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Mackenzie Dern se espelha em Werdum para fazer história no MMA

Divulgação/War Tribo
Imagem: Divulgação/War Tribo

20/10/2016 07h00

Filha de brasileiro nascida nos EUA, Mackenzie Dern cresceu em meio a facilidades que lhe garantiram rápido destaque no mundo das lutas para que, aos 23 anos, com inúmeras conquistas na arte suave e apenas duas lutas de MMA, ela já se destacasse como uma das grandes promessas do esporte dos últimos tempos. Além da dupla cidadania – que agilizou viagens e possibilitou que ela representasse, dependendo da competição, hora uma nação, hora outra -, o apoio desde a infância do pai Wellington ‘Megaton’ faixa preta de judô e jiu-jitsu criaram o cenário perfeito para isso.

Como a atleta deixa claro sempre que pode, seus primeiros passos foram em academias. Ainda bebê, era normal para a jovem Mackenzie acompanhar Megaton em seminários e treinos e, para distração, assistir televisão deitada no tatame que anos mais tarde se tornaria seu habitat natural.

“Desde que eu nasci meu pai tinha academia de jiu-jitsu. Nem me colocava para treinar, mas eu ficava vendo filme no tatame enquanto ele dava aula. Era criança, mas eu ficava vendo e escutando as aulas também. Aí, com uns três anos, ele começou a me ensinar como caía, como fazer rolamento. Então foi mais fácil aprender e me adaptar depois”, narrou, em conversa exclusiva com a reportagem da Ag. Fight.

E com essa estrutura, Mackenzie rapidamente evoluiu a ponto de desenvolver um dos jogos mais consistentes na arte suave. Mundiais, Copas do Mundo e Pan-Americanos, com e sem kimono, fazem parte de suas conquistas como faixa-preta. E como não é novidade no mundo dos esportes, a velocidade com que ela chegou ao topo a motivou em busca de novos desafios.

Dessa forma, nada mais natural do que testar suas habilidades na arte suave em um combate real no mundo do MMA. A transição, iniciada ainda no tempo do vale-tudo pela família Gracie, deve levar um tempo para que se torne natural à atleta que, ao que parece, já parece animada o suficiente com as duas vitórias no cage para mirar voos cada vez mais altos, assim como fez o veterano Fabrício Werdum, ex-campeão peso-pesado do UFC.

“Não que ser campeã mundial é algo comum, é difícil e exige muito esforço, mas a memória no mundo do jiu-jitsu é curta. Até alguém como o Rafael Mendes, que tem vários títulos mundiais, se parar hoje em dez anos será esquecido. O pessoal estará em outra geração e vão ficar de olho em quem vencer no momento. Não queria treinar a vida inteira para ser só mais uma, quero ser lembrada. Por isso me inspirei muito no Werdum, que tem mundial na faixa preta, no ADCC e o cinturão do UFC. Ele alcançou um público muito maior. Quero ser lembrada e ajudar a fazer o jiu-jitsu crescer levando ele para o MMA, como fizeram o Royce, Werdum e Demian”, garantiu em discurso audacioso.

Migração para o MMA

Curiosamente, quando tudo parecia perfeito para que sua carreira nas artes marciais mistas começasse, foi justamente seu pai que se posicionou contrário à prática. Talvez por excesso de zelo e proteção, Megaton refutou às primeiras investidas da filha, que agora adicionaria golpes traumáticos, como socos e chutes, à sua rotina diária de treinamento.

“Meu pai sempre me apoiou no jiu-jitsu, mas ele nunca foi muito a fim de eu lutar MMA . Ele era contra, falava que eu era muito bonita para levar soco na cara . Mas agora ele está confortável com a ideia. Viu que eu estou levando a sério, treinando muito. Ele ficou com medo de ver a filha levando soco, mas treino muito para que isso não aconteça. Mas ele sempre investiu na minha carreira, me levava nos campeonatos e seminários com ele, me ensinava a como dar aula e a falar com as pessoas. Foi a melhor coisa que poderia me acontecer”, relembrou, antes de apontar a responsabilidade em representar o nome do pai nas competições como algo que acelerou o seu processo de amadurecimento.

“Eu cresci sendo a filha do Megaton, então sempre teve expectativa de que eu seria judoca como meu pai. Desde a faixa azul eu já tive mais mídia do que o normal para a época. Minha vida inteira teve essa expectativa, já estou tão acostumada que nem ligo. O público vai ver com o tempo que não são assim as coisas, tenho consciência disso”, declarou.

UFC

Peso-palha (52 kg) do Legacy, Mackenzie fez apenas duas lutas contra rivais pouco gabaritadas. Um processo normal para quem está iniciando no esporte. Com vitórias tranquilas, incluindo a última que contou com uma finalização incomum no MMA (um estrangulamento partindo de um ataque de omoplata), a lutadora viu seu nome ser apontado mais uma vez como destaque no esporte.

E, embora ela mesma garanta que são muitos os degraus a serem conquistados, desde o aprendizado de novas técnicas até duelos contra rivais mais gabaritadas, Mackenzie deixa escapar que tem certa pressa para realizar o sonho de competir no UFC.

“Meu plano é estrear no UFC no ano que vem. Tenho vontade de fazer outras lutas antes, claro. Meu nível no jiu-jitsu me ajuda ainda. Ainda têm meninas mais cruas nesse nível em que estou, mas já já vou enfrentar meninas mais agressivas em pé e com melhores defesas no chão. Quero continuar esse processo e preciso ter paciência. Não fiz nenhuma luta amadora, fui direto para o profissional. O ruim é que eu quero chegar lá, mas preciso me segurar. Preciso evoluir minha técnica em pé nessa mesma velocidade até chegar lá. Vamos ver ”, finalizou, sempre otimista e confiante.

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