Drauzio, Tenório, Carla Madeira... os destaques da Feira do Livro de SP

Tempos de novidades e reencontros em eventos literários pelo país. Na semana passada, a Flip anunciou a data de sua 20ª edição: de 23 a 27 de novembro, presencial e bem no meio da Copa do Mundo. Já a 26ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo, que desta vez acontecerá no Expo Center Norte entre 2 e 10 de julho, revelou boa parte de suas atrações.

Além dos nomes quase obrigatórios (Mauricio de Sousa é um deles), vai ter coisa boa rolando em espaços como a Arena Cultural (Conceição Evaristo, Itamar Vieira Jr...), nas praças do BiblioSesc e no Salão de Ideias. A programação de Portugal, convidado de honra da vez, trará à capital paulista autores como Valter Hugo Mãe, Gonçalo M. Tavares, Afonso Cruz, Matilde Campilho, o angolano Kalaf Epalanga e a moçambicana Paulina Chiziane. Falarei novamente sobre a Bienal em outro momento, com mais calma e trazendo meus destaques. Em todo caso, vale ficar de olho na programação, até para se planejar e garantir os ingressos.

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Antes disso tudo, outro encontro literário nasce em São Paulo. A Feira do Livro começa hoje, dia 8, e vai até o domingo, 12, na Praça Charles Miller, em frente ao Estádio do Pacaembu - se é que ainda podemos chamar de estádio aquela triste mistura de ruínas e entulhos. 120 editoras e livrarias e 55 convidados estarão no evento tocado pela Associação Quatro Cinco Um, que edita a revista literária com o mesmo nome, e pela Maré Produções. No primeiro dia a Feira começará às 15h, nos outros, às 10h; o horário de encerramento será sempre o mesmo: 21h. Como o lugar é aberto, torço para que o tempo dê uma força.

Com curadoria do jornalista e editor Paulo Werneck, que esteve à frente da Flip de 2014 a 2016, a programação tem certa cara de mais do mesmo. Impossível não pensar na festa de Paraty, numa mistura de palco principal e Casa Folha, ao se deparar com gente como Drauzio Varella e a onipresente Lilia Schwartz. Alguns bons nomes estrangeiros - o moçambicano Mia Couto, outro onipresente, a espanhola Maria Dueñas, a angolana Yara Nakahanda Monteiro? - temperam uma grade dominada por autores nacionais, o que é bom. As conversas serão gratuitas e acontecerão no Palco da Praça e no Auditório do Museu do Futebol, este com limite de espectadores.

Aqui os meus destaques:

Dia 8

19h - Os Livros Em Praça Pública!
Com Mia Couto e Lilia Schwarcz. Mediação de Paulo Werneck.
O romancista moçambicano e a antropóloga são figuras recorrentes em eventos literários, é verdade. Mas também é verdade que o público adora escutá-los (e lê-los, suponho).

Dia 9

10h - Lugares de Origem
Com Ailton Krenak e Yussef Campos.
Autor indígena que se transformou em sucesso editorial, Krenak tem sempre uma voz firme, nada condescendente, contra o passar da boiada que mata e devasta o país.

19h - Tudo é Rio
Com Carla Madeira. Mediação de Gabriela Mayer.
Aos poucos, muito por conta do boca a boca, Carla Madeira conquistou milhares de fãs e se transformou numa das autoras mais lidas do país. No ano passado, Carla publicou "Véspera", mas "Tudo É Rio" (ambos da Record), de 2014, segue como o seu romance mais celebrado

Dia 10

10h - Gibis na Praça
Com Marcelo D'Salete e André Kitagawa. Mediação de Clara Rellstab.
Autor de "Angola Janga" (Veneta), D'Salete é um dos quadrinistas brasileiros mais respeitados da atualidade. Já Kitagawa, após 15 anos sem publicar, lançou recentemente "Risca Faca" (Monstra), HQ que vem colecionando elogios.

15H - Drauzio Varella
Mediação de Claudia Collucci.
É Drauzio, isso basta.

Dia 11

15h - Mário Para Entendidos
Com Eliane Robert Moraes e Alexandre Rabelo. Mediação de Jurandy Valença.
Costumam ser ótimas as mesas com a participação de Eliane Robert Moraes, que acaba de publicar "Seleta Erótica de Mário de Andrade" (Ubu).

19H - Uma Noite em Porto Alegre
Com Jeferson Tenório e José Falero
Papo com autores de livros relevantes de nossa literatura recente. "O Avesso da Pele" rendeu a Tenório o Jabuti de 2021 na categoria Romance, "Os Supridores" estabeleceu Falero como um nome a se prestar atenção.

Dia 12

10h - Poesia e Política
Com Edson Cardoso e Oswaldo de Camargo. Mediação de Mário Medeiros.
História, sociologia e literatura deverão se cruzar num papo que, podemos supor, será marcado pelas tensões raciais e políticas do Brasil de 2022.

12h - A Falta
Com Xico Sá.
Num evento na frente do finado Pacaembu e com apoio do Museu do Futebol, um tanto da mistura entre o jogo e a literatura também é importante, ainda mais com um craque como Xico.

17h - Do Sonho Ao Mito
Com Sidarta Ribeiro e Hanna Limulja. Mediação de Paula Carvalho.
O mundo onírico, as possibilidades da mente e a relação com substâncias capazes de nos levar para outros eixos devem ser elementos presentes nessa conversa que, aposto, trará reflexões sobre potências do ser humano e sobre os caminhos covardes, toscos, autoritários e burros tomados num passado mais ou menos recente, especialmente em relação a drogas hoje ilícitas.

Além disso, às 11h do domingo, na escadaria de acesso à Praça Charles Miller, vai rolar uma foto que busca reunir o maior número possível de mulheres com livros publicados. É escritora e quer fazer parte desse momento? Só aparecer por lá. Quem clicará o encontro será a fotógrafa Mariana Vieira.

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