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Enxadrista suspeito de trapaça processa nº 1 do mundo e site em R$ 520 mi

Magnus Carlsen (esq.) foi derrotado por Hans Niemann (dir.) durante partida de xadrez em setembro - Crystal Fuller / Grand Chess Tour
Magnus Carlsen (esq.) foi derrotado por Hans Niemann (dir.) durante partida de xadrez em setembro Imagem: Crystal Fuller / Grand Chess Tour

20/10/2022 19h56

O americano Hans Niemann, grande mestre de xadrez que está no centro de um suposto escândalo de trapaças, processou o campeão mundial Magnus Carlsen, atual número 1 do mundo, a plataforma online Chess.com e outros por calúnia e difamação. Ele pede ao menos 100 milhões de dólares (cerca de R$ 520 milhões) em indenizações.

O processo, aberto em um Tribunal Distrital dos EUA, no Estado do Missouri, também lista como reús a plataforma de xadrez online de Carlsen, Play Magnus, que está sendo comprada pelo Chess.com, o executivo do Chess.com Danny Rensch e o grande mestre americano Hikaru Nakamura.

Niemann, de 19 anos, afirmou que os réus estão conspirando para colocá-lo na lista de atletas malvistos no mundo do xadrez profissional e que ele foi evitado pelos organizadores de um torneio desde que o pentacampeão mundial Carlsen o acusou publicamente de trapacear.

No mês passado, o americano foi acusado de trapacear na surpreendente vitória contra Carlsen na Sinquefield Cup, um torneio nos Estados Unidos. A derrota acabou com a invencibilidade de dois anos do norueguês. Foram 53 partidas sem perder.

Depois da partida, algumas teorias foram criadas para acusar o americano de trapacear. A mais inusitada diz que Niemann trapaceou usando plugues anais eletrônicos conectados a um computador que lhe permitiriam receber os movimentos a serem realizados através de vibrações em código Morse. Após a derrota, Carlsen se retirou da competição e depois acusou o rival de ter trapaceado mais vezes do que admitiu, o que provocou um furor de comentários e alegações, inclusive de Nakamura, de que o americano de 19 anos havia trapaceado.

Após a Sinquefield Cup, o enxadrista reconheceu que trapaceou em jogos de xadrez on-line quando era mais novo, aos 12 e aos 16 anos. Porém, depois da vitória polêmica de Niemann contra Carlsen, o jornal The Wall Street Journal teve acesso ao relatório de uma investigação feita pelo Chess.com que apontou sinais de trapaça em mais de 100 partidas on-line do americano até 2020.

A investigação demonstrou que Niemann provavelmente recebeu ajuda em 112 partidas, muitas realizadas em torneios que distribuíram premiações em dinheiro. O relatório não chegou a uma conclusão se o enxadrista trapaceou em partidas presenciais.

Em um comunicado sobre o processo movido pelo americano, os advogados do Chess.com disseram que não havia mérito nas alegações de Niemann e que a empresa estava triste por sua decisão de tomar medidas legais.

"Hans confessou publicamente ter trapaceado on-line após a Sinquefield Cup, e as consequências resultantes são de sua própria autoria", diz o comunicado.

"A Chess.com espera acertar as contas em nome de sua equipe e de todos os jogadores de xadrez honestos."