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Diretor de "Senna" apresenta documentário sobre Maradona em Buenos Aires

Diego Maradona, durante passagem pelo Napoli - Reprodução
Diego Maradona, durante passagem pelo Napoli Imagem: Reprodução

20/09/2019 18h28

O britânico Asif Kapadia, que dirigiu "Senna" (2010), apresentou nesta sexta-feira em Buenos Aires um documentário sobre outra lenda do esporte, Diego Maradona, em uma festa que teve a presença de pessoas próximas ao astro argentino, mas não do próprio ex-jogador.

Kapadia, que em 2016 ganhou um Oscar pelo documentário sobre a cantora Amy Winehouse, conseguiu aproximadamente 500 horas de material audiovisual inédito sobre o campeão do mundo pela Argentina em 1986, sobretudo da passagem pelo Napoli.

O filme, de pouco mais de duas horas de duração, teve estreia em vários países e foi apresentado no Festival de Cannes neste ano, mas não será exibido em cinemas de Brasil, Argentina, nem nenhum país da América Latina.

Alguns poucos privilegiados, entre os quais estavam o ex-preparador físico de Maradona Fernando Signorini, o seu biógrafo, Daniel Arcucci, e vários jornalistas, foram convidados à apresentação exclusiva em uma das salas de um cinema de Buenos Aires. Após a projeção, Kapadia concedeu entrevista coletiva junto com a produtora Lina Caicedo.

O britânico disse que decidiu se concentrar nos anos que Maradona passou em Nápoles porque, segundo ele, é a principal história da vida de 'El Pibe'.

"Ele permaneceu por sete anos jogando por um clube, algo que nunca fez antes nem depois. Nunca ficou em um lugar por tanto tempo", destacou, que ressaltou que Maradona chegou ao Napoli pressionado por ser o melhor jogador do mundo e correspondeu à expectativa.

"Vai para uma equipe que nunca havia sido campeã nacional, e ganha a Copa do Mundo, duas edições do Campeonato Italiano, e se torna o melhor jogador do mundo. Mas os seus problemas pessoais também começaram quando estava em Nápoles", resumiu.

O documentário não esconde a dependência de cocaína de Maradona nem os seus vínculos com a máfia. Também são expostos e contextualizados os problemas familiares, com a imprensa e judiciais.

Para Kapadia, Maradona saiu de Nápoles como uma pessoa diferente da qual chegou e tudo que ocorreu em sua vida antes ou depois é uma repetição, ou uma "miniversão", do que lhe ocorreu na cidade italiana.

O diretor britânico considera que ao retratar a vida do agora treinador de 58 anos geralmente o foco é colocado nas Copas do Mundo.

"Eu não sabia o que tinha acontecido no meio, entre as Copas do Mundo de 1982 e 1986. Isto é antes da internet, dos podcasts ou das coberturas internacionais sobre futebol. Tudo que vi de Nápoles para mim era novo e pensei: 'Talvez tenhamos nos esquecido de quem foi, então vamos lembrar às pessoas o quão incrível ele era e o quanto o futebol era diferente", comentou."

O diretor também revelou que em breve será publicada uma versão estendida com uma hora extra com imagens inéditas sobre a juventude do astro do futebol.

Lina Caicedo, por sua vez, deu detalhes de como foram os encontros com Maradona para a produção do filme. Segundo ela, nem sempre o ídolo estava de bom humor.

"Fomos várias vezes falar com ele. Ele sempre foi muito cortês, mas dependia do seu estado de ânimo. Às vezes estava muito lúcido, engraçado e com muita energia, mas outras vezes a entrevista terminava com 20 minutos porque não queria falar ou não queria falar de certas pessoas", revelou a produtora.

"Levou muito tempo para Asif poder criar essa confiança. Tentamos mostrar-lhe o filme, mas por várias razões não foi possível. Para ele, vai ser uma coisa muito pessoal, vai ter de vê-lo sozinho. Vai ser muito emotivo para ele, há muitos arquivos da sua vida que ele nunca viu", acrescentou.