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Repórter da Globo se emociona ao falar de tragédia e mortes por chuva em PE

Ao comentar mortes pelos órgãos oficiais a repórter respira fundo, também emocionada com cenário de tragédia das chuvas - Reprodução/ GloboNews
Ao comentar mortes pelos órgãos oficiais a repórter respira fundo, também emocionada com cenário de tragédia das chuvas Imagem: Reprodução/ GloboNews

Caio Santana

De Splash, em São Paulo

01/06/2022 17h48Atualizada em 02/06/2022 09h12

A repórter Bianka Carvalho, da TV Globo Nordeste, estava ao vivo em Jaboatão dos Guararapes (PE) no "Conexão GloboNews" para mostrar a situação na cidade após fortes chuvas que atingiram Pernambuco deixando 106 mortos, 6 mil desabrigados e 24 cidades em situação de emergência até a manhã de hoje. Ela se emocionou ao falar como estava a localidade após a tragédia, consolar um morador e ver a situação de perto.

Bianka estava passando por uma rua cheia de lama e com muitos móveis nos canteiros, quando descreve o que vê: "Chega dá uma tristeza de vocês ver a quantidade de saco de feijão, arroz, tudo perdido. As coisas que eles não vão poder recuperar e a sensação que eles têm de abandono, de descaso".

Ao falar com um homem que explicava justamente o abandono que ele sentiu dos órgãos públicos e que tentou salvar um vizinho, que acabou morrendo, ele começa a ficar com a voz embargada quando a repórter pede para ele não se preocupar em chorar.

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Homem ficou emocionado ao dar entrevista e foi consolado pela repórter Bianka Carvalho
Imagem: Reprodução/ GloboNews

"Não se aperreie de ficar emocionado. Não se aperreie não. A gente chora, chora porque dói. Não se aperreie com isso não, é normal sentir isso", consolou Bianka, enquanto o homem não conteve as lágrimas pela perda do vizinho e toda situação que está passando pelo prejuízo com a chuva.

"Até o presente momento ninguém fez nada pela gente. Eu sinto, me desculpe, mas eu sei o que estou passando. Quando dói nos outros é ruim, mas tá doendo em mim", falou o homem identificado como Antônio. "Eu sei meu querido, eu sei", consola novamente a repórter da TV Globo.

Em outro trecho da reportagem ao vivo, a jornalista começa a falar das mortes que foram subindo conforme as atualizações oficiais. "Uma morte é muito. De repente os números subiram de 30 para 50, de 50 para 80 e 106 hoje e ainda tem gente desaparecida. Então tem essa tragédia que não tem mais jeito, das vidas perdidas", diz Bianka enquanto dá uma pausa para respirar fundo emocionada com o cenário que viu.

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Bianka Carvalho conversa com Leilane Neubarth, Bete Pacheco e Marina Franceschini em seus respectivos estúdios
Imagem: Reprodução/ GloboNews

Para Splash, Bianka afirmou: "Sem dúvida me contive para não chorar. Aliás, esse exercício de tentar me conter eu fiz o dia inteiro. É muito difícil, porque é uma mistura de dor, de sofrimento, de revolta. Muita revolta. A gente olha e não aceita, porque não se pode. E aí eu me comovo. Foi difícil, foi bem difícil segurar [o choro]".

"Mas não dá só para lamentar. A gente tem que cobrar. E cobrar, e cobrar, e cobrar...", concluiu.

'Fiquei muito comovida'

A repórter ainda exibiu novamente o estrago nas ruas e a marca que a água fez em um muro. Em seguida, ela foi por um caminho para mostrar onde estava a margem original do rio. Ela andou com cuidado por cerca de dois minutos após sair da rua, conversando com moradores.

Eu agradeço muito vocês por estarem [?] estressados, perderam tudo, magoados, frustrados, decepcionados e estarem conversando com a gente. Muito obrigada por isso, a gente lamenta muito! E a gente precisa mais que isso, né Bete [Pacheco], Leilane [Neubarth], Marina [Franceschini]?! Mais que lamentar, a gente precisa cobrar falou Bianka Carvalho

"A gente não pode culpar a chuva, [precisamos] responsabilizar todas as pessoas que precisam ser responsabilizadas e a gente tem que cobrar providências. Essas pessoas não são anônimas, elas têm nome, CPF, endereço fixo, pagam IPTU e foram esquecidas, abandonadas aqui. Até agora", desabafa a repórter.

"Bianka, é o que você disse. Se a equipe conseguiu chegar, como é que o poder público não consegue? Porque essa é a alegação imediata que se dá para essas pessoas. É impossível a gente não se comover, não ter empatia, quando a gente vê um pai de família diante de uma equipe de reportagem chorando. Porque ele teve que tirar [corpo de um] amigo de carroça, porque não tinha serviço de IML", complementa Bete Pacheco enquanto Leilane pede para Bianka dizer que "dói nele, mas dói na gente também".

1 - Reprodução/ Instagram @biankacarvalho_oficial - Reprodução/ Instagram @biankacarvalho_oficial
Bianka Carvalho ainda publicou breve desabafo nos Stories do Instagram
Imagem: Reprodução/ Instagram @biankacarvalho_oficial

A repórter em Pernambuco então contou sobre uma casa que visitou e acabou comovendo-a: "Fui numa casa há pouco de uma senhora. Ela tá com 14 pessoas na casa dela. Eu perguntei 'mas 14 pessoas moram na sua casa?'. Ela disse 'não dez crianças e quatro adultos. A casa [desse pessoal] caiu e eu fui trazendo para a minha casa'. Só que a casa dela também tava parcialmente destruída. Quando a gente vê isso, a gente fica muito comovido, porque a gente devia ajudar. O pessoal está precisando de tudo".

"Mas a solidariedade de fato comove a gente. Fiquei muito comovida com a mulher que recebeu todo mundo em casa, em uma casa que também estava destruída, uma pessoa que também não tinha nada", finaliza Bianka.

Poucas horas depois da reportagem ao vivo na GloboNews, a repórter da Globo escreveu um desabafo nos stories do seu Instagram: "Não me conformo? E nem aguento mais ouvir as mesmas desculpas".