Pandemia de coronavírus no país dá impulso e novo fôlego à TV Escola
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Resumo da notícia
- Emissora foi vítima da perseguição de hostes bolsonaristas
- Ela perdeu o contrato ancestral que tinha com o governo federal em 2019
- No entanto, com a pandemia, escolas tiveram de ser fechadas no país
- Com isso, seu (excelente) conteúdo entrou no radar de Estados e municípios
Expulsa do Ministério da Educação no ano passado, achincalhada por seu ministro e hostes bolsonaristas fanáticas, a TV Escola vive um momento de renascimento e de "boom" na procura por seu conteúdo.
Infelizmente o motivo não é a mudança de paradigma do atual governo, avesso ao ensino, e sim devido à pandemia de coronavírus.
Comandada pela fundação Roquette Pinto, a TV Escola de repente se tornou uma opção para Estados e municípios obrigados a fechar suas escolas para reduzir o risco de contágio de alunos, funcionários e professores.
A coluna apurou que na última semana a 0direção da emissora UHF e sem fins lucrativos recebeu ao menos cinco consultas de secretários de Educação interessados em retransmitir parte ou integralmente seu conteúdo.
O fato é que, além de ter uma das melhores e mais baratas programações no país, a TV tem cerca de 500 horas-aula sobre praticamente todas as disciplinas no ensino médio.
Por exemplo: há uma infinidade de aulas sobre o período imperial brasileiro para 7ª e 8ª série.
Ou aulas de matemática e português para 5ª série ou o 3º grau do ensino médio. Há muito conteúdo inédito ainda.
A emissora tem possibilidade de "recortar" o sinal de sua programação em diferentes unidades da federação e permitir sua retransmissão, desde que esses Estados tenham sua próprias TVs.
Ela também pode fornecer conteúdo a emissoras comunitárias ou outras TVs públicas, como Tvs legislativas.
Só falta acertar valores, já que a transmissão da emissora por satélite e sua manutenção custam caro (cerca de R$ 50 milhões anuais).
A direção da TV Escola está negociando valores e contrapartidas com secretários municipais e estaduais neste momento.
A Roquette Pinto, além da TV Escola, também mantém uma outra emissora dedicada inteiramente a pessoas portadores de deficiência auditiva, a TV Ines.
Vítima da ignorância
No ano passado o governo federal cortou verbas, cancelou o contrato e passou a solapar a emissora até provocar uma demissão em massa de funcionários. O Ministério da Educação era parceiro do veículo.
Bolsonaristas que nem sequer conheciam sua programação passaram a divulgar uma série de "fake news" e desferir ataques à emissora sob acusação de ser de esquerda.
No entanto, qualquer um que conhecesse sua programação poderia atestar a burrice ou má intenção (ou ambos) dessa campanha difamatória e irracional.
Dias atrás o próprio Jair Bolsonaro voltou a atacar a emissora, elogiando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, dizendo que ele "economizou" R$ 500 milhões com o fim do contrato da TV Escola.
Mais uma mentira e/ou distorção: o contrato aprovado pelo próprio Weintraub no ano passado —e depois rasgado pelo governo— previa cerca de R$ 42 milhões anuais.
Ou cerca de R$ 200 milhões por cinco anos.
Em dezembro passado o presidente já havia acusado governos anteriores de "jogar dinheiro fora" com a manutenção da TV.
E a TV Brasil, Bolsonaro
Bolsonaro se esqueceu, porém, que passou a campanha eleitoral de 2018 prometendo que fecharia a TV Brasil —essa sim, custando mais de R$ 500 milhões anuais—, e não só NÃO cumpriu a promessa e não a fechou, como passou a "aparelhá-la" com correligionários.
Exatamente a mesma atitude dos governos petistas que ele tanto atacou.
Ricardo Feltrin no Twitter, Facebook, Instagram e site Ooops
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