"Game of Thrones" acabou, mas a vida continua. Agora, na Netflix.

David Benioff e D.B. Weiss, responsáveis pela fantasia da HBO, estreiam hoje (20) a primeira produção do acordo de exclusividade com a Netflix. E, para a missão de agradar a gigante do streaming, recrutaram Sandra Oh.

Em "The Chair" ? que a dupla não escreve ou dirige, mas entra com créditos de produção ?, a veterana de "Grey's Anatomy" e "Killing Eve" vive a Dra. Ji-Yoon Kim, recém-eleita diretora do departamento de literatura de uma universidade.

Além de enfrentar os desafios do novo cargo como uma das poucas mulheres do departamento (e a única não-branca), ela também lida com o afastamento do professor Bill Dobson (Jay Duplass) e os problemas com a filha. Tudo isso enquanto precisa provar sua ética profissional para os superiores.

Em geral, "The Chair" diverte. Criada pela atriz Amanda Peet, a série tem a seu favor o carisma de Oh, rápida nos diálogos, e a boa química em cena entre ela e Duplass. Além disso, o texto ágil reflete de forma clara os principais temas da atração, meio comédia, meio drama.

Apesar dos curtos seis episódios, são bem preenchidos pela boa energia de Oh em frente às câmeras, a série corre o risco de escorregar ao tratar um tema complexo demais, a cultura do cancelamento, com uma leveza que pode ser facilmente confundida com superficialidade.

Mesmo assim, a surpresa é boa. A maior parte da temporada passa longe do que facilmente poderia ser um lugar-comum.

Ainda assim, a série debate a onipresença do politicamente correto com ares irônicos. E aborda diretamente o embate de gerações que permeia essa discussão, sobretudo em locais tão plurais quanto o ambiente universitário.

Por outro lado, a produção cria um problema para si quando cai vítima exatamente do que deseja criticar.

Para Benioff e Weiss, embora não estejam criativamente envolvidos, é curioso que "The Chair" seja o trabalho pós-"Game of Thrones".

Não apenas por ser tematicamente oposta ao sucesso da HBO, mas por tratar de cara limpa assuntos que perseguiram a jornada de ambos no Mundo de Gelo e Fogo.

Se é coincidência ou não, cabe ao espectador decidir, mas muitas vezes a série parece abordar com ares apologéticos as questões pelas quais a dupla teve que responder na série da HBO.

Essa reflexão acaba por transformar a série ao mesmo tempo em um deleite e uma espécie de decepção. Suas intenções são boas, e o discurso é inteligente. Mas quando ela tenta ensinar uma lição, acaba mostrando que o que há por trás não é tão incrível assim.