela internet. Mas muitas pessoas não procuraram saber se precisavam se preocupar com esse tipo de crime.

No estudo do Procon, os entrevistados foram questionados se já tiveram conhecimento de que algum dado seu foi vazado (compartilhado indevidamente ou mesmo roubado). A maioria, 72,77% (5.391), não teve conhecimento de vazamento de seus dados, mas um percentual considerável, 27,23% (2.017), já teve.

Dessas 2.017 pessoas, 642 (31,83%) tiveram conhecimento ao ser vítima de um golpe; 350 (17,35%), souberam ao investigar após ver notícia sobre vazamento de dados; 166 (8,23%) ao ter o nome sujo indevidamente; 129 (6,40%) tiveram conhecimento por amigos ou parentes; 33 (1,64%) ao ser indevidamente processado civil ou criminalmente; e 697 (34,56%) souberam de outra forma.

Apenas 36,74% (741) afirmaram ter tomado alguma atitude. Portanto, a maioria (63,26%) nada fez: 42,14% (850) porque não sabem onde recorrer e 21,12% (426) por acreditar que não adianta reclamar.

Clive Humby, matemático especializado em ciência de dados, já nos alertou que os "dados são o novo petróleo". Entretanto, um dos maiores desafios do petróleo é encontrar reservas subterrâneas, enquanto os dados estão por toda a parte.

Já sabemos que as empresas farão uso deles de maneira analítica e o nosso papel nesse meio de campo é fornecer apenas o necessário, com cautela e estar sempre vigilante. Só assim estaremos seguros, seja no ambiente online ou offline, e sem cair em ciladas.