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Pelé 80 anos: Música, cinema, televisão e previsões erradas como comentarista

23/10/2020 04h00

A carreira nos gramados transformou Pelé em Rei do Futebol, mas ele também atuou em diversos outros campos, compôs músicas, cantou, interpretou personagens no cinema, participou de programa humorístico na televisão e até atacou de comentarista, com algumas previsões que não deram muito certo.

Durante a live Pelé, 80 anos, apresentada na última terça-feira pelo UOL Esporte em homenagem ao aniversário do tricampeão mundial, com relatos de histórias do Rei do Futebol pelos jornalistas Claudio Arreguy, Helvidio Mattos e José Trajano, com Pedro Ivo Almeida, foram lembrados momentos de Pelé nas telonas, nas telinhas e no rádio.

No cinema foram mais de dez filmes, com Pelé sempre sendo creditado como Edson Arantes do Nascimento, em obras como O Barão Otelo no Barato dos Bilhões, Os Trombadinhas, A Marcha, Fuga para a Vitória, Pedro Mico e Os Trabalhões e o Rei do Futebol, entre outros.

"O mais famoso filme dele, que é o Fuga para a Vitória, de 1981, a direção é de ninguém menos do que o John Huston, que tem o Michael Caine, o ator inglês, o [Sylvester] Stallone, Bobby Moore e o argentino Osvaldo Ardilles, e o Pelé faz o papel do Luís, que é natural de Trinidad e Tobago, e todos eles estão presos, são prisioneiros de guerra dos nazistas", conta Helvidio.

"O Pelé foi quem coordenou todas as filmagens das jogadas dessa partida para não dar nenhum xabu. E também ajudou o Stallone, um canastrão e um goleiro improvável no time, de como se portar no gol", completa.

Trajano diz que a carreira de Pelé no cinema não foi grande coisa, mas destaca entre as participações em programas de TV e telenovelas o especial da Família Trapo com Pelé, que gravou com Jô Soares, Ricardo Corte Real e Golias na TV Record, no qual o personagem Bronco, interpretado por Golias, ensina o Rei a jogar futebol.

"Mas eu acho que o que ficou do Pelé no cinema é nada, vamos dizer que tenha ficado alguma coisa, esse filme do John Huston, que é um dos maiores diretores da história do cinema norte-americano, ficou muito divulgado pela presença de jogadores famosos, de atores famosos", diz Trajano.

"Agora, na televisão, por mais que ele tenha aparecido em uma novela aqui e em outra novela ali, a presença dele na Família Trapo, que é vista até hoje, ele com o Golias, com o Jô Soares, é o grande momento dele na televisão", completa.

Pelé também atacou de cantor e compositor, gravando com Elis Regina, Sérgio Mendes e Jair Rodrigues, e segue explorando seus talentos musicais até hoje, tendo lançado na última terça-feira a música "Acredita no Véio", com o duo mexicano Rodrigo y Gabriela.

"Em 1969, um compacto simples, tabelinha Pelé e Elis. Música de um lado e música de outro lado, as músicas "Vexamão" no lado A e "Perdão Não Tem Vez" no lado B, foi um dueto com a Elis Regina. Em 1977, um LP com Sergio Mendes e Brasil 66 foi gravado nos Estados Unidos e destaque para Meu Mundo é uma Bola, que no disco ele canta com a Gracinha Leporace. Ele canta também "O Nascimento", "Voltando a Bauru" e "Cidade Grande", essa com a parceira com o Jair Rodrigues, que é a única música que teve um relativo sucesso do Pelé", conta Helvidio.

Mas o sucesso que fez nos gramados ficou distante de Pelé na carreira musical, assim como no seu período como comentarista de futebol e suas previsões de Colômbia campeã mundial em 1994, além da aposta em jogadores que não vingaram.

"O Pelé como comentarista de futebol foi péssimo. Uma vez ele disse que o grande jogador do futebol carioca seria um ponta-esquerda do Campo Grande chamado Luís Paulo, que até o Flamengo contratou depois e não deu em nada esse Luís Paulo. Depois, se eu não me engano, falou que era a Colômbia que ia ganhar a Copa", diz Trajano.

"Pelé fora de campo, no cinema e na música não foi aquele Pelé, porque também exigir que o Pelé fosse na música e no cinema o Pelé que foi no campo, ele seria na música melhor que o Tom Jobim e no cinema mais ator que o Michael Caine", conclui o jornalista.