Topo

Filha diz que Zé do Caixão levou rasteira de 'amigos' e acervo foi furtado

José Mojica Marins como Zé do Caixão em São Paulo
José Mojica Marins como Zé do Caixão em São Paulo
João Wainer/Folhapress

De Splash, em São Paulo

19/03/2021 04h00

Filha de José Mojica Marins, o Zé do Caixão, Liz Vamp abraçou a missão de criar um museu sobre o pai, morto há pouco mais de um ano.

No último sábado seria o aniversário de 85 anos do cineasta e Liz aproveitou a data para reabrir a loja de produtos oficiais do personagem de cartola e unhas grandes.

O objetivo é utilizar o lucro da venda para ajudar na preservação do acervo.

Continua depois da publicidade

A obra de Mojica é mantida em um depósito

Ao menos o que foi recuperado até agora. Isso porque muitos dos registros que contam a história do gênio do terror estão perdidos. "O acervo do papai foi usurpado durante anos por pessoas que conviveram com ele. As coisas foram furtadas", diz ela.

Eram amigos entre aspas. Ele teve preciosos amigos, mas foi o rei de ter esses outros amigos entre aspas. E tomou diversas rasteiras desses 'amigos'
Liz Vamp

A missão de Liz Vamp

Ela já fez grandes conquistas para o futuro museu. Uma delas é o caixão do personagem mais famoso de Mojica, que nasceu em 1964 no filme 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma'.

O objeto foi recuperado por volta de um ano antes da morte do diretor.

Continua depois da publicidade
Uma pessoa entrou em contato. 'Fulano teve ordem de despejo e está com várias coisas do seu pai'. Contratamos um caminhão de mudança. Foi uma missão tipo filme de ação. Deu certo.

O que mais já foi recuperado?

  • Registros de jornais e revistas
  • Fotos originais
  • Latas de filmes
  • Uma caixinha de uso pessoal onde era guardado o figurino do Zé do Caixão
Tenho muito trabalho a fazer em relação ao que já recuperei e que está num depósito. Tenho que conseguir preservar e catalogar. A fase atual é de recuperar o máximo de coisas.

Vamp colocou à venda artigos, como pôsteres autografados pelo pai. Com a venda desses produtos, ela pretende manter o acervo no depósito para que fique preservado.

Os fãs ainda encontram na loja itens de colecionador, como quadros de Mojica e o medalhão usado em "Encarnação do Demônio" (2008).

Divulgação - Divulgação
Zé do Caixão em 'Encarnação do Demônio' (2008)
Imagem: Divulgação
Continua depois da publicidade
Tem coisas fakes do meu pai sendo vendidas em lojas conhecidas. Para ter certeza que é original, só na nossa loja. Estão vendendo até relógio com o rosto do meu pai.

Por que um museu?

A diretora e atriz, que herdou do pai o gosto pelo gênero fantástico, afirma que poucos brasileiros conhecem a fundo a vida e obra de Mojica, ícone do cinema e da cultura brasileiros.

Sobre o Zé do Caixão, ela o compara a um personagem do nosso folclore.

Muitos não conhecem a obra, os filmes icônicos e por que ele é considerado um gênio. Até pouco tempo o Zé do Caixão era uma lenda viva. Hoje é uma lenda.

Trecho de 'À Meia-Noite Levarei Sua Alma'

Sabia que Mojica temia a morte?

O cineasta tinha medo de viajar de avião e principalmente de morrer. A verdade é que ele adorava viver, mesmo nas fases mais difíceis. Liz conversava com o pai sobre este tema:

"O medo dele era não saber o que iria acontecer do lado de lá".

Continua depois da publicidade
Ele dizia: 'o problema é que ninguém voltou para contar'. Era apegado à vida e viveu plenamente. Houve épocas de altos e baixos na carreira e na saúde, mas ele nunca desistiu.

Apelo

Liz faz um apelo para que os registros de Mojica sejam doados ao acervo. "Eu peço às pessoas que têm coisas do meu pai que entrem em contato. Não serão julgadas por isso e terão meu agradecimento. É nosso patrimônio. Hoje é uma batalha minha recuperá-las, mas o acervo é de todo mundo".

Se você tiver algo de José Mojica ou puder ajudar Liz Vamp a localizar estes registros pode enviar um e-mail para: lizvamp.cultura@gmail.com.

A vampira agradece.