Topo

Disputa na família Grael é atração da seletiva de vela em Brasília

Do UOL Esporte

Em São Paulo

23/02/2010 07h01

Uma disputa entre Torben e Lars Grael não é novidade. Há anos os irmãos Grael, a família de maior sucesso no esporte olímpico nacional, veleja na mesma classe, a Star. Desta vez, porém, a disputa é direta por uma vaga na equipe brasileira de vela, que representará o país em campeonatos no exterior em 2010. A disputa dos irmãos é uma das atrações da Pré-Olímpica de vela, que começa nesta terça-feira, em Brasília.

DUELO DE ESTRELAS NA STAR REÚNE MEDALHISTAS COM 15 PÓDIOS OLÍMPICOS

Marcelo tem três medalhas, duas de ouro. Torben, 5 Lars é dono de 3 bronzes, conquistados na Tornado Prada é prata em Pequim. Scheidt tem 4 medalhas

Medalhistas de bronze no Mundial do Rio, disputado no mês passado, Torben e Marcelo Ferreira estão fora, oficialmente, da equipe olímpica desde Pequim-2008. O afastamento da classe Star, porém, é anterior: desde o ouro em Atenas-2004, os dois competiram poucas vezes na Star, por compromissos em outros barcos. Juntos, os dois foram terceiros colocados na regata de volta ao mundo Volvo Ocean Race em 2006 e Torben foi campeão da mesma competição em 2009.

Desta vez, os dois devem tentar, com maior empenho, conciliar o calendário olímpico com o dos barcos grandes. “O futuro na Star não está definido, mas o terceiro lugar no Mundial do Rio foi um incetivo. Quem sabe não retomamos a campanha olímpica?”, avisa Torben.

Para isso, os dois terão de passar por Lars e Ronie Seifert, os atuais titulares da classe na equipe brasileira. Os dois terminaram em quarto lugar no Mundial do Rio e foram terceiros no Mundial de 2009, disputado na Suécia. Além disso, nesta semana assumiram o quarto lugar no ranking mundial da classe. “A subida no ranking reflete o ótimo ano que tivemos em 2009 e o nosso desempenho nos dois últimos mundiais. Para nós, é um grande incentivo e só nos dá mais confiança para seguir nossa campanha olímpica”, diz Lars.

Esta será a primeira vez que os dois irmãos se enfrentam diretamente por um lugar na equipe olímpica. Ouro em 2004, Torben e Marcelo tinham lugar cativo na equipe em todo o ciclo para Pequim. Como não disputaram os Jogos de 2008, a dupla agora terá de conquistar, anualmente, seu lugar no time. No ano passado, Torben disputava a Volvo Ocean Race quando a seletiva foi disputada.

Os dois, porém, não são as únicas atrações da classe. Robert Scheidt e Bruno Prada, vice-campeões olímpicos e vice-líderes do ranking mundial, já têm vaga garantida no time, mas vão disputar a seletiva. “Vamos competir sem pressão. Mas é o último torneio no Brasil no primeiro semestre e é importante fazer o melhor possível”, fala Scheidt. Os dois vêm de um resultado que ficou longe do esperado: no Mundial do Rio, terminaram em 9º lugar, atrás de três duplas brasileiras (Torben/Marcelo, Lars/Seifert e Alan Adler/Guilherme Almeida, que estão fora da seletiva).

NAS OUTRAS CLASSES, DISPUTA ENTRE PIONEIRAS DA VELA BRASILEIRA

Fernanda Oliveira agora veleja com Ana Barbachan. São bicampeãs brasileiras Isabel Swan apostou na campeã mundial de 420, Martine, do clã Grael e filha de Torben

Menos estreladas, as outras classes da seletiva também prometem emoções. A maior disputa deve ficar na 470 feminina, com um “match race” (competição barco contra barco) entre as duas primeiras brasileiras a subir no pódio olímpico. Bronze em Pequim-2008, Fernanda Oliveira e Isabel Swan se separaram após as Olimpíadas.

Enquanto Fernanda tem uma nova proeira, Ana Barbachan, com quem conquistou os brasileiros da classe em 2008 e 2009, Isabel trabalha com uma nova timoneira. A escolhida foi a caçula do clã Grael, Martine, campeã mundial da juventude na classe 420, barco parecido com o 470. “Estamos bastante entrosadas. Competimos juntas em Miami (na semana olímpica americana, em que terminaram em 10º lugar) e podemos classificar a dupla”.

A situação da classe é inusitada. Com a separação, a timoneira Fernanda já garantiu o seu barco na equipe olímpica. Já Isabel só terá apoio total da Confederação se vencer a seletiva. Mesmo se perder o duelo contra a ex-parceira, porém, deve receber ajuda individual neste ano.

Outra classe que terá apenas dois barcos na raia – e um integrante da família Grael lutando pela vitória – é a 49er. André Fonseca, que foi a três Olimpíadas, treina desde o ano passado com Marco, filho mais velho de Torben e irmão de Martine. Os dois são os favoritos a ficar com a vaga. A outra dupla na disputa é Rodrigo Monteiro e Filipe Novello.

Na classe RS:X masculina a disputa também é restrita: quinto colocado nas Olimpíadas de Pequim-2008 e vice-líder do ranking mundial, Ricardo Winicki, o Bimba, disputa com seu pupilo, Albert Carvalho, que começou a velejar com equipamento emprestado pelo veterano. Bimba, porém, não está tão confiante. O culpado é o Lago Paranoá, onde serão disputadas as regatas, e seu regime inconstante de ventos: “Sou um velejador forte fisicamente e não costumo ir bem em ventos fracos”.

As outras classes em disputa são a Laser, a Laser Radial, a RS:X feminina, a 470 masculina, a Finn e o match race feminino. A Pré-Olímpica termina no domingo.