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Tyson fez sua última luta de camiseta e público saiu vaiando exibição

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Eduardo Ohata

Colaboração para o UOL, de São Paulo

28/11/2020 04h00

Mike Tyson já participou de uma luta-exibição transmitida por pay-per-view como a que vai ser realizada hoje à noite contra Roy Jones Jr. E quem lembra daquela luta, disputada em outubro de 2006 no Chevrolet Center, em Youngstown (Ohio), cerca de um ano após sua aposentadoria como profissional, deve estar com medo do evento desta noite.

Foram quatro assaltos contra o também americano Corey "T-Rex" Sanders. T-Rex ainda estava em atividade e tinha no cartel uma vitória sobre o ex-campeão dos pesados Oleg Maskaev e lutas contra Andrew Golota e "Big" Michael Grant, ambos com disputas pelo título mundial no currículo.

Mike Tyson na luta-exibição com Corey Sanders, em 2006 - Ron Kuntz/Reuters - Ron Kuntz/Reuters
Mike Tyson na luta-exibição com Corey Sanders: de camiseta e fora de forma
Imagem: Ron Kuntz/Reuters

Nenhum dos dois lutadores, porém, parecia encarar aquilo como uma luta. Quem foi ao ginásio testemunhou, essencialmente, uma sessão de sparring (treino com luvas) de luxo. Os atletas estavam claramente fora de forma, vestiam camisetas e T-Rex lutou de capacete protetor.

O público deixou as dependências do Chevrolet Center desapontado, para dizer o mínimo, apesar de, em nenhum momento, ter sido divulgado que Tyson participaria de uma luta "de verdade". O evento, no entanto, foi vendido em pay-per-view ao custo de US$ 29,95 o pacote (o evento deste sábado custará US$ 49,99 nos EUA —no Brasil, está no canal pago Combate).

Além disso, cerca de 4.000 pessoas pagaram ingressos, cujos preços variavam de US$ 25 a US$ 200, para acompanhar in loco. "Sei que se tratava apenas uma luta-exibição, mas pensei que veríamos pelo menos um nocaute", disparou Tim Wallace, um admirador de Tyson que havia dirigido 160 quilômetros até Ohio para acompanhar o evento, a uma publicação especializada. "Não pagaria de novo para assistir algo assim."

"Não sei o que as pessoas estavam esperando, não enganamos ninguém", justificou-se o promotor da exibição, Sterling McPherson, depois do evento. Seu plano era organizar uma turnê mundial de Tyson. O evento em Youngstown seria apenas o ponto de partida, com paradas na África do Sul, Coréia do Sul e China.

Tyson ainda tentou gerar interesse em novas edições do evento, ao citar como possíveis futuros pares em exibições a então recém-aposentada campeã de boxe Ann Wolf e o cantor e ator galês Tom Jones, com 66 anos à época. Porém, a reação do público e a decepcionante venda de pacotes de pay-per-view, abaixo da expectativa (embora nenhum número oficial tenha sido divulgado, especialistas calcularam que menos de 20 mil pacotes foram vendidos), puseram uma pá de cal na iniciativa. Até agora.

Separados por parede de acrílico, Mike Tyson e Roy Jones fazem encarada antes de luta - Reprodução - Reprodução
Separados por parede de acrílico, Mike Tyson e Roy Jones fazem encarada antes de luta
Imagem: Reprodução

Em 2020, ao menos, a preparação dos lutadores para o "combate" foi intensa. Tyson, aos 54 anos, perdeu 60kg e mostrou, nas redes sociais, sessões de treinamentos intensos —e uma barriga trincada. Ontem, na pesagem, ele cravou 100kg. Roy Jones Jr., de 51, também ex-campeão mundial, pesou 92,5kg.