Com Elvis por todos os lados, a cidade de Memphis é a Disney do Rei do Rock

Elvis Presley é um dos maiores responsáveis pelo rock ter se popularizado e se tornado o que nós conhecemos hoje. De jeito extravagante, voz marcante e rebolado inconfundível, o cantor se tornou uma figura emblemática e sua imagem e legado sobreviveram muito além de sua controversa morte. Muitos são os mistérios sobre o que teria acontecido naquela fatídica noite de 16 de agosto de 1977, que geraram diversas teorias da conspiração, algumas delas que clamam que Elvis ainda estaria vivo.

Ideias mirabolantes a parte, é possível dizer que há sim uma parte do Rei do Rock que continua pulsante e trabalhando para manter a sua história viva. Em 2022, ele ganhou a sua primeira cinebiografia, "Elvis", estrelada por Austin Butler e Tom Hanks e disponível a partir desta sexta-feira na HBO Max, mas o filme não é a única via que tem perdurado o seu legado.

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Muito tempo antes do longa sequer ser imaginado, é a cidade de Memphis, no Tennessee, Estados Unidos, que tem o mantido vivo. Para os fãs de Elvis, o local é como um parque de diversões temático, uma Disney para adultos. Para o legado do artista, é a chama que mantém viva sua imagem.

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Nascido em 8 de janeiro de 1935, na cidade de Tupelo, Elvis se mudou para Memphis quando tinha apenas 13 anos, e foi lá que ficou uma boa parte da sua vida. À época, o local era palco de diversas apresentações culturais de onde surgiram grandes nomes da música, como Little Richard, Sister Rosetta e B.B. King.

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Mesmo com o sucesso e a fama internacional, Elvis escolheu Memphis para ser a sua casa e foi na cidade que encontrou em 1957 a sua mansão, Graceland, onde viveu até morrer, em 16 de agosto de 1977.

Em entrevista exclusiva a Splash, Joel Weinshanker, sócio-gerente da Elvis Presley Enterprises, Inc. e Graceland Holdings LLC, explicou a ligação do músico com a cidade. "Elvis foi Memphis! Ele viajava o mundo todo, poderia morar onde quisesse, mas sempre que ele tinha um projeto ou algo para fazer, ele voltava para Memphis, porque era sua casa."

Ele amava e apoiava a comunidade e sempre voltava pra cá. Por isso que pessoas que vêm de todos os cantos do mundo se sentem em casa aqui.
Joel Weinshanker

A mansão

Situada na Elvis Presley Boulevard, Graceland hoje funciona como uma espécie de museu do Rei do Rock, e conta com móveis e objetos originais, comprados e escolhidos pelo próprio Elvis. Com ingressos a partir de US$ 77,00 (cerca de R$ 400,00), é possível conhecer o interior da casa com um iPad individual e fones de ouvido que contam os mínimos detalhes de cada cômodo da casa, com direito a explicações da família Presley, como a filha Lisa Marie e Priscilla, a ex-esposa. Há a opção de áudio em português.

No interior da casa, está aberto para visitação apenas o primeiro andar, o segundo — onde está o quarto do cantor — está fechado por determinação da própria família. É possível conhecer a sala de visitas, o quarto dos pais do cantor, a cozinha e a Jungle Room, uma sala bastante peculiar, com decoração temática de selva. Lá era um dos lugares favoritos do astro.

Munidos de luvas, apenas os funcionários de Graceland podem manusear os objetos, afinal todos são originais, escolhidos e comprados pelo próprio Elvis.

A área externa da casa conta também com lugares importantes para o astro, como a sua própria quadra de squash. Há uma sala bastante intimista no cômodo, com um piano, onde o cantor levava seus amigos para relaxar. Foi lá que, em 16 de agosto de 1977, ele tocou pela última vez os sucessos "Blue Eyes Crying In The Rain" e "Unchained Melody". Depois, subiu até o quarto e morreu. Quem passa pelo local de visitação, escuta as duas músicas repetidamente. Difícil não ficar emocionado.

Outro local relevante durante o passeio por Graceland é o Jardim de Meditação, onde o Rei do Rock está enterrado. Seu túmulo é coberto de presentes deixados por visitantes. Quando a reportagem visitou o local, encontrou flores, um ursinho de pelúcia e até mesmo uma bandeira do Brasil.

Estão enterrados lá também Gladys e Vernon, pais de Elvis, a avó, e Benjamin Keough, filho de Lisa Marie, que morreu em 2020. Há também uma lápide em homenagem a Jesse Garon, o irmão gêmeo do astro, que nasceu morto. O lugar tinha tudo para ter um clima mórbido, mas é o contrário. Por ser aberto e bastante arejado, se torna uma atmosfera reconfortante. Dá até vontade de sentar, abrir um livro e tomar um chá.

Graceland se tornou uma espécie de "parada obrigatória" para os que visitam a cidade. "Memphis é uma das destinações turísticas mais visitadas dos Estados Unidos e, de longe, a razão disso é a Graceland. Então é um lugar muito importante", diz Weinshanker, que adquiriu os direitos de gerenciamento das operações da mansão em 2013. Para ele, tanto o museu, quanto a culinária local são os principais motivos de visitas da cidade.

Quando você pensa em Memphis, você pensa em churrasco e em Graceland.
Joel Weinshanker

Como o responsável pela mansão, Weinshanker contou como foi o processo de conservação dos pertences do astro e disse que ainda há sempre novidades sobre o cantor. "Desde que assumi tudo, há 9 anos, eu passei uma considerável quantia de tempo com cada uma das pessoas que fez parte da vida do Elvis", contou.

"Falei com pessoas próximas que conheciam ele também. Nós temos mais de um milhão de objetos, então é muito fácil observá-los e ver com quem Elvis gostava de passar seu tempo, em quem ele confiava e em quem não. Mas nós ainda estamos aprendendo coisas, estamos sempre aprendendo. Como temos tantas coisas, sempre tem algo novo e tem coisas que ainda estamos analisando. Então, na verdade é muito mais sobre o Elvis nos contar sua história e o que quer, e nós temos a responsabilidade de cuidar disso."

Por dentro de Graceland, a mansão de Elvis em Memphis

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Entrada de Graceland, a mansão de Elvis, em Memphis (EUA)

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Sala de estar de Graceland

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Quarto dos pais de Elvis, em Graceland

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O que é possível ver do banheiro dos pais de Elvis, em Graceland

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Roupas originas de Gladys Presley, mãe de Elvis, estão em exibição em Graceland

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Cozinha de Graceland, a mansão de Elvis

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A sala de TV de Elvis conta com um bar próprio e objetos escolhidos pelo próprio astro

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Elvis gostava de ter diversos televisores por perto

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Graceland é um dos pontos turísticos mais visitados pelos fãs do rei do rock

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Entrada da Jungle Room, a sala preferida do rei do rock

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A poltrona favorita de Lisa Marie, filha de Elvis, fica na Jungle Room

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A Jungle Room era onde Elvis gostava de passar o tempo com a família

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Graceland foi o lar de Elvis até sua morte, em 1977

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Ostentação

Passear pela mansão do astro já mostra ao visitante o quanto o cantor gostava de esbanjar, mas a ostentação apenas aumenta quando você atravessa a rua e encontra o complexo Elvis Presley's Memphis, inaugurado em 2017 e um verdadeiro parque de diversões para os fãs.

Ao andar pelo local, é possível encontrar restaurantes temáticos, diversas lojas de merchandising e exposições. O ingresso custa US$ 48, cerca de R$ 250.

Segundo Weinshanker, entre as coisas mais caras que podem ser visitadas está a exibição de roupas do cantor. "Cem dos seus trajes mais famosos. Os trajes mais icônicos!". Ele explica que são cerca de US$ 30 milhões apenas em roupas, algo como R$ 157 milhões na cotação atual.

Junto com os trajes, estão expostos os carros do cantor no espaço chamado Presley Motors. São diversos automóveis e motos que pertenceram a Elvis. Quem passeia por lá pode encontrar o Cadillac Fleetwood 1955, o famoso carro rosa.

Já na parte externa é possível também ver os famosos aviões da família Presley, o Lisa Marie e o Hound Dog II.

Paixão desenvolvida

Os guias da visita por Graceland são quase que enciclopédias ambulantes de Elvis Presley e sabem os mínimos detalhes da vida do astro. É uma difícil missão descobrir algo que eles não consigam responder. A reportagem até tentou, mas eles souberam explicar todos os questionamentos feitos.

Além de serem poços de conhecimento, os funcionários da mansão não escondem o sentimento que nutrem pelo rei do rock: admiração. Michele Walace, guia que acompanhou Splash durante a visita, contou que seu pai, xerife da cidade de Memphis, conheceu Elvis. "Ele era uma pessoa muito humilde", contou.

Mesmo com o respeito que já existia dentro da família, Walace explicou que apenas se tornou fã do cantor quando começou a trabalhar na mansão e mexia com os arquivos sobre o Rei do Rock.

Casa de visitas

Ao lado de Graceland, um suntuoso hotel hospeda aqueles que desejam ter uma experiência completa. Chamado de The Guest House at Graceland, o local foi criado pensando no quanto o astro gostava de receber pessoas em sua casa. "Elvis sempre amou receber visitas. E se você vem até a mansão, é um lugar incrível, mas não há nenhum quarto de hóspedes. Existia um motel a alguns quilômetros daqui e ele sempre ligava lá pra arranjar quarto pros visitantes. Até que, em um certo ponto, não havia mais quartos e as pessoas tinham que dormir em seus carros. Elvis dava festas que duravam o dia e a noite toda, então ele gostaria muito de ter um lugar pros seus convidados."

"Então quando construímos esse belíssimo hotel 4 estrelas e com 450 quartos, pensamos em como ele gostaria de receber seus amigos. E todo mundo que vem à Graceland é como se fosse um amigo ou parte da família."

Na suíte em que Splash ficou hospedado, tudo era temático de Elvis, assim como todo o resto do hotel. No entanto, aqueles que desejam se sentir realmente próximos ao rei do rock podem passar as férias no quarto chamado de The King's Suite, uma espécie de suíte presidencial melhorada. "Ele simula o quarto do próprio Elvis, já que em Graceland os visitantes não podem chegar até lá. É uma suíte com dois cômodos. E como Elvis adorava assistir TV deitado na cama, olhando para o teto, você também pode assistir no quarto."

A diária da suíte custa cerca de US$ 1.500, algo como R$ 7.800 na cotação atual.

Elvis vive

Não são apenas os arredores de Graceland que são temáticos de Elvis. Há outros lugares em Memphis que também se utilizam do nome do astro. Um exemplo é o estúdio The Sun, o primeiro lugar em que Elvis gravou uma música e também foi berço de grandes outros nomes da música, como B.B King, Johnny Cash, Ray Harris e outros. Mas, é claro, o chamariz ainda é Elvis.

Não é possível desvincular Memphis de seu "filho prodígio". Por onde o visitante anda encontra sósias, bandas tocando músicas covers ou restaurantes com nomes de suas canções. Com a imagem do cantor por todos os lados, a sensação ao passear pela cidade é da onipresença de Elvis, que, mesmo com sua morte, está mais presente do que nunca.

*A repórter viajou a convite da Warner Bros