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Di Grassi rebate Hamilton e causa na Corrida do Milhão: "Não me arrependo"

Lucas Di Grassi, durante a Corrida do Milhão - Duda Bairros/Vicar
Lucas Di Grassi, durante a Corrida do Milhão Imagem: Duda Bairros/Vicar

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

27/08/2019 04h00

Os últimos dias de Lucas Di Grassi foram bastante agitados. No Brasil para a disputa da "Corrida do Milhão" da Stock Car, o piloto brasileiro virou assunto duas vezes. Na primeira, rebateu Lewis Hamilton e defendeu que muitas das informações envolvendo as queimadas na Amazônia eram "fake news". Depois, se recusou a cumprir uma punição na corrida realizada em Interlagos.

"Foi uma semana polêmica que eu tive. Mas não me arrependo de nada até agora", disse ao UOL Esporte.

Em suas redes sociais, Di Grassi postou um texto em inglês pedindo para pararem de "espalhar fake news e criar o caos". A publicação aconteceu no mesmo dia em que Lewis Hamilton postou um texto lamentando as queimadas.

"A gente está só tentando racionalizar. Como pessoa pública, a gente tem uma obrigação de postar algo que possa mais informar a população de uma forma correta do que gerar fake news. Nessa história da Amazônia, houve muita fake news. 80% da postagem do Hamilton era fake news", prosseguiu.

De acordo com dados do Programa Queimadas do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), dois em cada três focos de queimada registrados em agosto ocorreram na Amazônia. O percentual em relação a outros biomas é o maior entre os meses de agosto desde o início da medição, em 2003.

Até então, a Amazônia nunca tinha respondido nem sequer por metade dos incêndios do país nos meses de agosto monitorados pelo Inpe. O maior percentual tinha ocorrido em 2005, quando 46% das queimadas atingiram a Amazônia. Em todos os anos passados --pela sua característica climática e de vegetação--, o cerrado era o líder em queimadas. Em 2018, por exemplo, o bioma respondia por 60% dos focos em agosto --à Amazônia correspondia apenas 20% do total.

"O Brasil está muito polarizado, é difícil você emitir uma opinião sem que ela vire uma opinião política. Essa é a dificuldade que a gente tem hoje. Nesse quesito da Amazônia, já saiu jornalista falando que sou 'bolsominion', aí outro vem e defende. Meu feed virou uma briga ideológica", lamentou.

Atitude na "Corrida do Milhão" rendeu críticas

Lucas Di Grassi ultrapassa Ricardo Maurício na Corrida do Milhão - Reprodução - Reprodução
Lucas Di Grassi ultrapassa Ricardo Maurício na Corrida do Milhão
Imagem: Reprodução

O dia de maior polêmica do piloto no Brasil aconteceu domingo (25). Largando na pole position na "Corrida do Milhão", da Stock Car, o piloto perdeu a liderança para o companheiro Ricardo Maurício, mas se aproximou para ultrapassá-lo na 19ª volta.

Na reta principal de Interlagos, Di Grassi colocou o carro de lado e usou uma parte proibida da pista, na entrada dos boxes, para fazer ultrapassagem. A comissão de prova decidiu punir o piloto com uma parada no pit-stop, o que ele se recusou a fazer e acabou desclassificado.

"A repercussão foi bem grande pela polêmica, muito grande, até negativa. Eu cheguei como convidado da Corrida do Milhão, usando o carro reserva. Fiz a pole, dominei grande parte da corrida e fiz uma ultrapassagem polêmica. Mas me diverti. Espero que o público tenha se divertido também", afirmou.

Em uma live em seu Instagram ontem (25), Di Grassi admitiu ter ignorado o pedido da equipe para parar nos boxes e cumprir a punição. "O que eu peço desculpas para o público é o de não ter acatado a punição e ter feito o drive-through. Eu não ia fazer o drive-through. Se eu fosse parar, pararia no boxe. A equipe mandou eu parar, eu que não quis parar mesmo".

Mesmo com a repercussão, Di Grassi disse ao UOL Esporte não temer que a polêmica na Stock Car deixe uma imagem negativa dele com o público brasileiro. "Não temo, não. Foi a minha decisão. Quem concorda, ótimo. Quem não concorda, pode discordar. Se não quer torcer para mim, não precisa. Quem quiser, pode torcer. Não sou o tipo de piloto que vai ser o cara neutro. De alguma forma, uma polêmica vai ser gerada", completou.

Lucas Di Grassi foi convidado para a corrida mais popular da Stock Car, que dá o prêmio de R$ 1 milhão ao vencedor. Mas o brasileiro é piloto fixo da Fórmula E, categoria em que foi campeão na temporada 2016/17.